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Jesus, segundo João (Katà Iōannēn): Jesus é o Bom Pastor. Ele não pula o cercado do aprisco, ele entra pela porta. Ele é a porta das ov...

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Jesus, segundo João (Katà Iōannēn):

Jesus é o Bom Pastor.
Ele não pula o cercado do aprisco, ele entra pela porta.
Ele é a porta das ovelhas.
Suas ovelhas o conhecem pela voz, afinal ele é o verbo
como luz verdadeira.

Sempre que vejo a placa de sinalização do trânsito que indica animal na pista, cujo ícone é uma vaca, eu faço uma brincadeira, dizendo que ...

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Sempre que vejo a placa de sinalização do trânsito que indica animal na pista, cujo ícone é uma vaca, eu faço uma brincadeira, dizendo que o Bósforo é aqui. Refiro-me, claro, ao estreito de Bósforo, que separa a Europa da Ásia Menor, como os antigos chamavam a atual Turquia.

Narrei, há poucos dias, as conversas dos galos da minha vizinhança, cheias de ritmo e me dizendo coisas interessantes. Para a minha satisfa...

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Narrei, há poucos dias, as conversas dos galos da minha vizinhança, cheias de ritmo e me dizendo coisas interessantes. Para a minha satisfação, o Dr. Adhailton Lacet Porto, Juiz de Direito, leu o meu texto e me informou que havia julgado um processo em que uma moça se queixava da vizinha, cujo galo cantava cedinho.

Tenho em minhas mãos um exemplar de Les cinq livres des faits et des dits de Gargantua et Pantagruel (Os cinco livros dos feitos e ditos d...

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Tenho em minhas mãos um exemplar de Les cinq livres des faits et des dits de Gargantua et Pantagruel (Os cinco livros dos feitos e ditos de Gargântua e Pantagruel), publicados originalmente entre 1532 e 1564, da autoria de François Rabelais (1494-1553), escritor renascentista, de grande importância para o reconhecimento do francês como uma língua de cultura.

O Sermão da Sexagésima é uma grande obra, em vários sentidos. Além de ser uma teoria da arte da parenética, por quem entende do assunto, v...

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O Sermão da Sexagésima é uma grande obra, em vários sentidos. Além de ser uma teoria da arte da parenética, por quem entende do assunto, vem de alguém que conhece a matéria por dentro, sabendo como fazer o que teoriza. Esta peça do padre Antônio Vieira nos atrai pela bela imagem que constrói de um sermão, mostrando de maneira inequívoca o seu objetivo: a repreensão dos vícios para a frutificação do bem. Trata-se, portanto, de peça doutrinária.

O estudo contínuo da obra de Augusto dos Anjos dá-me a certeza para dizer que, contrariamente ao que muitos pensam e apregoam, o autor de E...

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O estudo contínuo da obra de Augusto dos Anjos dá-me a certeza para dizer que, contrariamente ao que muitos pensam e apregoam, o autor de Eu não é o poeta da morte, mas do renascimento. A morte – “a alfândega, onde toda a vida orgânica/há de pagar um dia o último imposto” (Os Doentes) – é apenas um processo de transição a que matéria se submete e, tendo passado pelas agruras da degradação
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e do sofrimento, liberta o espírito para, enfim, buscar o renascimento, através de uma nova vida, em que os erros da anterior devem ser deixados para trás.

Nhô Augusto Matraga, depois de levar uma surra de largar o choco, apanhando mais do que mala velha para tirar o mofo, tendo sido ferrado, p...


Nhô Augusto Matraga, depois de levar uma surra de largar o choco, apanhando mais do que mala velha para tirar o mofo, tendo sido ferrado, pulado de um barranco, dado como morto e cuidado por um casal estranho, recobra a consciência e decide que deve mudar de vida. O seu intuito com a mudança? Entrar no céu, nem que seja a porrete.

Manifestações e protestos, desde que ordeiros e pacíficos, são uma demonstração inequívoca da liberdade de expressão. Embora muitos desejem...

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Manifestações e protestos, desde que ordeiros e pacíficos, são uma demonstração inequívoca da liberdade de expressão. Embora muitos desejem limitá-la, a liberdade de expressão deve ser garantida e quem se sentir incomodado com ela deve buscar a justiça. O que não dá é para o estado se intrometer e cerceá-la, em nome do que quer que seja.

Há quanto tempo o homem olha o céu e se guia pelos astros? A julgar pelo que diz o poeta latino Ovídio (século I a. C. - I d. C.), nas Meta...

