Quando vamos envelhecendo é o tempo em que brotam determinadas idiossincrasias. uma delas é ficar lamentando a perda dos amigos. Amigos que a poeira do tempo tirou de nosso raio de visão, ou aqueles, que como dizia o velho Machado, estão estudando a geologia dos campos santos.
Hoje revi a foto da turma de 1969 comemorando o fim do Curso Científico. Todos que ficaram nesse mundão de Deus estão avançando nos setenta. Daqueles, que eu saiba, Maria Aída e Márcia Manacorda e mais alguém que não me recordo fizeram aquela viagem fora do combinado. Éramos, segundo alguns de nossos professores, irritantemente felizes. Todo mundo ali não veio em vão passear pelo planeta, fizeram algo de útil na passagem transitória por essas dimensões.
Mais à frente, Jussara era a mais bonita no curso de matemática e Maria Helena no curso de engenharia. Naqueles anos havia um chiste preconceituoso; dizia que quando uma mulher nascia Deus lhe perguntava: “Minha filha, você tem que escolher, ou quer ser bonita ou quer ser engenheira?” Maria Helena quebrou esse paradigma. Certa manhã numa aula de mecânica dos fluidos ela fez uma pergunta ao professor e este disse que só ia responder porque Maria Helena era uma Catherine Deneuve melhorada. E era mesmo, acho até que mais bonita. Não sei mais dela, mas ainda me lembro que eu a chamava de Maria Helena de Tróia.
Depois a volta a São José dos Campos para dirigir escola e lecionar.. Por onde andará Vaguinho meu mais fiel escudeiro? Selma Teresina minha parceirona e a espevitada e competente Pollyanna? Dessas duas últimas algumas notícias esparsas. E meus amigos que engoliam pó de giz comigo? Mauro Decourt, anda por aí e ao que sei ainda cheio de manias. Odete, Rondan, Barreto, Ondina, Walfrides, Jair, Bellinelo, Olivaldo, Chico, Pepe...cadê vocês? Nelsão. Tarcísio, Rubinho, auxilares da melhor cepa.
Fernando Teixeira, o FT, está lá nas alturas, começando suas palestras literárias e para iniciá-las deve dizer à plateia anjos, arcanjos e querubins o que dizia carinhosamente aos seus alunos antes de iniciar uma aula: “Bom dia seus mal educados!” . Quantas vezes molhei a palavra ao lado de FT!
Meus tempos divididos entre Bauru e Campinas. Pude estar ao lado de criaturas geniais. Joãozinho, Silvana, Wagner, Pardal, Luiz Octávio, Robson, Tide, Marcela, Anderson, Lulu, Ângela, Zé Luiz, Diego, Zé Laranja, Moge, Ciro, Varela, Neuzinha, Sônia Mozer, Trico, Moraes, Pato, Júlio César (o de história e o de informática)... Que saudade dessa gente.
É isso minha gente, a lista é bem maior do que esta, basta eu bater de espora nessa memória que não anda lá essas coisas e mais nomes irão aparecer para engrossar esse caldo indigesto que tem o apelido de saudade. Precisamos, vez ou outra, colocar para fora essas coisa que ficam maltratando nossas noites. Foi o que fiz. Por hoje é só.