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O Dr. Arnaldo Tavares, dermatologista, professor fundador da Faculdade de Medicina da Paraíba, morreu há 28 anos, tempo bastante para...

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O Dr. Arnaldo Tavares, dermatologista, professor fundador da Faculdade de Medicina da Paraíba, morreu há 28 anos, tempo bastante para vertiginosas transformações no comportamento e na vida de todos os povos. Uma delas: no seu tempo o sujeito ou objeto mais direto e principal do exame médico era o doente, a pessoa do doente e o seu físico, a apuração anamnésica, vindo depois os exames, a prioridade de hoje.

Dou com a televisão propagando o amanho de uma família de pequenos agricultores, creio que dos nossos tabuleiros mais próximos, empenhada n...

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Dou com a televisão propagando o amanho de uma família de pequenos agricultores, creio que dos nossos tabuleiros mais próximos, empenhada no cultivo da mangaba. E me ocorre uma lembrança com tudo para ser exagero: a nervosa euforia de Ari Cunha, calmo e veterano editor do Correio Brasiliense dos anos 70, vindo atrás das mangabas de feira que ele papava direto do balaio, sem afrouxar a gravata, instantes depois de deixar a pista do aeroporto Castro Pinto.

Não é fácil tirar os olhos de Manaus. Já ficou muito mais distante, quando Chico Avelino, meu avô, saiu de burra do Riachão entre Areia e ...

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Não é fácil tirar os olhos de Manaus. Já ficou muito mais distante, quando Chico Avelino, meu avô, saiu de burra do Riachão entre Areia e Alagoa Nova até alcançar a Serra do Cuité, e de lá juntar-se aos cearenses da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do próprio Ceará para se afundarem ou se afogarem nas águas e seringais ilusórios do Amazonas.

Nesse tempo, o que fosse do Norte era cearense. “Baiano” e “paraíba” vieram bem depois. O Ceará, da primeira academia de letras, de onde saiu o primeiro romance da seca, emplacava toda a região que, nas primeiras décadas do século XX, passou a se chamar Nordeste. Depois de 1922, já sob a onda da revolução modernista, ainda eram do Norte os que ousaram se estabelecer por conta própria, como José Américo. “São os do Norte que vêm!” - gritaram do Rio e de São Paulo.

Manaus sentada às margens do Rio Negro, respirando o ar da maior floresta do mundo e morrendo por falta de oxigênio. Acabaram os supriment...

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Manaus sentada às margens do Rio Negro, respirando o ar da maior floresta do mundo e morrendo por falta de oxigênio. Acabaram os suprimentos, remediados com urgência urgentíssima dos estoques vizinhos e dos que a cidade de São Paulo pôde mandar de avião. O intérprete da opinião da Globo, William Bonner, atinge o patético. Quatrocentas ou quinhentas pessoas estão pelos corredores sem ar e sem mais esperança de atendimento.

Flávio Ramalho de Brito envia-me crônica de 45 anos atrás, lembrança do que senti com a morte de Raiff Ramalho, seu tio, que faria 100 nes...

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Flávio Ramalho de Brito envia-me crônica de 45 anos atrás, lembrança do que senti com a morte de Raiff Ramalho, seu tio, que faria 100 nesse 10 de janeiro. Por Raiff e por mim mesmo, peço ao leitor aceitá-la como matéria de hoje, com o mínimo de supressões:

Coube ao governo do professor Tarcísio Burity dirigir as exéquias do 10 de março de 1980, quando a cidade se deu conta do que acabara d...

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Coube ao governo do professor Tarcísio Burity dirigir as exéquias do 10 de março de 1980, quando a cidade se deu conta do que acabara de ouvir pelo rádio, cedo da manhã, nas últimas palavras de um mito vivo, internado na antevéspera, José Américo, encerrando o discurso de toda uma vida: “Tudo.......consumado”.

Imitação é imitação. À entrada do ano que findou, o fatídico 2020, assisti de uma varanda alta, 16º ou 17º andar, suficiente para descorti...

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Imitação é imitação. À entrada do ano que findou, o fatídico 2020, assisti de uma varanda alta, 16º ou 17º andar, suficiente para descortinar a girândola concentrada à beira-mar, desde a estátua do Almirante à ponta do Cabo Branco.

A pretexto do Natal de luzes falsas, mais de venda que de louvor, sem que se apresente em tempo o ouro dos paus d’arco nem o fervor amoro...

