Esta aconteceu aqui mesmo em João Pessoa. No dia da votação para prefeito e vereador me dirigi à escola estadual na qual estão situadas...

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Esta aconteceu aqui mesmo em João Pessoa.

No dia da votação para prefeito e vereador me dirigi à escola estadual na qual estão situadas a minha zona e seção eleitorais. Há muito não moro mais no bairro de Manaíra, mas preservei o local de votação como uma deferência aos tempos de adolescência e juventude, passados lá.

Não mais vi o vendedor de castanhas. Ele pontificava na calçada de um banco do centro, ao sol, muitas vezes, ou amparado numa generosa som...

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Não mais vi o vendedor de castanhas. Ele pontificava na calçada de um banco do centro, ao sol, muitas vezes, ou amparado numa generosa sombra de carro estacionado. Homem simples, puxava conversa sobre políticos, inflação, enfim, temas tratados em circunlóquios pelos especialistas globais ou não. Em seu palavreado nada atrelado a esquemas tecnocratas, ignorava gráficos onde descem e sobem marcações.

Eu era rapazote quando vi falar nisso pela primeira vez. A roda formara-se na calçada de seu Antônio Leal da Fonseca, na hora do pão-cer...

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Eu era rapazote quando vi falar nisso pela primeira vez. A roda formara-se na calçada de seu Antônio Leal da Fonseca, na hora do pão-certeira, ele dono da padaria e prefeito. Bem mais alto que nós todos, a gravata solta ao vento, e os seus olhos de verde esmeralda dando um brilho incomum às suas palavras.

Vários anos atrás, quando fomos conhecer a Galeria dei Uffizi em Florença, notamos que na área interna havia pinturas que exaltavam as Vi...

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Vários anos atrás, quando fomos conhecer a Galeria dei Uffizi em Florença, notamos que na área interna havia pinturas que exaltavam as Virtudes: uma delas do pintor florentino Sandro Boticelli: a Fortaleza. As outras são do pintor, também florentino, Piero Del Polaiollo.

Nenhuma história que se faz no decorrer da vida tem maior importância do que outras já feitas, nem mais felizes, tristes ou significativas...

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Nenhuma história que se faz no decorrer da vida tem maior importância do que outras já feitas, nem mais felizes, tristes ou significativas. É apenas mais uma e por si só, deve ser respeitada seja como experiência, seja por vergonha de a haver feito, ou pelo prazer de a haver saboreado.

Quase todo centro espírita brasileiro tem um pequeno jornal, mural informativo ou boletim. Alguns imprimem em cores, outros fazem boletins...

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Quase todo centro espírita brasileiro tem um pequeno jornal, mural informativo ou boletim. Alguns imprimem em cores, outros fazem boletins fotocopiados. Quem não tem veículo próprio, põe no mural o jornal de uma federativa ou de outro centro espírita. Programas de rádio, revistas, páginas na internet e alguns poucos – e honrosos – esforços para fazer programas de televisão mostram o quanto as instituições espíritas vivem enamoradas da comunicação social. Mas há conflitos sérios nesse relacionamento.

Literatura se alimenta, sobretudo, de literatura. Todo teórico e crítico sabe disso. Todo escritor tem consciência desse fato, afinal de c...

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Literatura se alimenta, sobretudo, de literatura. Todo teórico e crítico sabe disso. Todo escritor tem consciência desse fato, afinal de contas não existe escritor que não seja antes um leitor. Esse processo de texto que se forma de outros textos pode ser chamado de intertextualidade, caso alguém opte pela teoria de Julia Kristeva, ou de transtextualidade, caso se firme na teoria de Gérard Genette, que ampliou e aprofundou os conceitos daquela autora. Intertextualidade ou transtextualidade, pouco importa o nome técnico que se dê, relevante mesmo é sabermos que, quando estamos lendo um texto, sempre há outro(s) texto(s) que se encontra(m) devidamente retrabalhado(s) sob muitas dobras.

Quando passávamos pelas várzeas do Rio Paraíba e chegávamos à região do Brejo, num olhar às enseadas ou chãs onde existem plantações de cana...

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Quando passávamos pelas várzeas do Rio Paraíba e chegávamos à região do Brejo, num olhar às enseadas ou chãs onde existem plantações de cana, flamboyants e pau d’arcos floridos, com as capelas ao redor dos antigos engenhos, o deslumbramento se completava.     

As capelas estão presentes nas construções de muitas cidades, desde os mais remotos tempos. Foi uma pequena capela de taipa erguida nas imediações do Rio Sanhauá que marcou a pacificação entre portugueses e índios, e o início da construção de nossa capital.  

