Dois meninos de engenho, embora diferentes. Um revela as suas memórias de modo copioso, seja na ficção ( Menino de engenho , Doidinho ,...

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Dois meninos de engenho, embora diferentes. Um revela as suas memórias de modo copioso, seja na ficção (Menino de engenho, Doidinho, Banguê), seja na autobiografia (Meus verdes anos), de que se alimenta a sua ficção. O outro mostra apenas alguns flashs da memória, transfigurados pela sua poesia estonteante e desconcertante (“Debaixo do Tamarindo”, “Vozes da Morte”, “As Cismas do Destino”, “Os Doentes”, “Gemidos de Arte”, a Trilogia dos sonetos ao Pai, “Noite de um Visionário”, “Insônia”, “Tristezas de um Quarto Minguante”, e o soneto “Ricordanza Della Mia Gioventú”, que reputamos ser a memória mais substancial).

A difusora A Voz de Pocinhos, idealizada por meu pai, Hermes de Oliveira, foi ao ar pela primeira vez em 10 de outubro de 1951, execut...

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A difusora A Voz de Pocinhos, idealizada por meu pai, Hermes de Oliveira, foi ao ar pela primeira vez em 10 de outubro de 1951, executando a música Moreninha, moreninha, de Luiz Gonzaga. Sua criação se deveu, principalmente, ao programa A Voz de Campina Grande, apresentado em uma rádio da vizinha cidade, à qual, inclusive, Pocinhos pertencia, política e administrativamente, nessa época.

Meu pai era, por assim dizer, um multimídia: músico, alfaiate, eletricista, ativista cultural, locutor, animador de festas, chamador de bingos e leiloeiro de galinhas nas festas da padroeira da cidade, entre outras coisas.

Alguns leitores pensam que eu crio as histórias que conto. Ocorre que a realidade é tão maravilhosa que nenhuma mentira se lhe compara....

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Alguns leitores pensam que eu crio as histórias que conto. Ocorre que a realidade é tão maravilhosa que nenhuma mentira se lhe compara. Um exemplo simples são as histórias de Boréu.

Eram sempre vistos juntos desde a oitava série quando passaram a sentar lado a lado no banco escolar. Antes disso, não. Afinal, em todo...

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Eram sempre vistos juntos desde a oitava série quando passaram a sentar lado a lado no banco escolar. Antes disso, não. Afinal, em todos os cantos do mundo, menino e menina apenas se buscam quando começa ele a engrossar a voz e, ela, a afinar a cintura.

Não foi diferente com aqueles dois. Recém-ingressos na adolescência, decidiram que se completavam. Ele era bom em gramática e literatura, enquanto ela se dava de melhor modo com as ciências exatas.

Aujourd’hui, dans nos sociétés évoluées, le loisir est une réalité familière. Joffre Dumazedier (in Vers une civilization du Loisir , ...

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Aujourd’hui, dans nos sociétés évoluées, le loisir est une réalité familière.
Joffre Dumazedier (in Vers une civilization du Loisir, Éditions du Seil, Paris, 1962)

Nos finais dos anos '50 (século passado), a civilização ocidental — curadas as feridas decorrentes da Segunda Grande Guerra — ingressou em uma nova era econômica, de elevada produtividade, com uma consequente melhoria de ganhos salariais e um aumento das horas disponíveis para um otium cum dignitate, a que considerável parcela da comunidade econômica de então chamou de “nova revolução industrial”.

“A desigualdade econômica, quando alcança certo ponto, se institucionaliza. Tal fato, que observamos nas sociedades humanas – a tendê...

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“A desigualdade econômica, quando alcança certo ponto, se institucionaliza. Tal fato, que observamos nas sociedades humanas – a tendência das desigualdades a se institucionalizarem, e a formar classes -, também pode ocorrer entre as regiões do mesmo país.

Quando a desigualdade entre níveis de vida de grupos populacionais atinge certos limites, tende a institucionalizar-se. E quando um fenômeno econômico dessa ordem obtém sanção institucional, sua reversão espontânea é praticamente impossível.

Reconhecimento e gratidão são coisas que não podemos deixar para depois, mas acontece. E quando ocorre, aquele cantinho escuro, pouco ...

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Reconhecimento e gratidão são coisas que não podemos deixar para depois, mas acontece. E quando ocorre, aquele cantinho escuro, pouco visitado por nossos mais marcantes sentimentos, sejam eles de saudade ou de reconhecimento, fica condenado à aridez de um Saara.

Não podemos perder a oportunidade de um abraço, de um beijo, ou quem sabe de um simples olhar fazendo parceria com um sorriso transbordando de benquerença. Precisamos dessas coisas para não nos sentirmos indiferentes às mais básicas relações de uma humana convivência com aquelas pessoas, que por um motivo ou outro, marcaram nossas vidas com tintas de ternura.

Já em meado do século XIX o presidente da Província da Paraíba, Sá e Albuquerque falava da expansão do café pelo do Br...

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Já em meado do século XIX o presidente da Província da Paraíba, Sá e Albuquerque falava da expansão do café pelo do Brejo, cultura que há décadas se adaptou ao clima e às sombras das serras, mesmo que as terras férteis da região proporcionassem bom cultivo de cana-de-açúcar.

Pela hegemonia econômica no Brejo, havia uma boa disputa por maior posição na produção entre o café e a cana, visto que a região nunca foi adaptável à pecuária.

Nem os ossos estão findos! Perpetuam-se por milênios atestando as transformações da vida biológica. Parece clichê, mas é ciência, dize...

