O enigma das palavras
Zonza de não saber
de onde vem
o caudal de palavras
que se entranham pelas frestas
em qualquer papel em branco
Esparramam-se na tela fria
enraizam-se compondo livros
Trazem em si a inteireza
do pensamento veloz
Põem arreios no concreto
domam, represam, estruturam
sem pôr fim ao infinito
Transitam em leitos
de essência luminosa
se moldam em curvas
que exigem contornos
se enroscam em pedras de desafio
Se fazem em fios
Acabo de lembrar. Não fui à casa da Dona Conceição, de quem eu recebera o convite: “Venha para uma tapioca. Os meninos estão em João Pessoa e querem rever os amigos de infância”. Diga-se desses meninos que um deles já então havia ultrapassado os 70 anos e, o outro, os 60.
Foram educados pela irmã como se filhos fossem. Tornei-me bem próximo do mais velho desde os idos de 1970, quando comungávamos as mesmas apreensões
Machado de Assis foi censor, José de Alencar era contra a abolição, Jorge Amado defendeu Hitler, Graciliano Ramos era... eita que hoje baixou o caboclo destrói reputações. Agora que consegui sua atenção não irei desmentir o anunciado, porém explicarei as afirmações.
Só para contextualizar: essa “achologia” surgiu da observação da trajetória de vida de muitos pacientes idosos que aos poucos vão se doando tanto que se anulam e vão perdendo espaço em seus ambientes.
Não se anule
Faça sua vida ser atrativa, desperte interesses e curiosidades.
Seja importante para as pessoas, principalmente para quem está perto.
A questão da invasão e conquista da Lusitânia é, naturalmente, a primeira que nos surge quando se pretende fazer a história do território hoje português, integrado num universo mais difuso consignado por toda a contemporânea Península Ibérica.
No início do século oitavo VIII, um exército vindo da “Ifriqiya” sob o comando do general Tariq Ibn Zayad An-Nafasi, lugar-tenente do governador berbere Mussa Bin Nusayr, desembarcou no penhasco de Gibraltar (que assume esta
Livros e filmes, pelo menos os que apreciamos de forma mais fervorosa, estão aí para deixar uma marca indelével em nossas vidas. Ficam ali colados como uma tatuagem e vez ou outra, basta uma fagulha, para que essas lembranças se transformem num braseiro da maior quentura.
As semanas seguintes chegam trazendo novas e inesperadas atividades para Carlos e amigos. Numa delas, talvez se possa dizer, invocando a seus favores uma suposta inocência da idade, em que a precária juventude os aliviou de peso na consciência - e tornou-a menos espúria. A sós, ou em grupo, captura gatos para serem atirados como alimento na jaula da onça, único felino do circo. Não há recompensa em dinheiro: Um gato, ou dois, a depender do porte, garante uma entrada de circo.
No livro A Paraíba nas Velhas Páginas dos Jornais, Wellington Aguiar informa que a notícia da Proclamação da República chegou à Paraíba com alguns dias de atraso e não foi recebida com maiores empolgações. Provavelmente, essa falta de entusiasmo se deve ao fato de que a República foi um evento que não contou com a participação popular.
No livro A República (380 a.C.), o filósofo Platão (428 a.C. — 347 a.C.) apresenta os diálogos de seu mestre, Sócrates (470 a.C. — 399 a.C.). Neste trabalho, os dois pensadores gregos expõem a maneira de governar a cidade para garantir a dignidade dos cidadãos, descrevendo e conceituando a Justiça. São abordadas as divisões de poder e os tipos de caráter que devem prevalecer entre os ocupantes de cargos públicos, sendo também discutido o que é necessário para promover o bem-estar social.
De repente, me deparo com meu retrato em pintura (arte do artista plástico Gláucio Figueirêdo - 2002) e o observo com um novo olhar. Lá estou eu e, aos meus pés, com o fruto do amasso e modelação de minhas mãos na argila, delineando as formas e resultando em peças representativas de movimentos da minha alma: minhas cerâmicas.
Ambiente de Leitura Carlos Romero
Nobre espaço de escritores,
de escritoras e contistas,
de poetas e cronistas,
grandes mestres, professores.
Universo em que os valores,
desabrocham com ternura,
enaltecendo a cultura,
com amor e muito esmero,
patrono é Carlos Romero,
Ambiente de Leitura.
Os caminhos para o Sertão me levaram à Taperoá, onde o zeloso Dorgival Terceiro Neto nasceu, amou e defendeu. Observei vaqueiros e santos guerreiros usando indumentária característica da região a percorrer caatingas, como descritas por Ariano Suassuna, outro sertanejo de estirpe em extinção.
Toda região atingida pelo estio, com o chuvisco, as raízes brotam, ramas verdes cobrem a terra seca, o homem cava a solo, o perfume espalhado atrai pássaros, e logo os olhares estão sobre todos recantos.
Ela estranhou quando o carro parou em frente à sua casa tão cedo. Não costumava receber clientes naquela hora do dia. O homem que desceu do veículo tinha o semblante assustado e, ao vê-la no alpendre, lhe fez um aceno. Ela foi até o portão; antes de abrir, notou as olheiras de quem parecia não ter dormido.
No teatro Pantomima presenciamos uma apresentação na qual metade do sentido da obra surge através dos gestos dos atores. A outra metade, você mesmo cria a seu bel-prazer.
Em sua mente, pode aparecer uma cena de horror quando seus dias estão carregados, ou uma paisagem deslumbrante, sinônimo de como você está de bem com a vida. A metade imaginada ao vivo tem o mesmo gosto do prazer exclusivo de nossa escolha, porque somos egoístas no quesito felicidade empacotada nas mãos, à disposição de um instante para se expor ou para enxugar os olhos marejados.
Relendo, por desfastio, o “Eu e eles” de José Américo, volto a me deter em seu espanto ao ver a censura de Ilya Ehrenburg a Edouard Herriot, político e escritor francês no tempo da guerra, pela importância que Herriot dava “a noções tão completamente fora de moda como ‘cumprir a palavra e salvar a honra’.” Achava o ex-presidente do Conselho do governo francês que “devemos pagar as nossas dívidas aos Estados Unidos. Porque demos a nossa palavra”.
O livro é Pensamentos vadios (Editora Ideia, João Pessoa, 2022), da professora e filósofa Maria das Neves Franca, a Nevita. É um livro da maturidade existencial e intelectual da autora (cada vez mais jovem), que trata sobre tudo, daí o título, imagino, que conduz o leitor à reflexão mais séria a respeito de assuntos aparentemente simples e cotidianos; daí também sua insuspeitada profundidade, mas sem renunciar à leveza típica da crônica e ao sabor que só as escrituras autênticas possuem.
A obra pode até ser a primeira sob a forma de livro, já que a autora confessa suas dúvidas quanto à publicação, mas, afirmo, não é trabalho de estreante. Pelo contrário, muito pelo contrário. A forma e o conteúdo dos textos revelam alguém muito à vontade e muito experiente com a escrita e com o pensamento, características incontornáveis dos verdadeiros escritores. O livro, portanto, é profundo (sem ser sisudo); e se perfunctórias são as presentes considerações, a culpa é da falta de fôlego deste cronista para mergulhos mais ousados, da limitação do espaço e do compromisso com a simplicidade inerente ao gênero lítero-jornalístico adotado.