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“ Olhar o mundo geometricamente é mais simples ” (Raul Córdula) Fui na exposição do artista plástico Raul Córdula (pintor, artista gr...

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Olhar o mundo geometricamente é mais simples
(Raul Córdula)

Fui na exposição do artista plástico Raul Córdula (pintor, artista gráfico e crítico de arte), Energisa, 19 de outubro-18 novembro 2023. 80 anos de idade; 20 anos da Usina Energisa; 20 anos da sua mostra “antologia – 1963-2003”, a primeira de um artista paraibano na Usina.

“As coisas que contribuem para a longevidade saudável são as mesmas que fazem a vida valer à pena.” Fala do filme ... E " Os Seg...

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“As coisas que contribuem para a longevidade saudável são as mesmas que fazem a vida valer à pena.”
Fala do filme

... E "Os Segredos das zonas azuis”. Esse é o título de um delicioso documentário, viajando pelo mundo com o escritor Dan Buettner e descobrindo cinco comunidades únicas, onde as pessoas têm vidas muito longas e felizes e tem saúde até o fim da vida. Nada de novo no front! Ou do que já sabemos. Mas, outra coisa é ver tudo registrado. Entrevistas; lugares lindos e as suas longevas pessoas.

Okinaya, no Japão; Sardenha, na Itália; Ikaria, na Grécia; Nicoya na Cosa Rica; e Loma Linda, na California-EUA, foram os lugares escolhidos, ou melhor observados que tinham algo em comum, para que se vivesse tanto e com tanta qualidade de vida. De quebra ainda teve matéria em Singapura e numa pesquisa aplicada especial na pequena comunidade de Albert Lea, nos EUA, e o resultado em um ano foi o aumento da expectativa de vida de seus habitantes, o que pode indicar que seus resultados puderam, de algum modo, ser comprovados.

Claro que a comida (vegetais, raízes, mel ao invés do açúcar), outros ingredientes são vitais. As pessoas trabalham muito e por menos tempo, para que sobre tempo para o lazer. Andam muito. Fazem coisas com as mãos, como jardinagem. Tem um plano de vida, um propósito que os alimentam ao acordar. Rituais sagrados diários para aliviar o stress, as inflamações, e evitar a diabetes e o câncer. Pensar em deixar algo para a posteridade, conversar com amigos, a religiosidade, a fé. Tudo no pacote. Bebem, mas fazem o seu próprio vinho. Em Costa Rica colhem o seu feijão, o milho e o jerimum. Em Loma Linda, tem muito voluntariado. Estar em paz, cochilar, preocupação de pertencimento à uma comunidade de fé; fazer happy hours. Tem até um vocabulário específico para denominar a razão que os fazem levantar pela manhã. Seus gostos não funcionam todos os dias. Alimentos integrais e naturais. E os carboidratos, contém substancias outras, e se juntam ao milho, batata doce, verdes, castanhas, chás. E comem pouco, até 80% da saciedade.

Atitude, outra coisa importante. Comer com a família, cuidar dos idosos, comem devagar, e comida plantada por eles; e com moderação, conversam. Como se conectar? Priorizam a família. Parceria, amor, cuidar e amar. Círculo de amigos – investem a vida toda. Ter os amigos certos! Para fazer as coisas certas!

Singapura é um país inteiro de longevidade saudável. Expectativa de vida mais alta do mundo. E até outro dia era uma Vila de pescadores. Trabalhar duro, ser honesto, ser humilde. Quem joga tênis, vive mais (viu Teca e Anthony?). Políticas públicas que melhora a vida das pessoas. Interações ocasionais com porteiros e pessoais em geral. Proporcionam pequenos povoados artificiais para idosos. Com centro médico, praça de alimentação, e promovem encontros. A solidão existe como função do nosso ambiente. Sair para interagir com pessoas , um remédio que se opõe ao sentar e assistir TV. Não se consegue viver sozinho. Criar moradias de proximidade, pais e filhos, o que se opõe veementemente às Casas de Repousos, impessoais e tristes. O investimento econômico de adesão gera mais saúde e se constitui num benefício humano.

