A função precípua do Mito era elaborativa! Thânatos e Eros são seres mitológicos do panteão helênico, cuja representatividade simbólica denota aspectos da vida humana, conferindo-lhes sentidos.
Os gregos, de algum modo, já intuíam a dinâmica tensional dessas duas forças que se opõem, mas ao mesmo tempo se complementam, e que estão no cerne da ordenação cósmica, assim como da estruturação do ser humano. Freud, em seu ensaio "Além do princípio do prazer" (1920), apresenta-nos a Pulsão de Morte (Θάνατος), explicada a partir de pressupostos biológicos, a qual denota a condição inorgânica de onde proviemos, e a qual, pelo princípio da constância que rege as pulsões, levar-nos-ia a tender voltar, daí a existência da compulsão a repetição.
Minerbo, citando Cláudio Figueiredo, em "Neurose e não neurose", aponta-nos 3 possíveis caminhos em que o funcionamento pulsional se estabeleceria em relação ao objeto:
1 o psiquismo funciona sob o regime de Eros, passando a formar representações, uma vez que o objeto encontrado respondeu de maneira suficientemente adequada à demanda pulsional;
2 instala-se um regime de funcionamento pulsional marcado pela compulsão à repetição, sob a égide de Thânatos, visto que o objetivo não é a busca do prazer, mas a necessidade desesperada de estabelecer ligações que estanquem a dor do traumatismo e viabilizem a reconstituição do narcisismo de vida;
3 o sujeito desiste de encontrar o objeto que faça as ligações que contenham a violência pulsional e o objeto deixa de ser buscado, havendo uma recusa definitiva de abertura para ele.