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Há quanto tempo o homem olha o céu e se guia pelos astros? A julgar pelo que diz o poeta latino Ovídio (século I a. C. - I d. C.), nas Metamorfoses (Livro I, versos 77-89), desde o momento em que Prometeu moldou os primeiros homens, misturando o sêmen divino com a terra e com as águas da chuva, fazendo-os à imagem dos deuses que governam todas as coisas. Prometeu deu-lhes um rosto voltado para o alto e ordenou-lhes ver o céu e dirigir o olhar para os astros. O homem, assim, a um só tempo, diferenciava-se dos animais, que olham para baixo, e reverenciavam os deuses, cuja morada é o céu, e os astros, criações divinas. Zeus, compadecido da desgraça em que caiu um mortal ou querendo exaltar algum por ele amado, transformou-os em constelações com que semeou a abóbada celeste, que no dizer de outro poeta, Hesíodo (Teogonia, século VIII a. C.), já teria nascido constelada.

Um grande escritor nos dá muitas lições. Não importa quando e onde ele escreveu, pois a atemporalidade e a absoluta ausência de limitações ...

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Um grande escritor nos dá muitas lições. Não importa quando e onde ele escreveu, pois a atemporalidade e a absoluta ausência de limitações geográficas são a característica dos eternos. Os três primeiros trechos Guerra e Paz, de Tosltói, que apresentamos abaixo, são ensinamentos que podem e devem ser seguidos hoje, sem tirar nem pôr, tal a sua atualidade e a sua necessidade. Lições que entram em concordância com o que encontramos em Os Miseráveis, de Victor Hugo, outra obra monumental de outro gigante da literatura:

Após a reforma no calendário romano, realizada por Júlio César, com a ajuda do astrônomo grego Sosígenes , em 46 a. C., o mês de fevereiro,...

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Após a reforma no calendário romano, realizada por Júlio César, com a ajuda do astrônomo grego Sosígenes, em 46 a. C., o mês de fevereiro, a cada 4 anos, passou a ter 29 dias, de modo a completar com perfeição a órbita da terra ao redor do sol (na época pensava-se o contrário, óbvio). No entanto, mesmo depois do calendário juliano e enquanto permaneceu a contagem tradicional dos dias pelos romanos, nunca existiu o dia 29 de fevereiro.

Natacha Rostóva, na sua ingenuidade de criança, aliada a uma vida fátua de aristocrata, embora em franca decadência, apaixonava-se com faci...

Milton Marques Júnior Guerra e Paz Ambiente de Leitura Carlos Romero

Natacha Rostóva, na sua ingenuidade de criança, aliada a uma vida fátua de aristocrata, embora em franca decadência, apaixonava-se com facilidade. Uma de suas paixões foi pelo príncipe Andrei Bolkónski, com quem chega a ter um compromisso de noivado. Instado pelo pai, Andrei propõe que eles esperem um ano, dando total liberdade a Natacha, durante esse período, até de ela se apaixonar por outro. Se, passado um ano, Natacha mantiver firme a sua decisão, eles se casarão. Por mais que seja duro para ela, Natacha aceita a situação, não sem lamentos.

Pierre Bezúkhov é o conde; Andrei Bolkónski é o príncipe. Oriundos de duas famílias ricas, importantes e respeitáveis, são dois amigos com ...

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Pierre Bezúkhov é o conde; Andrei Bolkónski é o príncipe. Oriundos de duas famílias ricas, importantes e respeitáveis, são dois amigos com trajetórias de vida diferentes, mas que, em um determinado momento, se encontram e se afinam de maneira admirável.

A batalha de Borodinó foi um duro golpe no império Napoleônico. Ferido de morte, naquele dia 26 de agosto de 1812, Napoleão viu desmoronar ...

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A batalha de Borodinó foi um duro golpe no império Napoleônico. Ferido de morte, naquele dia 26 de agosto de 1812, Napoleão viu desmoronar com a campanha da Rússia o seu poderoso exército e suas pretensões de ter a Europa sob o seu comando. É Tolstói quem nos conta isso em Guerra e Paz, analisando os fatos de modo contrário ao método histórico utilizado posteriormente para construir uma genialidade de Bonaparte, que o escritor nega, e para explicar as razões da guerra. O romancista defende a tese de que a guerra não se faz por causa da vontade de governantes que se veem como inimigos, mas por milhares de fatos miúdos que se congregam para aquele resultado. Diz ainda que os historiadores jamais entenderão esse fenômeno e qualquer outro, enquanto se debruçarem sobre fatos descontínuos e sobre as ações de imperadores, reis, governantes, ministros, generais, deixando de lado o continuum das ações e dos movimentos das massas – “a unidade histórica escolhida é sempre arbitrária” (Tomo III, Terceira Parte, Capítulo I).

