Sobre adequações Vestiu uma roupa apertada demais queria pele Os sapatos de sola vermelha e saltos altíssimos n...

Atrás da névoa há infinitas estrelas


 
 
 
Sobre adequações
Vestiu uma roupa apertada demais queria pele Os sapatos de sola vermelha e saltos altíssimos não lhe deram os passos da alegria queria rumo Não se incluía Não se conectava Não se sabia Corria os olhos pelas capas de revista buscava o molde de ser artista óculos da moda viagem em seu veículo de lata de Kafka entendeu de ser a barata casca brilhante por dentro podre mas triunfante Mesmo com dores Maquiagem dobrada Tentava ser otimista Queria ser alegre como manda o figurino queria ser outra ao dobrar a esquina e se arriscar a ser menino ou menina Valeu-se de artifícios Fez da busca seu ofício Mulher da superfície Tentou em vão parar o tempo Camuflar os seus sinais Alçar o vôo baixo dos normais O rosto fragmentado quebra cabeça estudado a alma ferida e triste fendas nos olhos fundos O Anjo de asa quebrada e cabelo azul marinho de todos em tudo ... era nada Sem eira nem beira na cruz do caminho Queria ser simultânea desdobrável A foto do seu perfil No jogo perdia-se errava o palpite misturava as pílulas e as palavras gosto com desgosto par com ímpar Sem carta de navegar perdida na euforia vazia escreveu seu nome no papel espelho meteu-o garrafa a dentro lançou -o em alto mar - Quem sabe encontraria um par... - E em si amor e amar.

Renda do destino os dedos ágeis com adornos de lã Tece o tempo caprichoso Em cada ponto arremata um pensamento Em cada laço o abraço não nascido Trançaria beijos de línguas vorazes Se a cor não fosse azul Põe a mesa Gosta do efeito da renda aprecia seus detalhes Serve em xícaras a transparência do chá em goles sorve saudade Em prendas Em rendas Fez-se senhora do ocaso

Atrás da névoa há infinitas estrelas Atrás da cortina o cenário se transforma Atrás do biombo a tia mais velha abre Tarô Atrás da camera fotográfica os olhos da moça distraída Atrás da manhã a folha seca voa pra tarde Atrás dela ,em pé o beijo anônimo na nuca Atrás da carinha de santa um desejo atrevido Atrás do muro da escola Um seio dolorido Atrás da porta ouve-se uma voz incomum Atrás das horas o tempo de ir embora Atrás da casa apertada o botão de madrepérola Atrás do pequeno palco marionetes dançam Atrás do confessionário o pecado fala baixo Atrás da pele de seda o corpo treme de gosto Atrás daquela esquina a moça fecha a janela Atrás daquela calcinha agradável sensação Atrás daquele olhar a jura muda de amor Atrás da penúltima página A flor é o marcador Atrás daquela curva tem um morro azul Atrás das palavras que diz a língua atrevida arde Atrás dos lábios molhados a mordida na maçã Atrás da névoa há infinitas estrelas

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