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Nem os ossos estão findos! Perpetuam-se por milênios atestando as transformações da vida biológica. Parece clichê, mas é ciência, dizer que “na natureza nada se perde”, tudo se renova.

Nunca tive afinidade “religiosa” com o ambiente de cemitérios. Poética, sim, pois nos ensinam sobre a realidade dos ciclos vitais, que alguns preferem esquecer. E há cemitérios bonitos, bucólicos, bem cuidados, muito arborizados, que servem até ao lazer contemplativo, confraternização e piqueniques.

Há quase onze anos recebi a informação de um grande amigo que havia uma igreja muito antiga em estado de ruína, bem escondida em meio a...

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Há quase onze anos recebi a informação de um grande amigo que havia uma igreja muito antiga em estado de ruína, bem escondida em meio a mata na região fronteiriça entre o município de Lucena e terras de Rio Tinto, no litoral norte da Parahyba, distante 135km de Campina Grande. De pronto vasculhei os limites municipais através do sistema de satélite proporcionado pelo Google Earth e encontrei a imagem do que parecia ser uma ruína sem telhado com uma das partes tomada pela copa de uma árvore. Seria aquela construção a tal igreja dita pelo meu saudoso amigo Jean Dantas?

Desde a minha infância que sei da “existência” dela. Quando crianças, muitas noites, antes de dormir, nós nos deitávamos no chão para o...

Desde a minha infância que sei da “existência” dela. Quando crianças, muitas noites, antes de dormir, nós nos deitávamos no chão para ouvir histórias assombradas, contadas por nossas auxiliares, quase todas originárias do interior do estado. Eram histórias muito ricas de detalhes, de nomes, de escadas rangentes, corredores escuros, pianos que tocavam sozinhos, sempre à noite, e sótãos mal-assombrados.

À historiadora Natércia Suassuna ( in memoriam ) As ideias e os livros são assim: mexem com as pessoas. Não tenho dúvidas de que e...

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À historiadora Natércia Suassuna (in memoriam)

As ideias e os livros são assim: mexem com as pessoas. Não tenho dúvidas de que este é um dos seus papéis primordiais. E será sempre desta forma! Acredito que onde se semear uma ideia, onde surgir um livro, os indivíduos se inquietarão.

O Jubileu de Ouro do Jardim Glória, João Pessoa, 2006, Edições Sal e Terra, 650 p. Il., é um livro da Historiadora Natércia Suassuna (1941-2021) que, de maneira leve, despretensiosa e com vasta iconografia, cumpre este desiderato.

Umberto Eco escreveu certa vez que não gosta de usar reticências. O motivo é que esse sinal de pontuação sugere arrogância. Ao antecede...

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Umberto Eco escreveu certa vez que não gosta de usar reticências. O motivo é que esse sinal de pontuação sugere arrogância. Ao anteceder uma palavra ou uma oração de reticências, parece que o escritor está dizendo: Preparem-se, que eu vou dizer uma coisa espirituosa. Como vocês certamente não perceberão, estou preparando seus espíritos com esses três pontinhos...”.

Sempre me lembro das palavras de Eco quando me deparo com um rs em textos que recebo na internet. Na internet, sim, pois até agora só vi esse agrupamento de letras no espaço virtual. Como todo internauta sabe, sua função é informar que o autor está sorrindo.

Decidi começar uma vida de crimes. Já me vejo retratada por Gloria Perez em alguma novela futura, as redes sociais ardendo, psicólogos ...

drummond poesia
Decidi começar uma vida de crimes. Já me vejo retratada por Gloria Perez em alguma novela futura, as redes sociais ardendo, psicólogos opinando, amigos envergonhados e William Bonner, com ar tão grave, a ler um editorial sobre o fim da inocência. Se apanhada, eu, criminosa não arrependida, direi que a culpa é dessa tal poesia que entra pelos olhos da gente, instala-se sem a menor cerimônia e nos faz amar os que estão mortos há tempos. Gente que se tornou estátua.

O filósofo Aristóteles definiu que a virtude humana pode ser de dois tipos: a intelectual e a moral. A intelectual teve seu nascimento...

tempo individualismo egocentrismo
O filósofo Aristóteles definiu que a virtude humana pode ser de dois tipos: a intelectual e a moral. A intelectual teve seu nascimento e desenvolvimento na educação, e por isso exige experiência e tempo para ser atingida. Já a virtude moral é adquirida pelo hábito, não surge em nós por natureza. Na prática dos atos humanos, nos tornamos justos ou injustos, corajosos ou covardes. Prestando atenção a esses atos diários, avaliamos as diferenças de caráter. Essa prática de boas atitudes, desde a infância, faz uma grande diferença na formação de gente. E essa mesma tenra idade, que todos tivemos o privilégio de viver, inspirou Nietzsche a encarar o tempo como um jogo lúdico, igual uma criança à beira do mar construindo um castelo de areia. Mesmo sabendo que o mar irá destruir mais tarde, ela não deixa de fazê-lo, pelo simples prazer em vivenciar aquele evento, pois é de sua natureza a necessidade de viver.

Motivo para pessimismo não falta, sabemos bem. É só abrir os jornais sobreviventes e assistir às TVs. O bicho-homem continua agindo mal...

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Motivo para pessimismo não falta, sabemos bem. É só abrir os jornais sobreviventes e assistir às TVs. O bicho-homem continua agindo mal, não aprende as lições da História e se compraz, sob muitos aspectos, em permanecer nas cavernas e não no século XXI. Apesar disso, genericamente, o mundo avança. Devagarinho, mas avança. É só prestarmos atenção, para, em alguma medida, encontrarmos um mínimo de consolo em meio a tanta desolação. Vejamos.