Cultura é uma palavra interessante. Já pararam para pensar no que ela diz e no que ela representa? Sabiam que “colono” e “inquilino” provêm...


Cultura é uma palavra interessante. Já pararam para pensar no que ela diz e no que ela representa? Sabiam que “colono” e “inquilino” provêm da mesma raiz? Conhecem aquele bairro de Roma, onde se encontra a estação Termini e em que morou o poeta Marcial, o Esquilino, situado na colina do mesmo nome, a mais alta das sete que compõem o traçado da Cidade Eterna? Pois é, essa denominação também possui a mesma origem.

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O termo cultura é oriundo do mundo rural, proveniente do verbo latino “Colo”, “Colĕre”. Quando essa forma verbal surge, ela tem o sentido de cultivar a terra e também os deuses que protegem aquele lugar, agora escolhido como morada. Daí que colĕre tanto pode ser cultivar, quanto habitar. Eis a sua relação com “colono”, o que habita e cultiva uma determinada terra, e com “inquilino”, aquele que habita em algum lugar, sem que necessariamente venha a cultivá-lo.

No que diz respeito ao bairro romano, no traçado original da cidade, feito por Rômulo, o Esquilino se situava na parte externa do reino, vindo a ser incorporado bem mais tarde. Hoje, integra-se perfeitamente ao perfil de Roma, abrigando a Basílica de Santa Maria Maior, uma das suas sete maiores igrejas.

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Basílica Sta Mª Maggiore
Com o passar do tempo, o verbo amplia o seu sentido de cultivar a terra e os deuses que a protegem, e de habitá-la, para o sentido de cultuar a memória e a tradição, de modo a repassá-la às gerações seguintes. Assim, o substantivo “culto”, forma deverbal proveniente do supino “cultum”, tem o significado de “ação de cultivar”, passando a designar também um cuidado com as coisas do espírito, que devem ser preservadas. Embora possa parecer que os termos são muito diferentes – cultivar, colono, inquilino –, eles guardam em comum uma mesma raiz primitiva, em que constam os fonemas “kl”.

Cultura é, portanto, o que se cultiva ou cultua, materialmente ou no espírito; numa relação com a divindade ou por necessidades pessoais e do intelecto. Responder à questão que dá título a este texto é fácil. Todos temos cultura. Qualquer intervenção do homem feita na natureza, modificando-a, é um ato de cultura. Questão mais complexa é, como ouvi num debate na televisão, se há pessoas com mais cultura do que outras. Eu diria que, quanto maior o desenvolvimento tecnológico e humanístico, mais a cultura se expande. Há pessoas com mais cultura do que outras, então? Não tenho certeza, pois todos, particularmente, possuímos saberes que outros não têm. Mas posso afirmar que, decididamente, há mais pessoas com acesso aos bens culturais do que outras. Incluindo aí tanto o saneamento, quanto as bibliotecas...


Milton Marques Júnior é doutor em letras, professor e escritor

Admiro-me com a reação exacerbada das pessoas diante da morte, como se ela não fosse parte da vida. Não deveríamos nos surpreender com a “I...

preparacao para morte

Admiro-me com a reação exacerbada das pessoas diante da morte, como se ela não fosse parte da vida. Não deveríamos nos surpreender com a “Indesejada das Gentes” ou a “Iniludível”, como a chamou Manuel Bandeira, fazendo jus a sua característica maior.

Para quem acredita que só há uma vida, a da materialidade, o normal seria que a pessoa se preparasse para morrer, gozando o máximo possível da sua efêmera existência e fazendo de tudo para estendê-la até o seu limite. Para os que acreditam na imortalidade do espírito, há pelo menos duas possibilidades de lidar com a morte. A primeira é que só morremos uma vez e teremos uma vida depois de consumada a nossa pequena permanência na terra. A segunda é a de que morreremos muitas vezes, porque viveremos tantas vidas quantas forem necessárias para aprendermos o caminho para a espiritualidade maior, que consiste na iluminação. Em suma, devemos nos preparar para a morte, não importa qual seja a nossa concepção de vida.

O suicida não tem a mínima ideia das dores que vai encontrar
Em qualquer das possibilidades apresentadas, a morte será sempre uma passagem: para o aniquilamento, para uma vida posterior ou para novas vidas de aprendizagem. Nesse último caso, uma aprendizagem que terá como Mestre, no mais das vezes, a dor, que deverá nos preparar para as outras vidas que teremos. Se formos bons alunos, aprenderemos depressa e diminuiremos a nossa frequência de vidas e de mortes. Se formos maus alunos, nos atrasaremos e aumentaremos os nossos encargos, cujas responsabilidades negligenciaremos, além de acusarmos os outros por escolhas que são nossas.

