Políbio Alves não precisa de nenhum título acadêmico para ser quem é. Ele já possui o mais belo e importante dos títulos: ele é poeta, simplesmente poeta, e não necessita ser mais nada nesta vida – nem em outra que venha a haver. Poeta. E aqui não vou entrar em minúcias de crítico literário — que não sou. Não vou afirmar isso ou aquilo sobre sua poesia, sua obra poética, porque de qualquer modo ele é poeta — e isto basta. Pelo menos, para mim.
Políbio não precisa de títulos de sapiência nem de nobreza. Ele é quem é – não é o bastante? E o mais bonito: ele se fez a si mesmo, ele se construiu, tijolo a tijolo, abrindo portas fechadas, alargando caminhos estreitos,
Agora a Universidade Federal da Paraíba concedeu-lhe o título de “Doutor Honoris Causa”, sua mais alta honraria acadêmica, num reconhecimento explícito do valor desse filho da terra que já vinha colhendo louros, há algum tempo, na aldeia e além dela. É a Academia reverenciando um puro criador, um autêntico artesão das palavras, sem teorias, sem citações eruditas de pé de página nem referências bibliográficas, um ficcionista, um poeta, um artista que retira de si mesmo e de sua experiência a matéria-prima de sua obra, para nela os outros homens e mulheres, daqui e de longe — os leitores — encontrarem um espelho - ou uma referência — com que se identifiquem (ou não), porque, afinal, a literatura é principalmente isso: uma troca de vivências e sentimentos entre o que escreve e o que lê, onde todos ganham algo. A Academia, sabemos, é muito mais das ciências que das artes; por isso, esse novo título de Políbio é relevante – e especial. Por esta razão, fiz questão de comparecer à solenidade na UFPB. Considerei que, de certo modo, era um momento histórico — e foi.
Políbio Alves, com Liana Filgueira, na entrega do título de Doutor Honoris Causa, da UFPB
A obra literária de Políbio Alves é vasta. Seu livro de contos O que resta dos mortos, por exemplo, teve tradução em espanhol e em francês, segundo apurei.
Não tenho, por circunstâncias da vida, maiores aproximações com o poeta. Conheço-o de nome, de obra e de chapéu (se o houvesse). Cumprimentamo-nos cordialmente nos eventuais encontros, os mais frequentes na Livraria do Luiz, onde ele possui cadeira cativa há muitos anos. Apesar de reservado, Políbio não vive retirado em sua torre de marfim em Intermares; pelo contrário, participa muito da vida cultural aldeã, faz-se presente a palestras, lançamentos de livros e eventos semelhantes, incorporando-se plenamente à paisagem intelectual da cidade, como um de seus personagens principais, cuja ausência faria, faz e fará falta.
William Costa, Políbio Alves e Antonio David Diniz, na Livraria do Luiz
AcervoAntonio David Diniz
AcervoAntonio David Diniz
Meu amigo e mestre Wilson Marinho, do alto de sua rica experiência, costuma dizer que o importante não é de onde se parte, mas aonde se chega. Está muito certo. O que importa é aonde se chegou – e como se chegou. Políbio foi longe, tem ido longe, talvez além do que sonhou. Agora chegou à UFPB, cujo doutorado a ele concedido honra mais a instituição que ao agraciado, como deve ser.
Salve a Universidade, salve Políbio, salve a Poesia!