Desvario de tempo. Igual e diverso para cada olhar. É necessário para tudo que se encontra na dimensão perceptível do momento. O espaço métrico de algo impalpável e, da mesma forma, concreto que se desmancha a cada instante e se reconstrói em lembrança. Ao olhar dos homens, talvez dos demais seres, o tempo se apresenta em mutações, em ritmos variáveis, quando, verdadeiro, apenas segue adiante, mesmo que em aparentes voltas, sem voltar.
Quando tentou-se medi-lo, encaixotá-lo em pequenos objetos, o máximo que se conseguiu com o tempo foi uma vaga ideia do que venha a ser realmente o tempo. Mesmo quando paramos para pensar no tempo, somos levados adiante na imobilidade do corpo, algo ou tudo passa naquele intervalo temporal.
Benmar Schmidhuber
Até é possível pedir coisas ao tempo e ter a sensação de obtê-las. Parar como em um sonho suave, no olhar de relance para uma cena clássica, no buquê de flores ou mesmo na fotografia que captura quase tudo... Mas tudo passa, envelhece. Heráclito de Éfeso tem razão: “Não se pode banhar-se duas vezes no mesmo rio. Pois, na segunda vez já não serão as mesmas águas e nem tampouco o homem”. O tempo passou com a força da mudança mesmo que pelo menor espaço temporal.
Ao homem, seja o poeta contumaz ou o imaginativo controlador das coisas, resta o sonho ao primeiro tipo e a persistência ao segundo. Independente dos meios, o tempo continuará milimetricamente e compulsivamente avançando, seja na aparente leve caminhada ou no turbilhão de uma galopada. Para ele, as sensações são apenas impressões humanas: tudo anda do mesmo jeito, mesmo que aparente parado.
Sciencefreak
Ao tempo, resta passar, impassível e impossível de ser controlado.