Não é que não possamos nos lamentar diante da morte, principalmente, de um ente querido, mas devemos ter a consciência de que ela é apenas um estágio para o nada, e não há o que temer ou lamentar, se a vida tiver sido bem aproveitada; para a espiritualidade, o que significa, no mínimo, uma nova chance de aprender, de mudar e de seguir adiante, em direção à iluminação.

Lamento mesmo, deveríamos expressar não por alguém que morreu, mas por alguém que se matou. Se em nada acreditava, o suicida trouxe dor para a família, crendo libertar-se do sofrimento de viver; se acreditava em uma vida espiritual, ele não tem a mínima ideia das dores que vai encontrar até que lhe seja dada a oportunidade de viver nova existência material. 

De qualquer forma, a julgar pelo que venho acompanhando nas redes sociais, quando morre alguém, constato que não é que as pessoas não estejam se preparando para a morte, elas não estão preparadas é para a vida.


Milton Marques Júnior é doutor em letras, professor e escritor

Tolstói escreveu em uma de suas cartas que “a história seria algo excelente, se fosse verdadeira”, afirma Rubens Figueiredo, tradutor de Gu...


Tolstói escreveu em uma de suas cartas que “a história seria algo excelente, se fosse verdadeira”, afirma Rubens Figueiredo, tradutor de Guerra e Paz.

Não sei se na grade curricular do curso de História existem disciplinas como Filosofia da História ou Pensamento Crítico e História. Não sei, portanto, se há uma discussão sobre como se faz a história e, principalmente, a sua falibilidade. Digo isto porque o que mais vejo são posições inflexíveis, inamovíveis, sobre a certeza da história. Nada mais enganador.

guerra e paz tolstoi
Léon Tolstoi
A referência a Tolstói, no início deste texto, não foi apenas para cutucar a onça com vara curta ou deixar no ar uma afirmação cujo contexto desconheço e que, no mínimo, se pode chamar de provocativa. Referi-me ao escritor russo, porque considero brilhante o Capítulo I, da Primeira Parte do Tomo Três, de Guerra e Paz. Texto que deveria frequentar as aulas de História, para uma reflexão sobre essa ciência.

Como se sabe, esse romance de Tolstói trata, a um só tempo, da vida cheia de intrigas dos salões aristocráticos russos e das guerras napoleônicas, travadas entre 1805 e 1812, envolvendo a Prússia (Alemanha), Áustria, Polônia e Rússia, cujo ponto alto é exatamente a campanha contra a Rússia, uma das mais amargas derrotas sofridas pelo general e imperador corso.

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O escritor russo começa o referido capítulo tratando do início dessa guerra contra a Rússia, num emblemático dia 12 de junho de 1812. Na sua definição, e não podia ser mais exato, Tolstói diz que a guerra começada, com a travessia do rio Niemen por Napoleão, rio que fazia a fronteira entre a Polônia e a Rússia, era “um acontecimento contrário à razão humana e a toda natureza humana”. Napoleão, portanto, teve também o seu Rubicão. A guerra aparece ao romancista em uma palavra precisa e sem eufemismo – um crime:

“Milhões de pessoas praticaram, umas contra as outras, uma quantidade tão inumerável de crimes, embustes, traições, roubos, fraudes, falsificações de dinheiro, pilhagens, incêndios e assassinatos, como não se encontram nos autos de todos os tribunais do mundo em séculos inteiros, e, naquele período, as pessoas que agiam assim não consideravam que nada disso fosse um crime.”

Sondando as causas para tão “extraordinário acontecimento”, Tolstói conclui que a História não tem como abarcar toda a miríade de fatos que levam à insanidade da guerra e que levaram a essa guerra, em particular. O que se apresenta como explicação e justificativa lhe parece sempre insuficiente e incapaz de ser apreendido, por qualquer pessoa que tenha um mínimo de bom-senso:

“Para nós, não é compreensível que milhões de pessoas cristãs tenham matado e martirizado uma às outras porque Napoleão era ambicioso, Alexandre era obstinado, a política da Inglaterra era astuta e o duque de Oldenburg fora ultrajado.”