Na nascente civilização brasileira, em alguns Estados do Nordeste, cinco séculos atrás, pelas mãos de jesuítas e franciscanos, em povoações e pequenas aglomerações rurais que se formavam em torno dos engenhos, surgiam capelas como relevante símbolo do Cristianismo e da fé na adolescente cultura religiosa no novo Continente, que hoje, em certos lugares, ainda estão presentes no que restou destas edificações que foram surgindo no decorrer dos tempos.  

   As imagens do Engenho Pau d’Arco ganharam vida nas páginas do “EU” pela criatividade poética de Augusto dos Anjos, mesmo recordadas com nostalgia. Outras são encontradas nos romances telúricos de José Lins do Rego, com páginas de relevante valor estético de nossa literatura que falam desses ambientes das casas-grandes e das capelas dos engenhos. Lugares, onde existe uma força mítica misturada ao sabor da garapa de cana e do cheiro das frutas tropicais, perpetuados na palavra escrita, mesmo que o desleixo de alguns proprietários contribuiu na destruição de muitas delas.

   Ainda existem resquícios de antigos engenhos ou fazendas de café no Brejo, com grossas paredes que sustentam no alto uma cruz, símbolo milenar da fé cristã, mesmo cobertas pelo melão-de-são-caetano. Muitas paisagens dos livros de José Lins ganham vida nas mentes e trazem emoção aos corações de visitantes ao contemplar esses ambientes centenários, em alguns casos, guardando suas antigas características.  

Por volta de 1850, junto do primeiro engenho de Serraria, foi construída no sopé da elevação uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora da Boa Morte, originando-se, então, a cidade que se estendeu pelo cocuruto da serra, onde cinquenta anos depois iniciaram a construção do imponente monumento sede da Igreja do Sagrado Coração de Jesus. 

Quando perambulando pelos canaviais de Serraria, contemplo a paisagem dos morros pouco além de nossas cabeças, parecendo estar junto das nuvens, e vendo os velhos engenhos de fogo apagado, lembro-me da importância dos pequenos monumentos religiosos erguidos como proposta de símbolo da solidariedade e da confiança no transcendental. Cada capela com sua simplicidade arquitetônica guarda o registro daqueles que ajudaram na construção da civilização do açúcar e do café, em cujo ambiente circundam esplendor invisível.  

Nas regiões do Vale do Rio Paraíba e no Brejo, com o tempo, muitos engenhos e fazendas, lugares onde também se cultivava algodão e criava-se gado, desapareceram, levando de reboque as capelas. Seus novos donos, na maioria, não se deram conta da importância dos monumentos que marcam a riqueza histórica da região e o passado das famílias.  

Nem todos se dão conta de que a arte é o meio mais cauteloso para fugirmos do mundo opressor e por meio dela nos vincularmos à vida. Semeia um gozo de liberdade quando estabelecemos uma relação genuína com esses antigos ambientes, e também com a natureza que os rodeia. 

As capelas não são apenas adornos ao ambiente em redor das casas-grandes e dos engenhos, mas surgiram como sinais das visões místicas dos antepassados, e deixam os lugares mais belos. 

José Nunes é poeta, escritor e membro do IHGP

O episódio nº 12 da Pauta Cultural entra no ar na ALCR TV com atualidades do mundo cultural participação dos autores,  leitores e telespe...

O episódio nº 12 da Pauta Cultural entra no ar na ALCR TV com atualidades do mundo cultural participação dos autores,  leitores e telespectadores do Ambiente de Leitura Carlos Romero.

Nesta pauta destaque para:

O lançamento do livro de contos dos escritores Sonia Zagheto e Claudio Chinaski, “A Página em Branco dos Teus Olhos”

O lançamento do livro "Nobelina" - poesias de Cibelle Laurentino,

Curso gratuito on line, promovido pela UFABC - “Ler e Escrever Poesia – um percurso” – com 80 horas de duração (cursos.ufabc.edu.br)

Resumos comentados sobre os textos:

“O tema do déspota nos romances hispano-americanos” – da professora Ester Abreu (ES)
“A chamado do Brasil - de Gonzaga Rodrigues
“A noite do corta-jaca no palácio presidencial” - de Flávio Ramalho de Brito

Além dos comentários dos leitores Fernando Melo, Abelardo Jurema Filho e Rosa Aguiar

O episódio desta Pauta Cultural foi ilustrado com obras do artista plástico paraibano Flávio Tavares.



