Gosto sempre de lembrar das coisas positivas que vivi por onde passei. Na direção de A União (1981 – 1982), relembro uma atitude do edi...

Boas lembranças

Gosto sempre de lembrar das coisas positivas que vivi por onde passei. Na direção de A União (1981 – 1982), relembro uma atitude do editor Agnaldo Almeida que demonstra toda sua criatividade e competência profissional.

Ao assumir A União, na época sociedade de economia mista, tratei logo de fazer uma leitura técnica do último balanço da empresa e me convenci de que teria que me desdobrar para levar o barco com relativa tranquilidade, já que vivíamos inflação “galopante” e forte pressão dos sindicatos dos jornalistas e dos gráficos por reajustes mensais.

@petronio.souto.9
Confidenciei minhas preocupações a pessoas da equipe, no sentido de que elas compreendessem as razões de algumas medidas. A ideia central, digamos assim, era a famosa contenção de despesa.

Foi aí que Agnaldo veio com uma ideia tão genial quanto simples: estreitar o jornal.

A União, no modelo tradicional, era um jornal enorme, um verdadeiro lençol, talvez porque na época não houvesse tanta preocupação com o custo de produção, muito menos com a tal sustentabilidade, tão badalada hoje em dia. Afinal, papel de jornal vem da derrubada de árvores...

O que fez Agnaldo? Manteve o modelo standard, mas estreitando o jornal, reduzindo suas manchas gráficas, tendo o cuidado de imaginar, em paralelo, modificações sutis e profundas no projeto gráfico, o que fez de A União um produto novo, pelo menos aos olhos do pessoal do ramo.

Providência simples, criativa e que resultou em grande economia para a empresa, que passou a comprar bobinas de papel numa bitola menor, bem mais baratas, o que acabou sendo adotado pelos concorrentes.

Outra gostosa recordação: O governador Tarcísio Burity, no seu primeiro mandato, queria transformar A União e a Rádio Tabajara, ambas sociedades de economia mista, em uma única empresa. Queria mais: jornal e rádio deveriam funcionar no mesmo endereço.

O governador não se conformava com o fato de A União funcionar no Distrito Industrial, “perto de Abreu e Lima”, mantendo a redação na rua João Amorim, no centro, em imóvel alugado. Também queria dar novas e modernas instalações à Rádio Tabajara.

O governador Tarcísio Burity conhecendo detalhes do projeto de arquitetura da nova seda de A União e Rádio Tabajara, no centro da cidade.
Caí em campo. Primeiro localizei um terreno vazio na esquina da rua D. Pedro I com Princesa Isabel (onde hoje funciona o TRE). Depois me pus a discutir o projeto arquitetônico com Régis Cavalcanti, da Suplan. O projeto foi concluído, ficou em ponto de maquete. Mas aí os sucessores tiveram outras prioridades...


POUCO TEMPO, MUITO TRABALHO

Minha gestão como diretor-presidente de "A União - Companhia Editora" estendeu-se de 7 de abril de 1981 a 26 de maio de 1982. Nessa presidência, sucedi ao saudoso jornalista Nathanael Alves - e fui sucedido pelo executivo Etiênio Campos de Araújo.

Durante cerca de 14 meses, procurei colocar em prática minhas ideias sobre como deve funcionar um jornal cuja principal tarefa é ajudar o Governo do Estado a divulgar corretamente suas políticas públicas, suas atividades, sua filosofia política. Mas não cuidei apenas da Política, da Administração como um todo, das atividades do então governador Tarcísio Burity.

1981. Hall do Teatro Santa Rosa. Concerto de abertura da temporada da Orquestra Sinfônica da Paraíba, sob a regência do maestro José Siqueira.
Sem desejar alongar-me em considerações talvez desnecessárias, irei direto ao assunto, relatando os principais fatos resultantes de minha breve passagem pelo cargo:

• O “Correio das Artes", excelente e tradicional suplemento literário do jornal "A União", vence o Prêmio Nacional da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), na categoria de "Melhor Divulgação Cultural em 1981”. • O “Correio das Artes" é incluído na "Modern Language Association of América", periódico dos Estados Unidos responsável pelo registro das mais importantes publicações culturais do mundo. • São tomadas medidas concretas visando à melhora da circulação e da distribuição do jornal. • Duas impressoras rotativas “Kord” são adquiridas na República Federal da Alemanha, num esforço para aumentar a produção da gráfica. • O patrimônio imobiliário da empresa é regularizado, com a escrituração e o registro do terreno, a fim de possibilitar a averbação do edifício-sede. • No campo gráfico-editorial, foi reeditada uma obra básica para conhecer a Paraíba sob o domínio holandês: “Descrição Geral da Capitania da Paraíba”, de Elias Herckmans. • Ocorreu ainda em minha modesta gestão, para alegria de jornalistas e gráficos do matutino, um fato deveras curioso e que marcou a história do jornal "A União". Foi em 14 de maio de 1981, o dia em que "A União" vendeu mais que os jornais "O Norte" e "Correio da Paraíba", colocando nas ruas a edição que mancheteava o atentado do turco Ali Agca contra o Papa João Paulo II, na Praça de São Pedro. O jornal divulgou fotos do Pontífice baleado sendo conduzido para o hospital.

Com a saída do governador Tarcísio Burity para tentar uma vaga na Câmara Federal, ainda se fizeram gestões para minha permanência à frente do cargo, na administração do seu sucessor, Clóvis Bezerra. Mas, entendendo que cada governador não só pode como deve colocar no cargo pessoas rigorosamente afinadas com sua orientação, não aceitei que prosperassem essas tratativas. E com muito gosto vi meu diretor administrativo-financeiro Etiênio Campos de Araújo, amigo pessoal de Dr. Clóvis, ascender ao cargo que procurei exercer com dedicação, honestidade, equilíbrio e profissionalismo.

1981: A União visita a Gazeta do Sertão (CG). Da esquerda para a direita, Walter Galvão, Agnaldo Almeida, o saudosista que vos tecla, Edvaldo do Ó, Tarcízio Cartaxo e Geovaldo Carvalho.
1981: Entrevista com o secretário de segurança, coronel Geraldo Navarro, para o Jornal A União, no restaurante do antigo Hotel Tropicana, na Rua das Trincheiras. Da esquerda para a direita, Wellington Farias (com cara de menino, olhando pro fotógrafo), Agnaldo Almeida, Arlindo Almeida (irmão de Agnaldo, já falecido), o autor saudosista que vos tecla e o entrevistado.

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  1. Silvio Osias19/9/22 17:14

    Curioso nesse texto é que Petrônio Souto esqueceu de dizer que foi ele que demitiu Agnaldo Almeida da editoria de A União. Lembro bem. Eu estava lá.

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  2. Petrônio Souto20/9/22 15:11

    Só boas lembranças, Sílvio. Um abraço.

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  3. Excelente artigo! Reporta período profícuo do A União!!!

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  4. José Leite Guerra27/4/23 08:33

    Por essa época, eu era colaborador de A UNIÃO, assinando artigo, na mesma página de Petrônio Souto e Osias Gomes. Muito bom o relato do amigo jornalista sobre sua profícua gestão

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