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A Fundação Joaquim Nabuco está se associando aos 80 anos que a nossa Academia de Letras comemora, este ano, precisamente no 14 de setembro...

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A Fundação Joaquim Nabuco está se associando aos 80 anos que a nossa Academia de Letras comemora, este ano, precisamente no 14 de setembro. Com esse congraçamento, desde março expresso pelo seu presidente, Antônio Campos, à professora Ângela Bezerra Castro, a data se inscreve entre os acontecimentos culturais do Nordeste. A Fundaj nos cede espaço a uma série de conferências

O leite era escasso. O que remiu o lactente de 87 anos atrás foi a cabra preta de seu Emídio, morador com casa um pouco acima da várzea de...

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O leite era escasso. O que remiu o lactente de 87 anos atrás foi a cabra preta de seu Emídio, morador com casa um pouco acima da várzea de cana. Como todo dono de engenho, meu pai pagava mal os dias de sujeição da semana, mas com ele cada morador tinha seu hectare de subsistência. Farinha é que não faltava. Outra: “Comida de panela não faz o gosto desse menino” – era o que eu mais ouvia. Talvez fosse a falta de gosto ou o mesmo gosto da carne que minha mãe torrava.

A pequena mercearia num bairro pobre de Cajazeiras e a rica intuição do merceeiro, pai de Nonato Guedes, respondem, não há dúvida, pela pa...

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A pequena mercearia num bairro pobre de Cajazeiras e a rica intuição do merceeiro, pai de Nonato Guedes, respondem, não há dúvida, pela parte que viemos ter, paraibanos de todas as latitudes, com esses três Guedes do jornalismo, das letras e da cordialidade. Tem a parte deles, sem dúvida, mas como está no livro, “há um chamado que todo homem experimenta, seja no interior da própria consciência, seja graças à convocação que vem de fora dele, por meio de outras pessoas e até de causas naturais, como a ecológica.” A gotinha seminal, exposta a influências, pode ser ajudada ou perturbada.

Era fim de ano de 1953, uma manhã de redação só animada pelos sinais de radiotelegrafia do noticiário. Eu estava sozinho antecipando o not...

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Era fim de ano de 1953, uma manhã de redação só animada pelos sinais de radiotelegrafia do noticiário. Eu estava sozinho antecipando o noticiário nacional da Meridional, a agência Associada, enquanto Felizardo Montalverne, o supervisor trazido de Fortaleza, era aguardado para o fechamento da página que ao meio-dia entraria em composição. Era o tempo do jornal quente com linhas fundidas em estanho e chumbo, que eu vi com um misto de espanto e milagre ao encarar a linotipo.

Newton Leite, que nos deixou na última segunda-feira, aos 84 anos, foi uma das minhas surpresas quando fez de um projeto difícil, com a co...

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Newton Leite, que nos deixou na última segunda-feira, aos 84 anos, foi uma das minhas surpresas quando fez de um projeto difícil, com a complexidade que sugere a implantação de um hospital-escola num meio precário de recursos e de apoio técnico, uma vitoriosa realidade. Refiro-me ao Hospital Universitário, iniciado no reitorado do capitão Guilardo e franqueado ao grande público na gestão de Lynaldo Cavalcanti.

A subestima não é grave erro apenas para os que tendem a avaliar desse modo as forças do inimigo, como exemplifica o dicionário Aurélio an...

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A subestima não é grave erro apenas para os que tendem a avaliar desse modo as forças do inimigo, como exemplifica o dicionário Aurélio antigo. Deixar de ler um livro que se recebe ou de passar-lhe as vistas, se não constitui erro grave, resulta às vezes em prejuízo. Menos para o autor do que a quem é dedicado.

Desde muito, Bené Siqueira (na trilha em intervalo das figuras de Kleber Cruz Marques e Walter Rabello dos meus breves tempos de Liceu) s...

