Há muito fiz um arremedo de informações sobre Mariologia e meditei sobre um dos dogmas da Igreja Católica: a Virgindade de Maria. Ao lado da maternidade, da Imaculada Conceição e da Assunção, temos o da virgindade, que para muitos tem servido como dogma e, assim, é uma verdade inalienável, colhida com base nas Sagradas Escrituras e na Sagrada Tradição.
Maria e Jesus menino
Tal ceticismo é muito bem retratado no Proto-evangelho de Tiago, um evangelho apócrifo (A História do Nascimento de Maria), quando narra que uma mulher de nome Salomé, ao duvidar da castidade da mãe do Cristo, tenta penetrá-la com a mão, constata a virgindade de Nossa Senhora mesmo após o parto e, em seguida, pede perdão pela falta de fé. Mas não devemos nos ater à castidade física do corpo de Maria, ao sentido exotérico do dogma, e, sim, ao seu caráter esotérico.
Nas grandes religiões que antecederam o Cristianismo, encontramos sempre a Virgem que dá à luz ao Redentor da espiritualidade de um determinado povo. Assim, temos a Virgem Devaki, mãe de Khrishna, como também a mãe de Platão, que, para os gregos, foi um grande Iniciado (mistérios de Elêusis), conforme nos ensina Edouard Schuré.
Devaki e Krishna menino
"a Virgem Maria representa a alma perfeitamente unificada na qual Deus tornou-se fecundo. Ela continua virgem, pois continua intacta em relação a uma nova fecundidade."
Para finalizar, cito a seguinte passagem bíblica: "Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração" (Lc 10:42).