Achei imperativo, antes de iniciar a temática que se segue, citar uma assertiva que deve aflorar do âmago de todos aqueles que exercem a especialidade cardiológica, que não é outra senão, em cardiologia a prevenção é e será sempre o melhor remédio.
Maria. Tão somente Maria, como a mãe de Jesus. E não precisava de mais. Por esse nome simples, belo e universal, com o seu inafastável quê de divino e ao mesmo tempo tão humano, tão comum, tão popular, todos a chamavam. E era o bastante para ela atender prestativamente ao chamado, fosse de quem fosse. Sobrenome não era necessário nem lhe importava. Sobrenome é coisa das formalidades do mundo, das vaidades do mundo, e ela viveu a vida inteira como que à margem do mundo exterior, pois seu universo, aquele que lhe bastava, resumia-se ao âmbito da casa da família que a acolhera desde mocinha e na qual exerceu todos os ofícios domésticos da época, ou seja, babá, cozinheira,
Motivado pelo debate iniciado pelo professor Milton Marques Júnior, resgatei algumas frases anotadas quando vivia na Espanha e costumava passear vagarosamente pelas ruas e praças das cidades pelas quais passei.
Sr. Martin teve câncer de mediastino. A sua doença foi tão extensa que tiveram de arrancar todo o esôfago. Para sobreviver, foi adaptada a sua ingestão de alimentos por via retrógrada. Ou seja: passou a comer PELO FUNDO!
Folgo em ver o Lajedo do Pai Mateus fazendo o encantamento da arte fotográfica de uma mineira sensível e imaginosa. Ivonete Leite converte a paisagem lítica do nosso Cariri em qualquer coisa de lunar e fantástico.
Em outubro de 1993, recebi um telefonema do saudoso engenheiro Sergio Augusto Caporali, amigo e colega de turma no curso de Engenharia Sanitária da USP em 1971. Estava nessa ocasião como Diretor do Centro Pan-americano de Engenharia Sanitária e Ciências do Ambiente (CEPIS/OPAS/OMS), com sede em Lima, Peru. Havia me indicado para trabalhar como consultor independente durante três meses, a partir de janeiro do ano seguinte, nas cidades peruanas de Chimbote, Piura e Tumbes. Meu trabalho consistiria em realizar o diagnóstico da área comercial das empresas municipais de saneamento dessas cidades.
No recesso, tive a oportunidade de conhecer a obra A Mulher Carioca aos 22 Anos, do escritor — pouco divulgado — João de Minas (Ariosto Palombo). Pouco divulgado porque quem gosta de Nelson Rodrigues irá amá-lo. Considerando que o livro em questão é de 1930 (publicado poucos anos depois), é, portanto, anterior a Nelson.
Escrevo ao sabor da emoção. Lembra-se daquela nossa conversa sobre estesia? Pois é, a vida é pura estesia, exceto para aqueles que não querem ou não sabem percebê-la. Estamos carregados de emoção, mas muitas vezes nos fechamos à sua percepção, preferimos encarar a vida com pessimismo ou com uma gravidade fora de propósito, tornando-nos ou querendo nos tornar impermeáveis a esta capacidade ímpar que a vida nos oferece: sentir a sua beleza incontornável e inquestionável, que nos invade, se estivermos dispostos a aceitar o sensível, o que nos embevece e
Se os queridos leitores pensam que o tema é bobo, preparem-se para conhecer informações fantásticas sobre a fofoca. No livro “A Colorful History of Popular Delusions” os autores abordam o tema de uma maneira incrível. Fui mais além na minha pesquisa e alcancei o refinamento das definições supostamente científicas que diferenciam a fofoca do boato e do rumor. Fofoca seria o comentário sobre a vida alheia com maledicência. O boato pretende uma informação falsa, tipo fake new. Já o rumor trata de uma informação corrente, ainda não confirmada.
Haveria uma saída. Era obrigatório haver. Estava nos últimos tempos distante, muito mais distante do que deveria, de coisas que o faziam bem. O azul foi se tornando cinza e algumas pessoas outrora queridas perderam o encanto e a sutileza em ser grácil, chegando a se tornar simplórias. Aquilo que o tocava e o promovia, foi se apequenando.
A infância já foi feita de papel colorido e ponteiras de coqueiro. Refiro-me àquela hastezinha, àquela nervura central na extensão de cada folha. Essas duas coisas trabalhadas com tesoura e cola rendiam papagaios de altos voos.
Falo das pipas, ou raias, assim conhecidas noutras paragens. Colado o papel nas ponteiras armadas em losango, bastava ajustar o cabresto, confeccionar o rabo com retalhos de pano e encontrar linha no armazém da esquina, ou na gaveta das mães. A depender do volume do novelo, aquilo quase nos permitia arranhar as nuvens.
