Alguns seminaristas saem do seminário, mas o seminário nunca sai deles. Fica para sempre, como uma tatuagem na alma, irremovível. Ass...

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Alguns seminaristas saem do seminário, mas o seminário nunca sai deles. Fica para sempre, como uma tatuagem na alma, irremovível. Assim também com outros lugares, outras experiências, que marcam de tal modo as pessoas, que se misturam de uma vez por todas às respectivas biografias. Como falar, por exemplo, de Antonio Carlos Villaça, o grande escritor e memorialista, sem falar também por sua passagem pelo Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, onde dramaticamente malogrou sua juvenil vocação para o claustro? De Villaça, diz-se, com toda razão, que ele deixou o mosteiro, mas o mosteiro nunca o deixou.

Paraíba, 4 de setembro de 2022

Paraíba, 4 de setembro de 2022

Manual de consulta breve sobre a diversidade de homens nascidos no ventre da Mãe Terra Olhos que se abrem inocentes não tardam em ...

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Manual de consulta breve sobre a diversidade
de homens nascidos no ventre da Mãe Terra

Olhos que se abrem inocentes não tardam em cintilar soberba.

Retalham o em torno lançando farpas no vazio da mente.
 
 
 
Há o entristecido que desperta e sobrevive como um miserável, ao som da Morte, sussurrando seus atropelos de silêncio. Um outro que resvala no acaso, se faz vida ̶ atordoado ̶ e sonha em derrubar da janela o Sol para ofuscar o tormento. E aquele matreiro precoce a acumular seus proventos na peia dos filisteus, no relento dos desterrados.

A Folha de São Paulo do dia 1º de setembro nos remeteu a um texto de 31.03.2003 , com esta chamada: “Quadro fez Marcel Prous...

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A Folha de São Paulo do dia 1º de setembro nos remeteu a um texto de 31.03.2003, com esta chamada:

“Quadro fez Marcel Proust desmaiar em Haia”.

Isso me devolveu à época em que li, no seu romance de 7 volumes, “Em Busca do Tempo Perdido” , escrito quando Vermeer ainda era um nome bastante apagado, sobre um personagem ⏤ romancista ⏤ que morre ao descobrir que jamais poderia escrever tão belamente quanto Vermeer pintava. Não chego a tanto,

Na manhã do dia 15 de fevereiro de 1630, uma grande esquadra holandesa da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais surgia no horiz...

recife nordeste invasao holandesa
Na manhã do dia 15 de fevereiro de 1630, uma grande esquadra holandesa da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais surgia no horizonte do porto do Recife. O grande historiador pernambucano José Antônio Gonsalves de Mello descreveu o episódio nas primeiras páginas do seu livro clássico “Tempo dos Flamengos”, editado, pela primeira vez, em 1947, com um prefácio do escritor Gilberto Freyre:

“Era ‘uma das maiores armadas que já cruzou a equinocial’, dizem os documentos [...] A conquista de Olinda e do Recife pôde ser consumada em poucos dias; a força atacante era bastante forte e militarmente superior”.

DIVERSOS Os meus versos são diversos, Métrica, rima, oração; Colhidos no coração, Num cantinho submersos. Fazem parte ...


DIVERSOS
Os meus versos são diversos, Métrica, rima, oração; Colhidos no coração, Num cantinho submersos. Fazem parte de universos, De um singelo ‘passarim’, São flores no seu jardim, E eu, poeta jardineiro, Adubo cada canteiro, Que habita dentro de mim.

Era sempre natural – nesse até então consentido mundo de matéria especular e furtivas substâncias, onde se há entesourado uma boa senão...

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Era sempre natural – nesse até então consentido mundo de matéria especular e furtivas substâncias, onde se há entesourado uma boa senão preciosa parcela de saber ingênito, comum a todos, e onde cada um deles parece deter sua própria, embora insignificante, parcela de ações ordinárias daquela que foi (e é), seguramente, a mais antiga e vasta das empresas do mundo, cujo elo com as origens viera se mantendo desde seus primórdios como empreendimento impróprio para homens e bichos, portanto sendo anterior à irrupção da dor e do primeiro enigma - que uma aluvião de crendices, orlada por selo de tradição e realimentada pela boataria e toda sorte de possibilidades que assim pudesse aventar, surgisse a intervalos mais ou menos regulares, para merecido deleite do imaginário coletivo.

Nascido em Samos , Pitágoras (570-495 a.C.) passou parte de sua vida realizando um grande périplo, que se pode considerar iniciático, q...

Nascido em Samos, Pitágoras (570-495 a.C.) passou parte de sua vida realizando um grande périplo, que se pode considerar iniciático, quando se propôs a uma aprendizagem com os egípcios, árabes, caldeus, hebreus, fenícios e persas, com os quais estudou as ciências da matemática, dos ritos sagrados, dos sonhos, a adivinhação pelo incenso e a sabedoria e a fala dos egípcios, e “da errância acerca desses povos, importou a maior parte da sabedoria” (XII, 10), firmando-se como um dos maiores filósofos, matemáticos e místicos da Grécia.

Custa acreditar que esta bela e fogosa cidade já foi tão pequena que sabíamos de cor os nomes de quase todos os proprietários dos autom...

