Não tentem traduzir, perde a graça. Royal Briar , sim, em sua tão conhecida forma, é como deve permanecer em benefício das nossas melhores...
Nos tempos da brilhantina
No julgamento do Habeas Corpus 300, o Presidente da República perguntou aos ministros do Supremo quem lhes daria o Habeas Corpus que eles...
O Supremo bateu pino
Quando a gente tinha tempo… Meus olhos não tinham pressa. Minha cidade era pequena, tinha carroças puxadas por cavalos, mulheres equilibra...
O menino e o tempo
Esta declaração de Picasso poderia ser a epígrafe de um comentário sobre o livro "Para Tocar Tuas Mãos": "Me tomó cuatro...
O livro de William Costa
Isso a propósito de uma assertiva de Marco Lucchesi na quarta capa da publicação:
Faz dias, o confrade José Edmilson Rodrigues, do Instituto Histórico de Campina Grande, pautou-me depoimento sobre Félix Araújo , cujo cen...
Félix Araújo
Aurora Basta uma manhã perfumada para florescer o veludo e outras romãs orvalhadas.
Até onde o vento for
Isaurinha era linda, cabelos longos, cintura fina e ancas largas. Uma belezura, de costas. Já de frente, não era nada bonita. Mesmo assi...
A paixão é inusitada
Não sei porque ainda me surpreendo com a arrogância de alguns jovens. Outro dia recebi mensagem de um jovem poeta no Direct do Instagram...
Precaução e caldo de galinha
Quando meus filhos estavam no início de suas vidas escolares e nas descobertas fora do mundo familiar, meu coração ficava acelerando ao...
Famílias
Sei que para Roberto, meu primogênito, foi mais difícil. Por isso, chorava muito quando o ônibus escolar chegava. Para Matheus, nem tanto. Pegou na mão do irmão e mergulhou pelas portas do novo mundo. Vitor, meu caçulinha, nem deu cabimento para minha aflição,
O filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804) curiosamente se parece um pouco com uma boa parcela dos políticos e juristas: quase sempre ...
Kant, um pensador 'pão de queijo'
Caminhando pelas ruas do bairro de Bodocongó, como a acostumar o olhar depois de passar tanto tempo privado desses passeios, avisto de lon...
Memórias de circo
Os proparoxítonos são nobres. Os paroxítonos, triviais (correspondem à maior parte do léxico). O que dizer dos oxítonos? Com a tônica na ...
Oxítonos
Talvez por isso eu tenha por eles um “xodó”. Um inexplicável “lundum”. Uma admiração sem “rapapés”. Sou Chico, mas gostava de ouvir um amigo que me chamava de “Chicó”. O esticamento e a abertura da sílaba final faziam a palavra soar como um dó de peito. Era difícil resistir ao apelo de quem me chamava assim.
Que mulher bonita e elegante foi Lygia Fagundes Telles, a escritora recentemente falecida. Uma prova viva de que a inteligência e o talen...
Lygia
Tento apurar a atenção, sobretudo as ouças, no que está dizendo o comentarista acerca das razões ou interesses de fundo e de impérios de...
A araponga e o que me lembra
Estou nessa, a luz do entardecer já me aconselhando a acender a da Energisa, quando sou subitamente arremessado de mim e, por pouco, da cadeira em que me achava, agredido pela sonora violência de uma batida aguda de ferro ou de bigorna a um metro de minha janela. Janela alta de edifício urbano sem nenhuma mata mais próxima que justifique a visita.
Respiro, recobro-me, e não acredito no que vejo: a um metro do meu susto a remota e longínqua araponga do antigo vizinho do Tambiá, no mesmo tom esverdeado da cabeça até o gogó, o resto das vestes de um branco azulado, aquele mesmo olhinho cintilante e duro, e de bico aberto como se tivesse pousado por cansaço, nem tanto dos quilômetros voados como dos cinquenta e mais anos de distância no tempo.
Numa puxada atrás de casa, seu Terto mantinha engaiolado esse bigorneiro então popularíssimo, presente em terraços e quintais de dezenas de amadores. “Cantor extraordinário das matas litorâneas” na bela descrição de Heretiano Zenaide, em seu precioso livro “Aves da Paraíba” . “Aí (nas matas) tem ele sua tenda e tange o ferro sobre o ferro, na hora solene do entardecer”.
É o famoso ferreiro que andou pelo meu telhado de infância rural. Presença incomum na região brejeira, e por isso marcante, inesquecível aos ouvidos de quem só tinha a passarada nativa como orquestra, dispersa durante o dia, mas invisivelmente reunida, completa e bem regida para receber ou se despedir, em cantata, do sol. Quando ouvi a “Fuga” de Carlos Romero ou de Bach vagando na API da minha chegada aqui, só me lembrei da minha aérea passarada.
No tempo de curumim rural isto não chegava a ser lírico ou poético por ser a rotina. Como é rotina, sem muito encanto, a voz estridulada do bem-te-vi nas manhãs do meu arredor de hoje. Sobretudo para quem se deteve espantado, anos atrás, só para assistir, ao sol da manhã, a tirânica ferocidade desse pássaro para fazer de uma feia e mansa lagartixa a sua primeira refeição. Incrível como dois bichos de aparente insignificância protagonizam crueza tão selvagem!
Mexo-me, o ferreiro ou araponga dá-se por satisfeito, retoma seu voo, e saio atrás do velho Heretiano. Só a distância me consente hoje a liberdade desse tratamento. Menino, o que me chagava por ouvir dizer, trazida pelos ventos vizinhos de Alagoa Grande, era a fama do usineiro. Crescido, já colega de ofício do seu filho Hélio, avistava-o de barbas veneráveis em seu terraço ali pela Maximiano. Mas me liguei a ele, a sua memória, à sua verdadeira grandeza, quando li o “Meu herbário cariri” e, logo depois, “Aves da Paraíba”, obras raras do relicário natural e cultural da Paraíba e do Nordeste. Pena que me tenham levado ou não tenham devolvido o “Meu Herbário Cariri”. Se voltassem os tempos, eu o faria editar pela “Biblioteca Paraibana” de saudosa memória.
OFÍCIO Como troféu, carrego em meu pescoço os ossos do meu ofício. O peso, de tantos que são, me impele a não olhar para trás,...
Que saudades das flores de plástico
Como troféu, carrego em meu pescoço os ossos do meu ofício. O peso, de tantos que são, me impele a não olhar para trás, a diminuir os passos e a pensar que chegou a hora de enterrá-los, em cova rasa, para que descansem em paz.