Setembro foi o mês Amarelo/Saúde Mental, e vejo ao meu redor muita gente com depressão, ansiedade, e outras doenças da alma. Nesse filme, e a vida nesses lugares, todos os espaços do corpo e do espírito são preenchidos com sabedoria. Comida, descanso, pausa, tempo, diversão, comunhão, compartilhamento, olhar ao outro, sono, trabalho, propósito, destino, ritmo lento, e amor.

Eu que já estou quase dobrando outro cabo da esperança, vivo a pensar na vida. Nas realizações, nas faltas, nas conquistas, no tempo do dia, nos prazeres, nos amigos, no social que falta, no que sobra, nas recusas, nos filhos, e no bem estar deles, nas minhas responsabilidades, ou nas ausências, mas principalmente no amor, aquilo que nos define aqui e lá. Jovem ou velho. Nesta ou em qualquer outra vida.

O filme é fantástico. Conhecer esses mundos, esses povos e as suas vidas, nos mostra o que temos ou deixamos de ter. Sem reclamar, sem ser rabugento, sem amarguras, azedumes, mágoas ou recalques. Isso sim, nos faz adoecer e viver pouco e ruim. Viva as zonas azuis!

Sempre me intrigou a violência masculina. Sou mãe de dois homens e, desde cedo, quando ia buscá-los na escola observava essa energia da...

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Sempre me intrigou a violência masculina. Sou mãe de dois homens e, desde cedo, quando ia buscá-los na escola observava essa energia da força, nem sempre bem direcionada e que, muitas vezes, gerava briga, murros, tapas, chutes, e numa idade pré-adolescente isso brotava assustadoramente.

Domenico Di Masi se despediu da vida na semana passada. O sociólogo italiano que se tornou famoso também pelo conceito de "ócio c...

Domenico Di Masi se despediu da vida na semana passada. O sociólogo italiano que se tornou famoso também pelo conceito de "ócio criativo", segundo o qual o ócio, longe de ser negativo, é um fator que estimula a criatividade pessoal. Conceito esse que foi contra tudo o que aprendemos desde a sociedade vitoriana com o seu senso de dever, ao capitalismo selvagem, em que tempo é dinheiro e você vale pelo que produz. O irônico é que, em mais de 40 obras, Di Mais escreveu sobre o trabalho. A atividade intelectual sempre foi renegada a um lugar às margens, como também a atividade artística. A de professora igualmente, pois pensa-se que o conhecimento cai feito um facho de luz nas nossas cabeças. E que os livros são objetos diletantes. Também.

Antes da pandemia, assisti ao espetáculo Violetas; “fruto da pesquisa “Memória da Voz”, realizada pela atriz Mayra Montenegro, com dire...

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Antes da pandemia, assisti ao espetáculo Violetas; “fruto da pesquisa “Memória da Voz”, realizada pela atriz Mayra Montenegro, com direção de Raquel Scotti Hirson (LUME Teatro) e assistência de direção de Eleonora Montenegro. O espetáculo trata do silenciamento de mulheres, guerreiras anônimas, sonhadoras solitárias, que dedicaram suas vidas aos filhos e maridos e não puderam realizar sonhos outros. O fio condutor é a história da avó de Mayra, dona Wilma, que com o seu exemplo de vida e amorosidade, inspira toda a pesquisa.”

Quando eu era adolescente eu era muito magra, pouco peito e a minha mãe, desavisada, dizia que a minha bunda era grande. Imagina! apena...

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Quando eu era adolescente eu era muito magra, pouco peito e a minha mãe, desavisada, dizia que a minha bunda era grande. Imagina! apenas tomava corpo de mulher. E eu, pré-adolescente, me olhava no espelho e me sentia deslocada. Como a maioria das meninas dessa idade. Para ficar sem forma, eu usava cinta, hã?. Depois, sob o olhar do namorado, que dizia estar tudo lindo, fui me apoderando do meu corpo – aquele que eu tinha, e me achando melhor. Ou seja, precisei do olhar do outro, de um homem, para referendar a minha fina estampa.

