E is-me, de novo, pisando o chão de Viena. A primeira vez em que estive aqui foi um deslumbramento. Lamentei apenas possuir dois olhos. E o ...

Ver Viena

Eis-me, de novo, pisando o chão de Viena. A primeira vez em que estive aqui foi um deslumbramento. Lamentei apenas possuir dois olhos. E o que mais me chamou a atenção foi a presença de lindas jovens vendendo bilhetes para concertos, no centro da cidade, o que não é de estranhar, pois Viena é a terra dos grandes compositores, que para aqui vieram estudar, como foi o caso de Haydn, Mozart e Beethoven.

E já estou ouvindo, mentalmente, as valsas de Strauss. Não gostei de ver o rio Danúbio pela primeira vez, pois não tem nada de azul. Mas continuemos pisando Viena, outra vez. Pisando não. Viena não se pisa. Em Viena a gente levita. Se Paris ouvisse esta declaração de amor?... Mas Viena é Paris sem o Sena, sem as pontes, sem a História.

Visitar novamente a Casa de Freud? Sim, ligeiramente. Lá, vi vários jovens, de caderno na mão, fazendo anotações. Alguns sentados no chão. O divã vazio, o divã onde o Mestre mergulhava no inconsciente das pessoas cheio de sujeiras recalcadas.
Viena é plana, aberta, alegre e requintada. Cheira à música. Não vou ver as estátuas de Mozart e Beethoven. O turismo invade vários espaços urbanos. Gente pra lá e prá cá, movida pela embriaguez do consumismo, parando aqui e ali, sem tempo para pensar, que o negócio é comprar ou comer. E viva o turismo da boca!

Mas, o que mais desejamos é ouvir Beethoven, logo mais, à noite, E sabe o que vamos ouvir dele? A Nona Sinfonia, que termina convidando os homens à Alegria. Alegria é sol na alma, alegria é fé na vida, alegria é saúde. Alegria é amor. Ouvimos a Nona sob a regência de Gustavo Dudamel, já do nosso conhecimento. Teatro superlotado. Germano e Alaurinda não cabem em si de contentes. Ver Viena e ouvir nela a Nona do gênio de Bonn... O coração que me perdoe. Viena que cheira à cultura. Viena de boas livrarias. Mas exigir do cronista que saiba alemão é demais. Que ele fique apenas acariciando as capas dos livros.

Piso o chão de Viena pensando. Quantas vezes Mozart, Beethoven e o torturado Freud pisaram este chão... onde, infelizmente, vejo algumas pontas de cigarro. Que sacrilégio... Mas fiquemos por aqui. Amanhã, quem está nos chamando é Londres.

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