O célebre conto (ou novela) “ Cândido ou O Otimismo ”, de Voltaire, termina com o personagem que dá nome à obra afirmando, conclusivo, “.....

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O célebre conto (ou novela) “Cândido ou O Otimismo”, de Voltaire, termina com o personagem que dá nome à obra afirmando, conclusivo, “... devemos cultivar nosso jardim”. Essa foi sua resposta final ao otimista Pangloss, outro personagem, que, mesmo à vista das piores desgraças, insistia em dizer que vivíamos no melhor dos mundos, que todos os males que afligiam e afligem os homens eram necessários – e até benéficos – porque terminavam sempre, segundo ele, por conduzir-nos a finais felizes. Esta maneira otimista de pensar já vinha do poeta inglês Alexander Pope (1688-1744) e do filósofo alemão Leibniz (1646-1716), de modo que Voltaire tomou a si a responsabilidade de contestá-la, fazendo-o ao seu estilo, ou seja, com muita inteligência, humor e ironia.

O Físico e Astrônomo Carl Sagan (1934 - 1996) afirmou que se o tivessem interrogado sobre qual lugar desejaria ter conhecido, ...

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O Físico e Astrônomo Carl Sagan (1934 - 1996) afirmou que se o tivessem interrogado sobre qual lugar desejaria ter conhecido, ele certamente teria escolhido conhecer a Biblioteca de Alexandria. A Biblioteca foi o cérebro e a glória da maior cidade da Terra, porque concentrou o maior número de intelectuais e pesquisadores da época.. Durou cerca de 700 anos (300 A.C.- 400 D.C.), mas gradualmente em diversas etapas foi sendo destruída. Foi o primeiro Instituto de Pesquisa do mundo. Possuía dez laboratórios de pesquisas, um zoológico com animais da Índia e da África Subsariana (área sul do Deserto do Saara), jardins botânicos, salas de dissecação, observatório astronômico bem como era uma grande centro de fabricação de papiro.

Os historiadores da música popular do Brasil costumam designar como “Época de Ouro” o período que se estende do final da década de 1920 at...

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Os historiadores da música popular do Brasil costumam designar como “Época de Ouro” o período que se estende do final da década de 1920 até meados dos anos 1940. Para o pesquisador Jairo Severiano o que caracteriza esse recorte temporal é a fixação de dois gêneros tipicamente brasileiros, o samba e a marchinha, e “o aparecimento de um grande número de artistas talentosos numa mesma geração, a geração de 30”.

Pousada no píncaro da torre da Igreja do Carmo uma pombinha mesclada em branco e cinza. Animada em saracotear as penas, beliscando-s...

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Pousada no píncaro da torre da Igreja do Carmo uma pombinha mesclada em branco e cinza. Animada em saracotear as penas, beliscando-se, o sol aprazível numa tarde calorenta, bonita. No chão muitas delas com aqueles passos elegantes, comendo farelo e restos de comida. Sempre pessoas espalham o alimento para as avezinhas ternas.

Nunca imaginei que, de repente, Iraci viesse influir com tanta evidência nas minhas considerações de experiência pessoal no trato com os m...

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Nunca imaginei que, de repente, Iraci viesse influir com tanta evidência nas minhas considerações de experiência pessoal no trato com os mistérios da vida. Iraci como está escrito, com i mesmo.

Quando a conheci - num instante para toda a vida - não deu para ver melhor seu rosto ou detalhes de suas feições. Ia com pressa, com alguma coisa a buscar, a fazer, sem dar ou sem ter chance ou lembrança de passar outra imagem da vida.

Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões ...

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Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões pouco exploradas pelo limitado homem, inesgotáveis fontes para as mentes viajantes. Em céus e mares, há mais vidas, cores e mistérios, portanto, riquezas da criação, que possamos imaginar.

Aprender de vibração Aprender de vibração é uma ação permanente sentir o hálito imanente da primeira criação atinge esta co...

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Aprender de vibração
Aprender de vibração é uma ação permanente sentir o hálito imanente da primeira criação atinge esta condição que sabe vibroturgia quem com este estudo alia outros divinos saberes, encantamentos, dizeres, sabe fazer profecia.

Naquele dia, o texto precisava fluir a tempo. Foi como se necessitasse urgente de uma torneira aberta para dar caminho às águas que queriam...

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Naquele dia, o texto precisava fluir a tempo. Foi como se necessitasse urgente de uma torneira aberta para dar caminho às águas que queriam sair para algum destino. Uma gota espremida, já quase saindo, fez-me sentar e escrever sobre um dos melhores seres humanos que havia conhecido nesta vida: um papagaio.

