No teatro Pantomima presenciamos uma apresentação na qual metade do sentido da obra surge através dos gestos dos atores. A outra metade, você mesmo cria a seu bel-prazer.
Em sua mente, pode aparecer uma cena de horror quando seus dias estão carregados, ou uma paisagem deslumbrante, sinônimo de como você está de bem com a vida. A metade imaginada ao vivo tem o mesmo gosto do prazer exclusivo de nossa escolha, porque somos egoístas no quesito felicidade empacotada nas mãos, à disposição de um instante para se expor ou para enxugar os olhos marejados.
O silêncio das ideias traz à tona o sonho, a espera de um despertar magoado pela demora em se desmanchar em vida. Nem todos os atos nos levam a ser o "Lanterne Rouge", expressão tirada do transporte ferroviário, popular no século XIX, como o último vagão do trem que acendia uma luz vermelha para mostrar que era, de fato, a última composição.
Manter-se à frente das novidades nos permite escapar da sinfonia do Flautista de Hamelin, que conduziu a seu interesse cento e trinta crianças para uma caverna sem saída.
"Ao final de tanto viver, não tenha pena dos mortos, mas sim dos vivos, dos que vivem sem amor", propõe J.K. Rowling.