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Desde muito, Bené Siqueira (na trilha em intervalo das figuras de Kleber Cruz Marques e Walter Rabello dos meus breves tempos de Liceu) se impõe no meio escolar entre os melhores professores de Matemática, daqueles que conseguem abrir a cabeça mais obtusa para a intimidade com a disciplina.

O IBGE editava, até 2019, uma revista de poucas páginas, RETRATOS, dirigida aos jovens, que traduzia o essencial para o universo de inter...

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O IBGE editava, até 2019, uma revista de poucas páginas, RETRATOS, dirigida aos jovens, que traduzia o essencial para o universo de interesses de uma mente em formação sobre o espaço em que habita. Traduzia com as palavras do cotidiano o que a estatística apurava em sua linguagem técnica de leitura não muito fácil a quem não é do ramo.

De repente me vejo passando pela calçada de chão batido do pequeno chalé do antigo Centro Espírita, em Jaguaribe, o vermelho das papoulas ...

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De repente me vejo passando pela calçada de chão batido do pequeno chalé do antigo Centro Espírita, em Jaguaribe, o vermelho das papoulas cheias rivalizando seu brilho com os ramos amarelos das rainhas do prado derramadas no muro vizinho de Hermano José. E Hermano José sentado de través no vão da sua janela.

O presidente Jair Bolsonaro deveria seguir a maioria que já passou pela sua cadeira: pensar e cuidar do geral, cuidar de todos, e deixar ...

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O presidente Jair Bolsonaro deveria seguir a maioria que já passou pela sua cadeira: pensar e cuidar do geral, cuidar de todos, e deixar a gestão dos ministérios com os seus ministros. O que os ministros devem saber em particular resulta no saber do presidente. É lição da República de 1903, com Rodrigues Alves deixando a varíola, a bubônica, o cólera, a febre amarela com quem entendia disso. Fosse ele interferir no que não lhe competia não teria realizado um dos mais lembrados governos da República, vitorioso na campanha sanitária que impôs ao Rio, na urbanização da cidade de cortiços

Dou com Tristão de Ataíde em confissão de grande dívida para com a influência de Chesterton. Como sou grato a Tristão, desde muito, pelo...

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Dou com Tristão de Ataíde em confissão de grande dívida para com a influência de Chesterton. Como sou grato a Tristão, desde muito, pelos fundamentos e segredos que os cristais do seu ensaio traziam à rudeza de minha percepção , ponho-me agora a correr atrás de Chesterton. Impressionou-me a veemência da confissão. Como poderei bicar esse escritor e pensador de tamanha influência?

Octacílio de Queiroz cultivava e sabia muitas vezes mais do que pôde ou conseguiu escrever. Tive a fortuna do seu convívio de homem exempl...

Octacílio de Queiroz cultivava e sabia muitas vezes mais do que pôde ou conseguiu escrever. Tive a fortuna do seu convívio de homem exemplar e intelectual ativista, influente e participativo a partir de sua passagem pela direção de A União, no governo de Pedro Gondim. Gritava ordenando ou simplesmente conversando, até mesmo lendo e escrevendo. Não se empolgava calado. Deu um urro sozinho no gabinete, corri a ver o que era e era ele lendo Gilberto Amado a descrever a passagem de Carlos Dias Fernandes, de tamanco, chapéu de abas largas, uma sacola de compras na mão, atravessando airoso a calçada do Café Lafaiete no Recife. Não sabia segurar as emoções. Nem transigir nos seus códigos ou princípios. Fiquei lhe devendo até hoje, passados sessenta anos.

Num shopping sem muito alvoroço, facilitando o olhar para o que resta do Cabo Branco, permaneci umas duas horas num luxo cintilante de p...

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Num shopping sem muito alvoroço, facilitando o olhar para o que resta do Cabo Branco, permaneci umas duas horas num luxo cintilante de pavimento ocupado por consultórios médicos. Acabara de me desligar, em casa, do noticiário assustador exposto pela tragédia das enfermarias e UTIs em que o país se debate.