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A pretexto do Natal de luzes falsas, mais de venda que de louvor, sem que se apresente em tempo o ouro dos paus d’arco nem o fervor amoroso dos abraços (comentávamos isso), José Octávio de Arruda Melo telefona para acrescentar o luto dos visionários com a morte de Balduíno Lélis.

Fica longe e faz muito tempo. Não me lembro, portanto, quem tenha me animado a pegar o giz e sair garatujando em portas e janelas a alegri...

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Fica longe e faz muito tempo. Não me lembro, portanto, quem tenha me animado a pegar o giz e sair garatujando em portas e janelas a alegria do Natal e novo ano.

Aumentou a fome. Mais de 3 milhões vieram juntar-se aos 10 milhões que já vinham esfomeados na pesquisa de 2018. Não é estatística do PT...

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Aumentou a fome. Mais de 3 milhões vieram juntar-se aos 10 milhões que já vinham esfomeados na pesquisa de 2018. Não é estatística do PT, é do IBGE, até agora insuspeitável em seus registros, seja em que governo for. “Mais de 10 milhões vivem em lares nessa situação” acrescenta.

Esperei que levantassem as portas do mercado, aqui na Torre, e saí atrás da macaxeira e do inhame. Do cará, que é mais em conta e cozinha ...

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Esperei que levantassem as portas do mercado, aqui na Torre, e saí atrás da macaxeira e do inhame. Do cará, que é mais em conta e cozinha melhor

Seja como for, Nilvan Ferreira não será mais o mesmo. Agrega em seu currículo de aparência política até bem pouco obscura a metade (menos...

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Seja como for, Nilvan Ferreira não será mais o mesmo. Agrega em seu currículo de aparência política até bem pouco obscura a metade (menos uma fração) do eleitorado de uma das capitais mais politizadas do país. Sem o prisma ideológico de um Boulos, de uma Marília Arraes ou de Manuela d’Ávila, lideranças novas que o pleito confirmou, o radialista que se destacava apurando pleitos há d ser considerado em qualquer situação ou composição futura.

Deu em A União, em reportagem de Francisco José, ter desabado parte da cobertura do mercado público de Campina Grande, agravando os probl...

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Deu em A União, em reportagem de Francisco José, ter desabado parte da cobertura do mercado público de Campina Grande, agravando os problemas de acessibilidade, segurança e infraestrutura. No dia seguinte, no mesmo jornal, Laura Luna vem com a mudança do Ponto de Cem Réis em feira de frutas, verduras, eletrônicos, panos de prato, açaí, brinquedos e o mais que coube.

Quantos problemas tem a cidade que o eleitor desse domingo vai confiar aos dois finalistas da corrida eleitoral? Quantos irão somar o maio...

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Quantos problemas tem a cidade que o eleitor desse domingo vai confiar aos dois finalistas da corrida eleitoral? Quantos irão somar o maior número com o mesmo problema? Melhor ainda: quantos, independente de seu problema ou de sua simpatia, vão aplicar o recurso do voto no problema do maior número?

Eu era rapazote quando vi falar nisso pela primeira vez. A roda formara-se na calçada de seu Antônio Leal da Fonseca, na hora do pão-cer...

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Eu era rapazote quando vi falar nisso pela primeira vez. A roda formara-se na calçada de seu Antônio Leal da Fonseca, na hora do pão-certeira, ele dono da padaria e prefeito. Bem mais alto que nós todos, a gravata solta ao vento, e os seus olhos de verde esmeralda dando um brilho incomum às suas palavras.

Nunca imaginei que, de repente, Iraci viesse influir com tanta evidência nas minhas considerações de experiência pessoal no trato com os m...

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Nunca imaginei que, de repente, Iraci viesse influir com tanta evidência nas minhas considerações de experiência pessoal no trato com os mistérios da vida. Iraci como está escrito, com i mesmo.

Quando a conheci - num instante para toda a vida - não deu para ver melhor seu rosto ou detalhes de suas feições. Ia com pressa, com alguma coisa a buscar, a fazer, sem dar ou sem ter chance ou lembrança de passar outra imagem da vida.

Cedo ainda da tarde, de volta pra casa, dou com as vistas num pichamento grosseiro, do pior mau gosto, na parede que ostentava a logomarca ...

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Cedo ainda da tarde, de volta pra casa, dou com as vistas num pichamento grosseiro, do pior mau gosto, na parede que ostentava a logomarca do jornal O NORTE. Paro sem querer, o olhar no estrago a puxar pelo olhar mais generoso.

