N ão tenho raiva, tenho é pena das pessoas que não sorriem. O sorriso é sintoma de solidariedade, de saúde, de alegria. O velho Rab...

A terapia do sorriso


Não tenho raiva, tenho é pena das pessoas que não sorriem. O sorriso é sintoma de solidariedade, de saúde, de alegria. O velho Rabelais dizia que o riso é próprio do homem. E disse bem. Nunca se viu um animal sorrir, a não ser o cachorro através do balanço de sua cauda. A hiena, segundo contam, ri quando está às vésperas de morrer.
Mas, vamos ao homem. Muitos deles preferem a carranca. Vivem de cara amarrada. Só riem quando escovam os dentes ou quando viram caveira. Sim, leitor, nunca se viu uma caveira séria. Dir-se-ia que é ela quem realmente sorri por último...
Mas vamos ao sorriso, que é uma espécie de luz no rosto. Lembrar que o sorriso mais bonito é o do renascido. As crianças novinhas sorriem muito, apesar de serem banguelas.
Mas é preciso lembrar que o sorriso não é apenas um abrir de dentes. Você pode sorrir através dos olhos, da expressão do rosto. E isto faz lembrar Jesus, a quem se diz que nunca sorriu. Será que foi de cara amarrada que ele disse “olhai os lírios do campo!”? Duvido. Mais ainda: que dizer daquele convite que ele fez às criancinhas: vinde a mim as criancinhas porque delas é o reino dos céus”?
Voltando a Rabelais, ele disse que o sorriso é próprio do homem. Discordo, em parte. Na Natureza tudo é sorriso. Sorriem as flores, sorri o sol, sorri a luz, sorri o mar seu sorriso de espumas, sorri o bem-te-vi, alegrando as manhãs. Só os amargos, os doentes, os ressentidos, os que não amam é que fecham a janela do rosto. Lembre que você pode sorrir sem necessidade de abrir os dentes.
Abro a coluna de Abelardo e vejo muita gente sorrindo, de bom astral. Lá, somente um outro está de rosto fechado. Até na seção dos que já morreram, o obituário, vejo gente sorrindo nas fotos...
Sorriso, repito, é bondade, é sabedoria, é consciência tranquila, é amor. Um coração cheio de ódio, inveja, orgulho e ressentimentos só pode se expressar na carranca.
E há quem sorri até no sofrimento, até no leito de hospital, o que é admirável. As cidades também riem. Não Londres, não Berlim, mas Paris, a “cidade luz,” que acabamos de rever.

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