"Tudo que é sólido desmancha no ar” é uma frase famosa extraída do Manifesto Comunista de Marx e Engels. E é também o título d...

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"Tudo que é sólido desmancha no ar” é uma frase famosa extraída do Manifesto Comunista de Marx e Engels. E é também o título do célebre livro do norte-americano Marshall Berman, um extenso ensaio sobre a modernidade. Aqui não vou comentar o contexto original da frase nem a obra ensaística de Berman. Faltam-me espaço e ciência para tanto. Ficarei apenas com o sentido comum da mesma, despindo-a de quaisquer significados político-filosóficos, ficando, portanto, no rés do chão de sua quase literalidade, ok? Pois bem.

Ah! Como é maravilhoso sonhar! Os sonhos, às vezes, dão certo e acabam virando realidade, ou quase. Em 2006, em companhia do saudoso pr...

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Ah! Como é maravilhoso sonhar! Os sonhos, às vezes, dão certo e acabam virando realidade, ou quase. Em 2006, em companhia do saudoso professor Antônio de Souza Sobrinho, ex-Reitor da UFPB, por motivos profissionais, fomos à cidade de Dona Inês, no Curimataú Oriental paraibano.

Chegou com algumas ferramentas. Em roupas desgastadas, se aproximou de um canteiro da praça: iniciou a labuta. As flores sorridentes pe...

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Chegou com algumas ferramentas. Em roupas desgastadas, se aproximou de um canteiro da praça: iniciou a labuta. As flores sorridentes pelo trato. As plantas dançando na chuva dos respingos do aguador. Manhã de sol, gente observando a atitude do jardineiro. Seria algum funcionário da prefeitura local?

Para Hildeberto Barbosa Filho De palavra em palavra sai brotando o poema. No negro maior que foi Cruz e Souza basta, absoluta, a pala...

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Para Hildeberto Barbosa Filho

De palavra em palavra sai brotando o poema. No negro maior que foi Cruz e Souza basta, absoluta, a palavra, a bólide. Em Casimiro de Abreu ela desanuvia em “Meus oito anos”, à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais. Em nosso Augusto é música, número, estalactite, filosofia, verme, energia, o eu e o cosmo. Nenúfares? Não, longe de Augusto os nenúfares.

Nós estamos condenados a sermos plurais. Mais que isso: estamos condenados à convivência com o diverso. Trata-se de um imperativo da na...

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Nós estamos condenados a sermos plurais. Mais que isso: estamos condenados à convivência com o diverso. Trata-se de um imperativo da natureza que nos torna singulares. A convivência com o divergente nos leva ao divino. Não fora, por exemplo, o diverso, certamente Karl Marx não teria se notabilizado com sua obra, não haveria o marxismo e todas as suas implicações para a História recente da humanidade. Pois a verdade é que ninguém, naquele momento, poderia ser mais diverso do que Marx. Apenas para citar um exemplo, digamos, mais irônico.

Certa vez, tudo por aqui virou um inferno. Um bendito inferno, cheio de poesia, imaginem só! Melhor ainda, um inferno sem calor. Pelo ...

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Certa vez, tudo por aqui virou um inferno. Um bendito inferno, cheio de poesia, imaginem só! Melhor ainda, um inferno sem calor. Pelo contrário, bem friozinho.

Quando andava às voltas com a Comédia de Dante Alighieri, a boadrasta Alaurinda nos lembrou de que a cova mais profunda dos quintos do inferno dantesco é tão fria que até as lágrimas congelam, antes de escorrerem sua dor pelas faces do tormento.

Meu brinquedo favorito na infância era o playmobil. Envelheci e ele sumiu da minha vista por muito tempo. No Brasil, não era comum...

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Meu brinquedo favorito na infância era o playmobil.

Envelheci e ele sumiu da minha vista por muito tempo. No Brasil, não era comum vê-lo mais em propagandas, nem exposto em prateleiras. Foi durante um passeio numa loja de departamentos na Europa que o reencontrei. A surpresa foi tão boa que comprei um exemplar. Era um astronauta que vinha num saquinho. A minha impressão foi que o boneco tinha sido reduzido de tamanho, por alguma mudança no mercado, economia de matéria-prima ou preferência do público infantil. Descobri, depois, que o playmobil sempre teve os mesmos 7,5 centímetros.

      Rotina Convivia-se com a conformidade de ter o universo próximo de casa. O espaço delimitado pelo absurdo traço da co...

poesia capixaba jorge elias neto
 
 
 
Rotina
Convivia-se com a conformidade de ter o universo próximo de casa. O espaço delimitado pelo absurdo traço da conveniência era marcado pelas solas dos sapatos. (e trazia a fotografia do mijo fora da privada) Para o gozo o número era par. Pouco importava a singularidade da morte.

