Desperdiçar os pés
Por estradas já
Sabidas
Sussurrar
Ao mesmo vento
E aplacar o que poderia ser luz
Não é mais se dizer
No desencontro
Mas sorrir porque não foi
E o cosmo continua
Ainda que uma pequena dor
Insista
Porque é da natureza
Do amor
A dor, as estrelas e a lua
Um homem que crê
Que é mortal
É mais humano
Um homem que respeita a morte
É muito mais humano
E dorme de bruços
Um homem de meias na madrugada
Respeita seus pés
E os protege do frio
Um homem que tem amor
Só por ter
Compreende tudo isso
Do olhar capto
Mais que figuras,
Luz ou paisagens
Do olhar também capto
A escuridão
Cravejada de estrelas,
O silêncio do nada
A amplidão
Do apenas ser
E o saber que vê
É mais que olhos
E está além das cores
Do olhar capto flores,
O opaco de dores e brilhos,
Alegrias dobrando esquinas
Já cego,
A sina
Das ilusões
A seta e a rota,
A semente morta,
E a amplidão de nada ser sem olhar
Para Dione, que conheci numa noite de pura poesia,
feita pelas mãos mágicas de Davi e Germano Romero:
Eis que o braço
Se me dá de alegria
E ela diz meu nome
Quanto a mim,
Um mar
Buscando um cais
Abraço o braço
E se nos rimos
Do primeiro encontro
Noite de poesia,
Vinho,
Novas veredas de amizade
E eis que,
Eu, mar,
Mergulho em alegrias
Onde andava Dione?
Certamente de onde
Eu ainda não via
Agora, de velas latinas ao vento,
Inventamos, face a face,
O velejar da amizade
Muitos ainda
Serão os portos
Que nos esperam