A crítica que Tosltoi faz à História, como ciência que não se pode tomar por infalível, mostra, na prática o que é Guerra e Paz
Há, para Tolstói, muitos “se”, que deveriam ser analisados dentro da imensidão de fatos que concorreram para essa guerra e outras existirem. Todos os “se” são condições que se acumulam para desaguar em uma ocorrência ruinosa como a guerra e não podem ser deixados de lado, pois eles compõem as “bilhões de causas” que “coincidiram para produzir o que ocorreu”. Dentre os “se” apontados como causal, não como casual, está a Revolução Francesa, que podemos dizer ser a mãe de Napoleão:

“Tampouco poderia ter ocorrido a guerra [...] se não tivessem acontecido a Revolução Francesa, a ditadura e o império subsequente, bem como tudo aquilo que decorreu da Revolução Francesa [leia-se aqui um reforço à ascensão meteórica e fulminante de Napoleão, impondo derrotas acachapantes à Europa], e assim por diante. [...] E por consequência nada foi a causa exclusiva do acontecimento, e um acontecimento tem de ocorrer apenas porque tem de ocorrer.”

O irônico é que Tolstói recorreu aos documentos históricos, sobre os quais se debruçou por 5 anos, para poder escrever o seu livro e tê-lo pronto em 1869. A crítica que ele faz à História, como ciência que não se pode tomar por infalível, mostra, na prática o que é Guerra e Paz: um livro em que os acontecimentos históricos banais (a vida da aristocracia russa e seus enfadonhos e empoados salões de bailes) e aqueles mais decisivos para o destino da humanidade (as guerras que destroçam vidas, de modo irreparável, para jamais) mostram uma escolha entre tantas possíveis, realizadas não num compêndio maçante, que se quer a visão objetiva da realidade, mas em um vibrante texto literário em que a ficção, como nunca, se mostra mais plausível do que qualquer relato histórico.


Milton Marques Júnior é doutor em letras, professor e escritor

– Tudo isto que o senhor vê, é meu, sim senhor. De cima do muro do cemitério, de onde procurava divisar alguns túmulos, eu escutava o que...


– Tudo isto que o senhor vê, é meu, sim senhor.

De cima do muro do cemitério, de onde procurava divisar alguns túmulos, eu escutava o que dizia a velhota com um sotaque lusitano carregado da gente do Norte, ao casal que procurava informações sobre a família.

– Todas estas fruteiras, continuava a velhota, fui eu que plantei, junto com meu marido – que Deus o tenha! Algumas tive que mudar da beira da estrada para cá, mais para cima, porque me roubavam as frutas. Outras, eu mesma enxertei.

Juntei-me ao casal, pois a velhota, uma personagem do século XVIII ou XIX, perdida naquelas paragens, no cimo de uma serra portuguesa, em pleno século XXI, chamava-nos para conhecer a sua casa. Gente da cidade, acostumada à vida sedentária e ao deslocamento em automóvel, subíamos o caminho um tanto íngreme da casa da senhora com um bocado de esforço. Ela, apesar da idade, não menos de setenta anos, sequer arfava. Pelo caminho, ela colhia frutas – ameixas, figos, peras, maçãs – que nos ia oferecendo com uma grande satisfação. Veio-me, de súbito, à mente a história de Joãozinho e Maria. A boa velhinha parecia-me uma bruxa que nos atraía, com sua aparência de bondade e desprendimento, a um covil, onde nós seríamos, por fim, assados e comidos. Mas subíamos, instados pela velha. Sozinha, viúva, idade avançada, filhos distantes, sua única distração era a plantação e a missa aos domingos. Quando chegamos a sua casa, a idéia de covil se cristalizou diante de mim, sobretudo por existir uma toca fechada, onde um cão arfava e gania.

– Ah, este é o meu cãozito. É quem me faz companhia.

Tive a sensação de que era mais uma maneira de a velhota nos enganar. A qualquer instante sairia daquela toca um ogro que a ajudaria a nos devorar. Aberta a porta, saiu um cãozinho carinhoso, que logo aproximou-se de nós, balançando o rabo e querendo nos cheirar e lamber. Já demorávamos bastante ali, sem ter conseguido saber nada a respeito da família do casal, uns Sebadelhes que haviam migrado há muito tempo para o Brasil. Saímos, não antes de batermos umas fotos com a velhota, sorridente, apesar de seus únicos dois dentes. Na sua solidão e abandono, tendo, naquele instante, pessoas que a escutavam, ela insistia para que ficássemos, pois nos daria um pouquito de pão. O sol, no entanto, já andava no meio-dia e ainda teríamos que ir a Terrenho, vilarejo de Trancoso, ali pertinho de Sebadelhe da Serra, onde nos alojamos.