Ele queria medir o mundo. Com as mãos ou com as ideias. O mundo e vários outros que cabiam na imaginação fértil, na mente encantada das cr...

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Ele queria medir o mundo. Com as mãos ou com as ideias. O mundo e vários outros que cabiam na imaginação fértil, na mente encantada das crianças.

Havia se afastado dos adultos, decerto sorrateiramente ou mesmo sem se aperceber. Atraído pela penumbra da rua perpendicular à praça, ambiente mais propício a libertar o imaginário, engrandeceu-se no sossego da solidão.


Ali, à certa distância dos familiares, bem entretidos no banco da praça iluminada e dominicalmente festiva, ele se sentia livre, jamais só. É admirável a capacidade das crianças em construir e interagir num mundo próprio, com infinidade de sonhos e personagens. Naquele instante, na calçada que beirava o muro alto e comprido, era imenso o universo do garoto simples, de uns 6 ou 7 anos.

Com o pedacinho de uma régua ou trena velha que deveria ter achado no chão, ele media o muro meticulosamente, palmo a palmo. Completamente absorto na cuidadosa e importante tarefa, não se importava com quem passava na rua. Talvez não mais lembrasse de que dia era, nem dos pais que não notaram sua ausência. Era tudo o que ele queria. Medir o muro. As gangorras e balanços que se movimentavam alegremente na praça cheia de gente não o atraíam tanto quanto o trabalho de aferição métrica.

Com as mãozinhas pequenas, levantadas acima dos olhos, palmilhava os pedaços de parede chapiscada, que a desgastada tira de trena permitia. Corpo e mente imersos, silenciosamente caminhavam juntos, a passos miúdos, nos centímetros que se multiplicavam ao longo da rua.

Qual seria a expectativa da relevante medição, do levantamento que ora requereria precisão tão atenciosa do dedicado topógrafo? Sabe Deus. São imponderáveis os encantos que habitam a mente pura da infância. Nem o olhar revela.

Somente a ele importava. Quem sabe estaria medindo sonhos de ser um futuro pedreiro, um mestre de obras, construtor, arquiteto? Quem sabe media a distância entre realidade e imaginação? Ou mesmo o tamanho dos limites impostos por sua condição...

Não, ele ainda não ligava para isso. Não tinha noção da dimensão das injustiças inerentes ao tecido social em que se inseriu desde que nasceu. Nem imaginava que eram muito maiores do que aquele muro, cuja extensão devagarzinho tentava aquilatar.

Antes que concluísse a esmerada tarefa, já perto da esquina, misteriosamente iluminada pelo poste, ouve o chamado da mãe:

— “Vem simbora, menino, que danado tás fazendo aí nesse escuro, ôxe?!!

E tudo desabou na seca realidade, que agora podia ser medida. Ainda bem. Melhor que ele não concluísse a sonhada medição. Assim se preservaria e guardaria, sem limites, os sonhos que aferia, dos quais jamais alguém saberia. Nem eu, nem você, leitor. Já saímos deste mundo, chamado por Jesus de Reino dos Céus...


Germano Romero é arquiteto e bacharel em música

Num breve resumo até aqui: a domesticação de plantas e sementes levara a uma infinidade de outras, desde a domesticação do habitat à dos ...

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Num breve resumo até aqui: a domesticação de plantas e sementes levara a uma infinidade de outras, desde a domesticação do habitat à dos deuses, antes reclusos em penhascos e grutas de difícil acesso para evitar profanações. A domesticação em cadeia do habitat produzira a aldeia, e esta, no berçário ainda dos primeiros equipamentos da futura urbs, teve de conter aparelhos e modos de estocagem, possibilitando assim a prática do escambo entre aldeias; a benesse das trocas quebrou o isolamento entre elas, e abriu possibilidades para a diversificação da riqueza, e a nova interdependência reafirmou a necessidade de alargar uma paz desde sempre facilitada por memória vazia de guerra anterior.

– Papai, o que é idiossincrasia? – “Índio” o quê? – Não é “índio”, é “idio”. ...

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– Papai, o que é idiossincrasia?

– “Índio” o quê?

– Não é “índio”, é “idio”.


O pai hesita, pensa um pouco.

– Onde você viu essa palavra?

– Não interessa. Quero saber o que ela quer dizer.

– Aposto que foi na internet, em um desses saites suspeitos. Você está me escondendo alguma coisa...