O desejo de viver e de morrer pode ser estudado pelos personagens Eros e Thánatos da Mitologia Grega. Também na Psicanálise do médico neurologista, psiquiatra austríaco Sigismund Schlomo Freud (1856 — 1939). A Mitologia Grega é um conjunto de contos e lendas que os gregos antigos usavam para explicar o mundo ao seu redor. Isso ocorreu aproximadamente mais de setecentos anos antes de Cristo. Eles criaram os fundamentos da cosmologia, da ciência, da filosofia, da literatura, da arte e da religião. A crença afirmava que as deusas e os deuses gregos controlavam
Deuses do OlimpoLuigi Sabatelli, S.XIX
as forças da natureza e as ações humanas. Foram usados para explicar, também, os costumes, a cultura, a sociedade, a origem do Universo e da vida. O termo mitologia vem do grego antigo μιτος (mitos), que significa conto ou lenda, e λογος (logos/razão ou princípio da inteligibilidade), que significa estudo. A psicanálise freudiana surgiu no século 19. É um método que iniciou na investigação para o tratamento de distúrbios neuróticos. Essa teoria revelou a existência do inconsciente humano.
Na Mitologia Grega, Eros é o deus do amor, da fertilidade e da paixão. Thánatos é o deus da personificação da destruição e é representado por uma nuvem prateada que arranca a vida dos mortais. Na psicanálise de Freud, Eros é a energia vital que mantém o equilíbrio do psiquismo, motivando o ser humano a crescer, desenvolver-se e a impulsioná-lo à busca de bem-estar. Thánatos é a energia que motiva o ser humano a criar a própria destruição, eliminando o sentido de viver.
A médica e psicanalista russa Sabina Nikolayevna Spielrein (1885 — 1942), em seu artigo Destruição como origem do devir (1912), apresentou, pela primeira vez para ciência médica, o conceito de pulsão de morte. Esta definição influenciou a teoria da Metapsicologia desenvolvida por Freud que descreve a organização e o funcionamento do psiquismo nas obras Além do Princípio do Prazer (1920) e no Mal-estar na civilização (1929). Nelas, ele usa a expressão Todestrieb (“pulsão de morte”) sendo a oposição entre as pulsões do ego ou da morte e os instintos sexuais ou de vida. Em Além do Princípio do Prazer, um dos temas é sobre a compulsão à repetição,
que leva o ser humano a reconhecer duas formas de impulsos: a pulsão de vida, que é lançada por Eros e representa a vontade de viver e de se preservar; outro é a pulsão de morte, que é lançada por Thánatos, que é o impulso destrutivo em direção à morte. Essas pulsões estão se movendo sempre simultaneamente para satisfazer a conservação da própria vida. Em O Mal-estar na Civilização, Freud demonstra que a cultura produz uma falha psíquica no indivíduo por meio do conflito entre as necessidades do indivíduo contra a brutalidade de uma sociedade, que é oprimido em suas vontades e vive na frustração do desejo de construir o pertencimento diante das expectativas de uma sociedade normativa e inflexível, surgindo o ódio nessa tensa relação. Uma forma do indivíduo suportar a exclusão social e suas falhas existenciais é cria um deus para sublimar o próprio mal-estar.
Sigismund Freud, em 1927, ao escrever O futuro de uma ilusão, descreve as origens da religião, o seu desenvolvimento e futuro. Para o psicanalista, o homem criou a religião para corrigir as imperfeições dos perversos relacionamentos humanos. A religião é uma neurose universal que são dogmas transmitidos pelos antepassados que são impedidos de serem questionados. As crenças religiosas apresentam o desejo de afirmar a existência de um pai e a continuidade da existência através da imortalidade da alma.
A religião se apresenta como a necessidade de acolher o desamparo do homem no mundo que tem de enfrentar o destino cruel da morte; contra a luta embrutecida entre os homens, países e das destrutivas forças da natureza. Os senhores das religiões exercem a imagem de um pai que exorciza os terrores dos fenômenos naturais; anestesiam as dores de existir com a crueldade do destino. Os seguidores da neurose universal (religião) sublimam as próprias falhas psíquicas e existenciais através dos sofrimentos e de se torturarem nas privações que a vida civilizada impôs a eles. Nas patologias das ilusões alimentadas perversamente pelas religiões, o indivíduo — movido de pulsão de morte e de vida — necessita criar o próprio deus para eliminar o outro como uma forma de se purificar do próprio mal.
Para o psicanalista, a cultura e a religião criam a ilusão de afastar o indivíduo da selvageria humana, têm como objetivo conviver com as forças da natureza para dá suporte à vida e atender as necessidades do outro para que as relações humanas sejam harmonizadas. A neurose da religião gera o ‘reino do pai’ na cultura, mesmo que seja o reino do ódio e do terror que estão conduzidos pelos impulsos de Eros e Thánatos ou seja da pulsão de morte e de vida.
Em quatro esquinas me encontro.
No centro delas me perco.
Continuo sem saber por qual delas seguir.
Razão chama para as certezas.
Urgência se faz necessário. Sinto ser o certo fazer, enquanto ainda sou capaz.
Em um mundo onde muitos buscam incessantemente a última palavra, a sabedoria reside naqueles que entendem a beleza da colaboração e da humildade. A verdadeira grandeza não se encontra na imposição da própria vontade, mas sim na capacidade de trabalhar em prol do coletivo, na habilidade de ouvir e aprender com os outros, e na disposição de ser uma mente criativa, não a dona da razão.
E quando passa a correnteza que transborda, uma consciência permanece na margem silenciosa da memória; Imagens e pensamentos preciosos que não podem e nem devem ser destruídos.William Wordsworth