“Eu lhes proponho etimologias contendo a mesma letra x — as palavras latinas anxius, ansioso, e anxia, ansiedade — em lugar de benzod...

ansiedade depressao andrea marcolongo
“Eu lhes proponho etimologias contendo a mesma letra x — as palavras latinas anxius, ansioso, e anxia, ansiedade — em lugar de benzodiepina”
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É com um tom bem-humorado e inteligente que Andrea Marcolongo escreve Etimologias para sobreviver ao caos (Étymologies pour survivre au chaos, Paris, Les Belles Lettres, 2020), tecendo a história das 99 palavras que ela escolheu para uma incursão etimológica inusitada.

Dia desses, li um texto maravilhoso, riquíssimo em detalhes e emoções, em que a autora falava sobre uma xícara de estimação que perten...

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Dia desses, li um texto maravilhoso, riquíssimo em detalhes e emoções, em que a autora falava sobre uma xícara de estimação que pertenceu a sua mãe. Essa história me tocou e, nostálgica e tristemente, fiquei pensando num tesouro, uma relíquia, que tínhamos em nossa casa.

Em meio a tantas dificuldades para minha família se alimentar, além de vestir e manter sete filhos pequenos, causava-me estranheza a existência daquela louça branca de porcelana, delicada e fina, guardada a sete chaves, num velho móvel tipo Luiz XV.

Meu colega escritor René Descartes ensinava, em seu "Discurso do método", que o bom senso deve ser a coisa mais bem distribuí...

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Meu colega escritor René Descartes ensinava, em seu "Discurso do método", que o bom senso deve ser a coisa mais bem distribuída do mundo, porque até mesmo os mais difíceis de contentar não pretendem ter mais bom senso. Andou certo o querido René; mesmo quando nos dirigimos a Deus, pedimos mais saúde, mais dinheiro, mais tempo de vida.... Porém, não conheço ninguém que tenha rezado algum dia implorando por mais bom senso.

A vegetação de Caatinga com pontos verdes de algumas chuvas esparsas, as plantas belas e igualmente hostis com seus inúmeros espinhos...

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A vegetação de Caatinga com pontos verdes de algumas chuvas esparsas, as plantas belas e igualmente hostis com seus inúmeros espinhos, pedras perdidas no espaço como marcos de um mundo distante, os bichos escondidos à espreita e sobre a paisagem o Sol reinante que alcança praticamente todos os recantos. Aos humanos, animais estranhos, o astro rei torna-se ainda mais inclemente. A definição, por mais estranha que pareça, é de uma espécie de paraíso.

Havia duas ou três de linho branco com bordados manuais e espaçozinhos vazados a ponto de permitirem a visão do tampo da mesa em seu me...

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Havia duas ou três de linho branco com bordados manuais e espaçozinhos vazados a ponto de permitirem a visão do tampo da mesa em seu melhor verniz. Eram as meninas dos olhos de dona Vininha. Mas eu gostava mesmo era daquela com desenho de xadrez, em vermelho e branco. Tinha essa última, sem dúvida, as cores e o clima das festas de dezembro.

CONFESSO, NÃO SEI REZAR Confesso, não sei rezar, Mas, preciso agradecer; Coração esplandecer, Sentimento desnudar. ...


CONFESSO, NÃO SEI REZAR
Confesso, não sei rezar, Mas, preciso agradecer; Coração esplandecer, Sentimento desnudar. Nestes versos transbordar, A leveza que há em mim, Pela dor que teve um fim, E me trouxe avivamento, Eis meu agradecimento, Pelo amor que veio, enfim.

Quando Carlos Drummond de Andrade se despediu do Jornal do Brasil, em 1984, em que publicava crônicas desde 1969, pegou seus leitore...

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Quando Carlos Drummond de Andrade se despediu do Jornal do Brasil, em 1984, em que publicava crônicas desde 1969, pegou seus leitores de surpresa. Seus textos traziam um alento para quem os lesse. No nosso caso, somente ao final da tarde quando o jornal chegava por aqui.

Quase quatro décadas depois, mesmo que não seja uma despedida definitiva, mas uma limitação de publicações de suas crônicas, Gonzaga Rodrigues surpreendeu seus leitores dizendo que somente passaria a escrever aos domingos.

Desde 2005 eu vinha trabalhando sem parar! Coordenei o PROJOVEM - Programa de Inclusão de Jovens, no estado da Paraíba, por 5 anos segu...

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Desde 2005 eu vinha trabalhando sem parar! Coordenei o PROJOVEM - Programa de Inclusão de Jovens, no estado da Paraíba, por 5 anos seguidos, mergulhando fundo na metodologia do programa e na realidade daqueles jovens.

Depois disso, em 2011, assumi a Secretaria de Estado da Educação e, por 4 anos, dei outro grande mergulho, dessa vez envolvendo todos os 223 municípios da Paraíba.