Uma data que não esqueço. No dia 5 de fevereiro de 1975, publiquei minha primeira crônica no jornal O Norte. Um texto curto. Falava de uma viagem à Serraria, onde amanheci depois de quatro anos de ausência. Um texto telúrico, recheado de saudades.
Devo muito a esse conterrâneo que me ajudou a construir, passo a passo, a base de minhas leituras. Exercitamos juntos a literatura, a arte de escrever e de estar na convivência com escritores, artistas, pensadores.
Ainda convivi, nas românticas redações de jornais, com repórteres e cronistas que se reuniam, depois de concluída a edição do jornal, fechada a última página, para comentar os acontecimentos do dia.
Ao final da década de 1970, passei a frequentar a redação de O Norte como copiador de telegrama das agências de notícias e, eventualmente, repórter noturno. Participei de grupos que, entre uma cerveja e outra, muitos assuntos comentávamos.
Martinho Moreira Franco
ALPB
ALPB
O trio paraibano afinou o passo, ou melhor, a escrita, e revelou os caminhos para a crônica como literatura. Cinco décadas depois, Gonzaga mantém o hábito semanal de publicar uma crônica resgatando fatos do cotidiano com a maestria de sempre. Martinho e Nathanael alcançaram outra dimensão. Todos deixaram seu legado na imprensa paraibana, sobretudo como cronistas do cotidiano.
Gonzaga Rodrigues
A União
A União
Uma frase fora do contexto em recente crônica sobre o beija-flor que fez ninho no pátio da empresa onde trabalho foi motivo para me chamar a atenção. Gonzaga me telefonou apontando o deslize.
Em quase cinco décadas de convivência, aprendi bastante com os três amigos – Nathanael, Martinho e Gonzaga. Eles raramente escreviam uma frase troncha. Com o passar do tempo, amiúde, Gonzaga revelou as raízes da boa forma na elaboração da frase, no uso da palavra correta.
Nathanael Alves
A União
A União
Desde os primeiros passos no jornalismo, há pelo menos cinco décadas, os conselhos de Gonzaga vieram se juntar ao que Nathan transmitia. Escrever é buscar, sempre, a magia das palavras para montar o retrato que se deseja.
Dos três, me resta Gonzaga, a quem recorro nas minhas aflições literárias.