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Custa acreditar que esta bela e fogosa cidade já foi tão pequena que sabíamos de cor os nomes de quase todos os proprietários dos automóveis, identificando as placas dos veículos. Um dos meninos Varandas sabia-as todas. Recordo que a placa número 1 era do Dr. Mororó, a 2 do Dr. Eunápio Torres, se não me engano a 7 era do Dr. Atílio Rotta...

Com os telefones dava-se o mesmo. Muito antes dos nossos telefones terem a numeração limitada a 4 algarismos havia nas casas uns aparelhos pretos, com enormes pilhas atrás, que eram atendidos pelas telefonistas quando acionada uma manivelazinha. Lembro de uma vez que minha mãe queria falar com uma amiga e contactou a operadora. Ao pedir para que ela completasse a ligação até a casa da dona fulana, a telefonista foi certeira: “- Nem perca seu tempo, Creusa. Eu a ouvi combinando com a vizinha de irem ao comércio hoje de manhã”. Sigilo zero.

DE OUTRA SOLITUDE A lua vaga. Um cão ladra. Meu sono tarda. DE OUTRAS LIBERDADES Alguém abandonou um papagaio q...

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DE OUTRA SOLITUDE
A lua vaga. Um cão ladra. Meu sono tarda.
DE OUTRAS LIBERDADES
Alguém abandonou um papagaio que vivia, há anos, aprisionado. Liberto, leve e solto, ele pôs-se a gritar o nome do dono, no telhado do vizinho.

A memória guarda o ruído ensurdecedor, o cheiro da tinta emanada das entranhas de chapas de ferro, do monstro mecânico com uma estei...

A memória guarda o ruído ensurdecedor, o cheiro da tinta emanada das entranhas de chapas de ferro, do monstro mecânico com uma esteira lateral com os exemplares de papel jornal meio que vomitados de maneira organizada pela rotativa. Estacionada em um espaço grande, a estrutura lembrava a máquina cheia de engrenagens que engoliu Carlitos no clássico “Tempo Modernos” do genial e sempre atual Charles Chaplin.

Duas avós num mesmo trecho de calçada. Quantos meninos tiveram essa boa sorte? Quantos desfrutaram do carinho simultâneo daquelas que e...

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Duas avós num mesmo trecho de calçada. Quantos meninos tiveram essa boa sorte? Quantos desfrutaram do carinho simultâneo daquelas que embalaram com o mesmo desvelo as próprias crias e os rebentos que estas trouxeram ao mundo?

Tive tal ventura ao alcance de poucos passos. Cinco casas interpunham-se entre a da Vó Amélia, mãe da minha mãe, e a da Vó Sole, como resumíamos a doce Soledade, de quem meu pai nasceu. De uma, os melhores suspiros da minha vida, crocantes, com cheiro e gosto de limão. E com um mel que escorria do miolo ao derreterem na boca. Da outra, os pirulitos de maracujá tão deliciosos

24 de agosto de 2022. 2 horas da tarde de uma quarta-feira ainda tão próxima. O pomar da Casa de Zé alimenta e rege as belas cores d...

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24 de agosto de 2022. 2 horas da tarde de uma quarta-feira ainda tão próxima. O pomar da Casa de Zé alimenta e rege as belas cores da paisagem para receber especiais convidados, que se dirigiram até à esplendorosa praia do Cabo Branco, com o objetivo comum de acompanhar, debater e conviver com expressivos gestos e acenos desenhados por nossa singela e singular cultura popular.

escrever/não escrever escrever é um suicídio branco. um consumir-se no fogo brando das palavras. não escrever, um sui...


escrever/não escrever
escrever é um suicídio branco. um consumir-se no fogo brando das palavras. não escrever, um suicídio em branco. um consumar-se sem metáforas.
relações humanas
naquela época ainda não existia garrafa térmica tanto que acordava a preta velha noite adentro para fazer-lhe café café café café e então a preta velha passou a ser uma garrafa térmica

Por que haverias tu de esquecer o amor? É o que te pergunto enquanto, mergulhada no silêncio ameno da tarde, penso em ti após ler a t...

estrelas ceu ternura solidao
Por que haverias tu de esquecer o amor?

É o que te pergunto enquanto, mergulhada no silêncio ameno da tarde, penso em ti após ler a tua mensagem.

Dizes que abres as tuas gavetas de alma e não gostas do que encontras. Talvez por isso eu perceba a tua tristeza.

Falas que tuas atitudes, palavras e ações mostram orgulho, autoritarismo, prepotência, intolerante juízo e, em alguns momentos, até uma certa maldade. Lamentas as mágoas, culpas, raivas e rancores

"Pai nosso que estás no céu”… Quantas vezes esta frase se repete, em tantos idiomas, em tantas ocasiões, por este mundo afora. Mun...

"Pai nosso que estás no céu”… Quantas vezes esta frase se repete, em tantos idiomas, em tantas ocasiões, por este mundo afora. Mundo tão pequeno e insignificante, um pontinho de nada, solto na vastidão cósmica de tantas galáxias. Pai nosso, Criador e Criatura, mundo nosso, de tudo o que existe, de onde viemos e voltamos, há tantos milhões de anos. Pai nosso que estás no céu… Em todos os céus, na terra, em cima, em baixo; tudo é céu nos espaços do Universo! Céu que se vê e que não se vê, microscópico e macroscópico, material e imaterial.