O presidente Jair Bolsonaro deveria seguir a maioria que já passou pela sua cadeira: pensar e cuidar do geral, cuidar de todos, e deixar ...

Deixemos com o Ministério

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O presidente Jair Bolsonaro deveria seguir a maioria que já passou pela sua cadeira: pensar e cuidar do geral, cuidar de todos, e deixar a gestão dos ministérios com os seus ministros. O que os ministros devem saber em particular resulta no saber do presidente. É lição da República de 1903, com Rodrigues Alves deixando a varíola, a bubônica, o cólera, a febre amarela com quem entendia disso. Fosse ele interferir no que não lhe competia não teria realizado um dos mais lembrados governos da República, vitorioso na campanha sanitária que impôs ao Rio, na urbanização da cidade de cortiços
e ruas tortas, fechando o governo sob o rótulo de “o Brasil civiliza-se”.

No dia-a-dia de sua gestão, o pau cantou contra a vacina obrigatória. O espantoso, como lembra Darcy Ribeiro, é que a luta contra Oswaldo Cruz e sua obstinação pela vacina era apoiada por toda a imprensa, pelos fanáticos do positivismo a que se juntaram os revoltados das favelas, dos morros, dos cortiços e pocilgas de repente escorraçados do seu único espaço no país gigante de que os bem de vida tanto se ufanavam.

Tendo como objetivo definido a urbanização do Rio, a sua preparação para o assentamento das matrizes capitalistas, Rodrigues Alves encontrou um Oswaldo Cruz, indicado pelo Instituto Pasteur, a quem deu mão forte e empenhou seu governo. Pagou a conta e foi cuidar por cima do que, no seu tempo e no seu horizonte, viriam cuidar Getúlio e Juscelino.

Este pequeno introito é para lembrar de onde vem os fundamentos do nosso Ministério da Saúde, contrariando interesses, talvez o próprio dirigente, mas estruturado, em suas origens, para a saúde geral, a saúde de um povo que a economia sempre desprezou. Quando o Ministério não faz diretamente, influi, leva outros seguimentos a fazerem.
Menino de sítio, vi o soldado da Higiene de lanterna na mão à procura de larvas em tudo que fosse pote ou jarra. Às vezes quebravam, chocando a passividade ignorante dos servos rurais apelidados de moradores. Era, convenhamos, uma forma de educar.

Nos últimos anos vimos um Ministério prontamente eficaz contra a poliomielite, decretando a erradicação total ao fim dos anos 1980, o último caso, salvo engano, num município da Paraíba.

Há oito anos, sempre em março, entro na fila do posto da Torre para me livrar da influenza. Enfisematoso, com os pulmões tomados de avarias, a gripe, no meu caso, é doença mortal. É um passo para a pneumonia e a eternidade. O Ministério, por si mesmo, sem sugerir nome ou ideia do presidente de plantão, tem sido a minha salvação.

Custa entender por que o capitão-presidente não deixa o Ministério da Saúde com quem entende de saúde, autodeterminado pela riqueza confiável de sua competência histórica. Tem sido o modelo de outros presidentes desde Rodrigues Alves. Inclusive no regime que o presidente tanto aprecia, o dos generais de 1964.

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