Descemos um pouco a serra, chegamos em Corças, onde encontramos uma mulher que nos apontou um caminho melhor para Terrenho. Pelo mapa, deveríamos fazer todo o caminho de volta, pois Terrenho ficava paralela a Sebadelhe da Serra. A mulher disse haver uma ligação por cima da serra, que tornaria o caminho mais curto. Voltamos e fizemos o caminho pelo topo da Serra, aproveitando a visão do vale verde, todo plantado de uvas e azeitonas, com o rio Douro, caudaloso, abaixo, aproveitado em barragem. À primeira vista, Terrenho não nos pareceu grande coisa, pois ficava ao largo da estreita rodovia. Não nos demos conta de que deveríamos entrar pelas vielas estreitas e inclinadas para chegar ao coração da freguesia.

– Bom dia, senhores. Qual o caminho para a igreja? O grupo de três operários nos olhou com certa desconfiança e nos indicou o caminho, único, sem erro.

Uma igrejinha modesta, sombreada por várias árvores frondosas, parecia fechada. Em frente à igreja, um pequeno comércio que funcionava a um só tempo, como mercado, posto telefônico e correio. Uma senhora idosa, que não parecia nos compreender veio saber o que nós queríamos, mas foi a moça do pequeno comércio que nos ajudou. Nova na região, não sabia dizer nada, não senhor, mas sua tia talvez soubesse, pois vivera ali toda a sua vida.

– Tia Agustinha, Ó tia Agustinha! Está cá um moço que quer ter com a senhora, gritava ela para um sobradinho.

Da janela do sobradinho, tia Agustinha disse lembrar-se, sim, dos Sebadelhes e da menina Emília, que ali vivera e até deixara uma casita fraquita, pois sim. Mas quem se lembrava realmente e poderia ajudar era o senhor Amado que conviveu com eles. Descemos em direção à casa do senhor Amado para saber alguma informação da família do casal. Havia indícios, mais do que fortes de que a família teria vivido ali em Terrenho, antes de partir para o Brasil. Com um ar de desconfiança, sentado em sua cadeira de rodas, o senhor Amado nos recebeu, conduzidos que fomos pela sua afilhada, Dona Justina.

– Sou sobrinho-neto de Emília Pereira... tentou dizer o senhor Sebadelhe, que procurava rastrear as origens da família.

– Impossível, cortou o velho, ela não teve filhos.

– O senhor não entendeu. Eu sou neto do irmão mais velho de Emília Pereira, José Augusto Sebadelhe. Sou, portanto, sobrinho-neto de Emília Pereira.

O velho ainda nos olhava com desconfiança, como quem quisesse nos pegar em alguma contradição. O Senhor Sebadelhe disse que seu avô tinha partido para o Brasil, ainda jovem e lá tinha constituído família. Emília Pereira tinha ido ao Brasil para ficar com o irmão, mas por causa de desentendimento com a cunhada teria voltado para Portugal. Ele queria saber se o senhor Amado os conhecia, se tinha sido amigo de Emília, de quem ele não tinha tido mais notícias...
– Amigo, não, apressou-se a dizer o velho, amigo de amizade, sim.

– Sim, amigo, no sentido brasileiro do termo, é amigo de amizade. O senhor, então a conheceu?

– Sim, conheci todos. José Augusto, António Augusto, Teresa, Filomena, Joaquim e Emília. Filomena ainda vive? Perguntou o velho visivelmente emocionado.

– Eu perdi contato com ela, não sei lhe dizer. Não sei nem mesmo notícia da filha dela...
– Telma, disse o velho.
– Sim, Telma. Pelo visto o senhor a conheceu também.

O velho, então, começou a falar de toda a família. Do avô e dos pais de Augusto Sebadelhe, dos irmãos deste. Haviam, em criança e na adolescência, convivido. Depois da partida para o Brasil, apenas mantivera o contato com Emília, que ali morrera e deixara alguma coisa, que ele mandara para Filomena e até hoje não sabia se ela recebera. A cada palavra, a cada recordação, o velho se emocionava e tinha que buscar ar para poder continuar a narrativa, muitas vezes atrapalhadas pela Dona Justina, sobretudo quando se tratava de falar de bens ou de algum documento da família. O senhor Sebadelhe, também emocionado dizia do bem que o senhor Amado lhe fizera, ao proporcionar-lhe um reencontro com a família, mesmo que fosse à base de recordações. Não tinha qualquer interesse material, mas sentimental nesse reencontro. Agora podia dizer com certeza onde vivera seu avô, ali estivera e pudera reencontrar as raízes.