Sem dono, cercado de basculho, o mato cobrindo uma colmeia de muitos significados, e eu me vendo de repente no ânimo de cinquenta anos atrás, indo e vindo a medir o terreno de fruteiras que teríamos de derrubar, como se fosse para mim, destinado à sede moderna do futuro jornal em off set.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia elegeu a arte de Flávio Tavares como forma de reavivar no rosto de cada um dos seus protagonistas o...

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A Sociedade Brasileira de Cardiologia elegeu a arte de Flávio Tavares como forma de reavivar no rosto de cada um dos seus protagonistas o progresso dos estudos e conquistas da medicina brasileira em seus 100 anos de atuação e congraçamento.

Não sei onde estava que não mereci o convívio literário de um leitor e escritor de tantas afinidades, morando tão perto das minhas moradas...

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Não sei onde estava que não mereci o convívio literário de um leitor e escritor de tantas afinidades, morando tão perto das minhas moradas espirituais e, aqui e ali, liberando franquezas que seriam minhas se não fora a timidez. Um exemplo: minha resistência ao best-seller, que não chega a ser incomum entre os impaludados das velhas letras. E como sobro ouvindo coisas das quais não faço a menor ideia. Outra, a minha dificuldade em ler a aclamadíssima Clarice Lispector, escrevendo para o mundo mas “vivendo em sua redoma”, como bem vê Cony num texto em que vem à luz Maura Lopes Cançado, cuja obra é vista por Ferreira Gullar como “um dos mais contundentes depoimentos humanos já escritos no Brasil”.

“Para escrever bem é preciso uma facilidade natural e uma dificuldade adquirida”. Não lembro onde li. Mas é o que vejo na crônica aparentem...

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“Para escrever bem é preciso uma facilidade natural e uma dificuldade adquirida”. Não lembro onde li. Mas é o que vejo na crônica aparentemente fácil de Luiz Augusto de Paiva, bom contador de história, paraibano depois de nascido em São Paulo, trazendo de lá, com botas de sete léguas, a soltura de Brás, Bexiga e Barra Funda a se confluir nas mesmas águas do rio Paraíba do nosso Zé Lins. Às vezes é crônica, outras é conto, num caso e noutro a prosa solta, sem amarras adquiridas, o leitor sem notar que está mergulhado.

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Adam Cain
No começo da semana meteu-se com dois meninos de praia que não passavam dos sete anos, os meninos atrás do cachorrito e o grandão do Paiva atrás deles. Atrás nos passos, no brechar da janela, nos mandados do menino que ele deve ter sido. Uma verdadeira perseguição de ternura.

E o leitor não fazendo por menos ou fazendo do jornal sua praia por conta da prosa solta, livre e sempre lírica desse narrador seguro que lembra o nosso Anco Márcio, que era mais preso, esquecido por nós que organizamos a última coletânea de prosadores paraibanos, inciativa da SEC do tempo de Neroaldo. Mas o esforço de Anco para atingir o pueril não saía tão disfarçado.

Escrevendo como se não escrevesse, apenas contasse, Luiz Augusto de Paiva traz de suas nascentes o conto-crônica que aqui se inaugurou com Silvino Lopes, nos anos 1940, nesta mesma A União que o contribuinte paga sem sentir, talvez nem muito consciente de sua obediência a um ditame de raiz. Desde o segundo decênio do século passado que a leitura, quando exigência do espírito, vem sendo liderada pelo jornal de Gama e Melo, Carlos Dias, José Américo e a descendência que os tomou como exemplo.

Foi onde Paiva veio deitar e bordar. Houve outro paulista ou paulistano, primeiro gerente da Santista no nosso Distrito Industrial, que comprava A União, menos pela notícia disputada por dois ou três outros diários, como para se identificar com o comportamento do paraibano. Chamava-se Armando Abreu, gostava de árvores, e no tempo em que a Torre era mais de casebres que de lojas comerciais, foi nela que escolheu sua morada, olhando para as biqueiras de Carlos Romero.

Paiva saiu da Barra Funda, do Brás, da Bexiga para vir se aninhar entre os meninos que somos todos nós, de 7 a 80 anos, todos capazes de botar luto porque a Chiquita comeu o que não devia e morreu. Foi um trabalho danado para o grandalhão dar a notícia aos meninos seus colegas.


Gonzaga Rodrigues é escritor e membro da APL