Em vez de pensar a morte nos lembremos da vida. E em seu início…

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Em vez de pensar a morte nos lembremos da vida. E em seu início…

“Lesse Paiva , hoje?!” – Seria Martinho Moreira Franco chamando de manhã para a crônica das quartas de Luiz Augusto de Paiva, no nosso ...

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“Lesse Paiva, hoje?!” – Seria Martinho Moreira Franco chamando de manhã para a crônica das quartas de Luiz Augusto de Paiva, no nosso jornal. Com qualquer um que acertasse ele fazia isto. Um lesse espontâneo, sem satisfação à gramática, ele a quem se confiava a mais segura revisão final de textos. Esse “ lesse hoje?” a deixar na saudade o tutear gramatical do decano dos decanos , Celso Mariz, único das minhas antigas e novas amizades a falar no modo certo sem sair do coloquial: “Leste quem, neste Carnaval?” Pergunta antiga em seu modom ortodoxo. Mas ficava bem, nele. Cumpria a rigidez dos tempos e dos modos sem a gente dar por ela. Só dávamos por sua simpatia com todos, com os da rua e os do seu clube, inspirando-me o desejo de usar chapéu só para o cumprimentar.

No cenário aflitivo enfrentado por todos os prefeitos e governadores mais próximos das tensões vividas por todos e do luto de milhões de...

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No cenário aflitivo enfrentado por todos os prefeitos e governadores mais próximos das tensões vividas por todos e do luto de milhões de famílias, e bem mais próximos dos heróis da Saúde como essa enfermeira, Edna Araujo, que A União entrevistou em pleno trabalho, assaltou-me a memória a leitura de um livro polêmico de Allyrio Wanderley, “As bases do separatismo”, escrito na ditadura de Vargas.

Fiquei parado, medindo cada palavra, cada gesto, a apreensão do olhar no apelo que o governador João Azevedo fez para as pessoas se cuida...

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Fiquei parado, medindo cada palavra, cada gesto, a apreensão do olhar no apelo que o governador João Azevedo fez para as pessoas se cuidarem.

A gente de origem urbana não sabe nem nunca saberá quão valioso é o privilégio de se conseguir e chegar a possuir, saindo da parede de no...

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A gente de origem urbana não sabe nem nunca saberá quão valioso é o privilégio de se conseguir e chegar a possuir, saindo da parede de nossa casa, uma torneira qualquer de metal ou de plástico.

Otinaldo não somente liderou como impôs a presença do rádio político entre os ouvintes de todas as classes aonde chegasse a sua Arapuan. ...

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Otinaldo não somente liderou como impôs a presença do rádio político entre os ouvintes de todas as classes aonde chegasse a sua Arapuan. A Tabajara de grandes estrelas e espetáculos não fazia esse gênero. Tive a percepção clara disso na eleição de outubro de 1965, Agripino versus Rui dependendo das urnas finais de Piancó. Nenhum deles chegava a dois mil votos de frente. E a cidade inteira e suas vizinhanças ligadas na bolinha de cristal de Otinaldo, mesmo se sabendo das suas simpatias e as da família pelo doutor Rui.

Sobre Martinho, quem tocou fundo aqui na corda ou nervo mais sensível foi Ana Adelaide Peixoto ao lembrar “a imagem daquele homem enorme, ...

Sobre Martinho, quem tocou fundo aqui na corda ou nervo mais sensível foi Ana Adelaide Peixoto ao lembrar “a imagem daquele homem enorme, aos prantos e aos frangalhos no velório, e com três filhos pequenos para criar. Chorei junto!”. E cravou-a para sempre.

Eu também, amiga. E foi a imagem desse homem enorme que me reteve, sábado passado, para não ir, de vontade própria, vê-lo inerme num caixão, de mãos cruzadas no peito sem ter sido ele quem as tivesse cruzado. E com flores que nunca pediu nem desejou.