Valera a pena sair de tão longe na incerteza de encontrar algo e subir uma serra de curvas estreitas para encontrar o passado personificado em um velho numa cadeira de rodas.

Quando pegávamos o carro de volta para Salamanca, cruzamos com o padre que levava a comunhão ao senhor Amado, e ainda ouvimos a voz esganiçada da moça do pequeno comércio.

– Tia Agustinha! Ó tia Agustinha!

(episódio vivido nas Serras do Norte de Portugal, fim de verão, início de outono de 2002)


Milton Marques Júnior é professor, escritor e membro da APL
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A meu sobrinho Johnny Formiga, professor como eu, diante da pergunta impertinente e descabida que lhe fizeram – “Para que serve ser índio?”...


A meu sobrinho Johnny Formiga, professor como eu, diante da pergunta impertinente e descabida que lhe fizeram – “Para que serve ser índio?”

Um dos momentos sublimes da Literatura Universal é a parte VIII do poema “I-Juca-Pirama”, de Gonçalves Dias. Desconheço outro texto – é possível que haja –, em que um pai se dirige a um filho amado com uma fala mais violenta e mais infamante do que esta. O que nos impacta não é a diatribe do discurso, de que a literatura está cheia. O impacto é causado pela beleza da emoção, em defesa da dignidade. O ritmo do poema, um eneassílabo bem marcado, com pausas na terceira, sexta e nona sílabas, faz reverberar dentro do filho o poder da invectiva do pai, como se um chicote um açoitasse numa frequência inalterável, expressando uma homologia inquestionável entre fundo e forma.

Motivado por um suposto acovardamento do filho diante do sacrifício antropofágico, o velho Tupi, alquebrado pelos anos e cego, faz questão de saber o porquê de o filho ter chegado à sua presença com todos os sinais da preparação para o sacrifício, percebido pelo toque das suas mãos no corpo do filho – cabeça raspada, muçurana atada do colo à cintura, corpo pintado com a pintura sacrificial, canitar cingindo a cabeça, enduape à cintura...

Em chegando às terras inimigas, embora com dificuldade, diante do chefe Tupi, o velho tem notícia de que o filho chorou e implorou para ser poupado, tendo sido libertado por sua covardia – “Não queremos/Com carne vil enfraquecer os fortes” (Parte V). A história do filho não bate com a dos Timbiras: o filho pediu pelo velho pai e voltaria para o sacrifício, após a sua morte; os Timbiras o consideram apenas um covarde que chorara diante da morte:

“É teu filho imbele e fraco!
Aviltaria o triunfo
Da mais guerreira das tribos
Derramar seu ignóbil sangue:
Ele chorou de cobarde;
Nós outros, fortes Timbiras,
Só de heróis fazemos pasto.” (Parte VII)

A resposta do chefe Timbira é um duro golpe para um pai que quer ver no filho a continuidade do seu próprio heroísmo. O discurso não poderia ser outro, a ética guerreira exige o cumprimento do ritual antropofágico, para exaltação do valor do herói.

O poema, porém, vai mais além do que o heroísmo individual. A negação ao sacrifício, assim entendida pelos Timbiras e pelo velho pai, não fere apenas a dignidade de um homem, fere a dignidade de uma nação, que se empenhou em mais do que se dizer digna, provar-se digna. Não são as palavras que nos definem, mas as nossas ações e a distância ou a proximidade que elas apresentam com relação às nossas palavras.

Eis a beleza da poesia. Quando pensamos que Gonçalves Dias está apenas tratando dos valores indígenas e nos mostrando a sua cultura, ele com o poder da criação poética (perdoem-me e aceitem o pleonasmo enfático, por favor!) está falando da dignidade humana, de que não devemos abrir mão, mesmo em prejuízo próprio. O prejuízo aparente de hoje será o ganho moral de amanhã, com que construímos a virtude e a justiça. Somos uma só espécie e só teremos respeito mútuo, quando os valores começarem a ser reconhecidos e cumpridos.

Fiquem com o poema e a com a grandeza poética de Gonçalves Dias, celebrando a dignidade humana.

VIII
"Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de via Aimorés.

"Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!

"Não encontres doçura no dia,
Nem as cores da aurora te ameiguem,
E entre as larvas da noite sombria
Nunca possas descanso gozar:
Não encontres um tronco, uma pedra,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo os maiores tormentos,
Onde possas a fronte pousar.

"Que a teus passos a relva se torre;
Murchem prados, a flor desfaleça,
E o regato que límpido corre,
Mais te acenda o vesano furor;
Suas águas depressa se tornem,
Ao contacto dos lábios sedentos,
Lago impuro de vermes nojentos,
Donde fujas com asco e terror!

"Sempre o céu, como um teto incendido,
Creste e punja teus membros malditos
E oceano de pó denegrido
Seja a terra ao ignavo tupi!
Miserável, faminto, sedento,
Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E do horror os espectros medonhos
Traga sempre o cobarde após si.

"Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és."


Milton Marques Júnior é professor, escritor e membro da APL E-mail

A palavra de ordem, no mundo atual, é pandemia. Esta palavra inclusive se ajusta à expressão “mundo atual”, pois, formada por pan e demos,...



A palavra de ordem, no mundo atual, é pandemia. Esta palavra inclusive se ajusta à expressão “mundo atual”, pois, formada por pan e demos, significa, literalmente, no grego, “o povo inteiro”, acossada que se encontra a Terra com o coronavírus. Certamente, a pandemia acabou por nos provocar uma pándeima, ou pavor completo, devido ao número grande de informações e desinformações desencontradas e disseminadas, muitas sem critério, pela imprensa e pelas redes sociais. Diga-se, em favor da palavra pandemia que, na sua origem, ela não tem qualquer relação com doença, significado que se desenvolveu após as várias pestes que se alastraram pela humanidade, desde o final do século XVI, a partir de 1580. Nesse período, uma doença oriunda da Ásia, em seis meses se espalhou pelos continentes africano, europeu e pela América do Norte. Registre-se que, nesse momento, a língua grega, assim como a latina, circulava nos meios eruditos e científicos, como uma espécie de coiné, língua comum aos frequentadores desses círculos.

Deixemos de lado a pandemia e vamos nos concentrar em pandêmia, palavra da mesma etimologia, cujo sentido, bem semelhante ao anterior, significa “comum ao povo inteiro”. Este segundo termo vem de Platão e se encontra no famoso diálogo Simpósio, mais conhecido como O Banquete. Em realidade, o título grego Symposion condiz mais com a situação encontrada no diálogo platônico: os convivas se reúnem para beber e conversar, mais do que para comer. Há até uma vã tentativa, no início da reunião, por parte do médico Eryxímaco, de se fazer um pacto para que se beba menos, tendo em vista que a embriaguez é um mal aos homens, e os que ali se encontram, inclusive ele próprio, não têm fôlego para bebida. Exceto Sócrates...

A festividade ocorre em casa do tragediógrafo Agáthon, que comemora, na oportunidade, a vitória de sua primeira tragédia, no concurso oferecido anualmente em Atenas. Toda discussão deve girar em torno de um elogio sobre o Amor, proposta feita pelo mesmo Eryxímaco, de modo a preencher uma lacuna deixada pelos poetas. Tendo sido aceita a proposta, Fedro é o primeiro a fazer o elogio ao Amor, construindo-o a partir de Hesíodo, vendo-o, portanto, como o mais antigo, mais honrado e mais senhorial dos deuses, cujo objetivo é conduzir os homens à virtude, areté, e à felicidade, eudaimonia, durante a vida e depois da morte.

O segundo discurso é de Pausânias que, de pronto, quer saber sobre qual Amor se deve fazer o elogio, porque ele divisa dois, na figura de Afrodite: a Afrodite Urânia, de origem hesiódica, que não tem mãe e é filha de Uranos, o Céu, e a outra, a Afrodite Pandêmia, de origem homérica, filha de Zeus e de Dione.

A diferença entre elas consiste em que todo Amor só é belo e digno de elogio, quando se ama para o bem, como o Amor da alma. O que ama mais o corpo do que a alma, ama só o macho e a fêmea. Se a Afrodite Pandêmia é um amor vulgar, por amar só o corpo, a Afrodite Urânia desconhece o impulso brutal que leva ao sexo pelo sexo. Pausânias estabelece, então, que o que faz o Amor belo são as práticas belas; o que faz o Amor feio, são as práticas feias, devendo o homem amar para a virtude, para o bem e para a justiça, tudo devidamente regido pela Afrodite Urânia. Jamais devemos buscar o Amor por interesse monetário ou por poder político, o que, por si só, é vergonhoso. É perfeitamente belo ceder ao Amor, quando se faz isto por virtude. Os Amores fora dessa beleza são da ordem da Afrodite Pandêmia, baseados na vulgaridade e na baixeza dos instintos, que nada trazem para a elevação da alma.

É quando a pandemia se encontra com a Pandêmia.



Milton Marques Júnior é professor, escritor e membro da APL E-mail