“A gente que é mulher vive um terror cotidiano. Mudamos muitas coisas na estrutura social. Séculos de lutas, queima de tudo, de corpos ...

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“A gente que é mulher vive um terror cotidiano. Mudamos muitas coisas na estrutura social. Séculos de lutas, queima de tudo, de corpos na Inquisição, enfrentamento às guerras, lutas nas fábricas, no campesinato. As conquistas do presente tiveram um alto preço pago pelas mulheres na História."
(Sandra Raquew, em “Viva nos queremos”, jornal A União, 4 de agosto 2023)

Recentemente, o STF derrubou o uso da tese de legítima defesa da honra para crimes de feminicídio. Uma conquista mais que atrasada para um crime hediondo que tomou visibilidade depois do assassinato de Ângela Diniz, por Doca Street, quando as mulheres foram às ruas gritar – “Quem ama não mata”.

Travessia: aquele constante entrelugar. O mantra. Entre uma ponta e outra da vida, mas não somente. Entre mundos, entre vidas, entre in...

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Travessia: aquele constante entrelugar. O mantra. Entre uma ponta e outra da vida, mas não somente. Entre mundos, entre vidas, entre instantes, entre dias, entre noites. Deixar, ficar, voltar, permanecer.
Tudo travessia.

(De "Todo o tempo que existe")

No seu livro Todo o tempo que existe, Adriana Lisboa, Belo Horizonte: Relicário, 2022, ensaio de caráter autobiográfico, fala da sua experiência de luto quando da perda dos pais, em curto intervalo de tempo. Entre uma perda e outra, longos passeios pelo Jardim Botânico e devaneios sobre a existência.

No segundo domingo do mês agosto celebramos o Dia dos Pais. Fiz muitos almoços para o meu querido pai, e para os pais dos meus dois fi...

dia dos pais maternidade paternidade
No segundo domingo do mês agosto celebramos o Dia dos Pais. Fiz muitos almoços para o meu querido pai, e para os pais dos meus dois filhos. Eram momentos de compartilhar alegrias do domingo com a família. Mas também sempre tive um olho bem aberto para pensar sobre a paternidade e os pais ao meu redor. Não gostava muito do que via. Sempre me inquietei com a exaustão e sobrecarga da minha mãe. Amava/amo meu pai, mas estava sempre atenta às minhas questões sobre a sua ausência, o seu silêncio, e o seu lugar de liberdade e distância do dia a dia de uma casa com quatro filhas. Era assim em todas as famílias.

Há algum tempo que as esquinas das praias (talvez da cidade toda) foi tomada por pedintes; venezuelanos, paraibanos, adultos e crian...

fome economia carencia morador rua
Há algum tempo que as esquinas das praias (talvez da cidade toda) foi tomada por pedintes; venezuelanos, paraibanos, adultos e crianças. Por aqui em Manaíra/Bessa, sempre via uma turma de crianças meninas, a fazer malabares em um sinal de trânsito específico. Meninas crianças, com shortinhos e top (a triste sexualização na infância), rasgados é verdade, e com duas, três laranjas, a tentar fazer algumas peripécias na esquina, subir uma na outra e derrubar essas laranjas na primeira jogada, para ganhar alguns trocados. Eu sempre ficava a olhar aquela cena num misto de dó e raiva. Raiva de ver as nossas meninas em situação de tanta vulnerabilidade. Dó de ver aquela meninice desperdiçada com laranjas desobedientes.

O filme O Filho (2022, Florian Zeller) nos parte o coração. Ainda mais num domingo, enclausurada de São João, onde todos estavam dan...

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O filme O Filho (2022, Florian Zeller) nos parte o coração. Ainda mais num domingo, enclausurada de São João, onde todos estavam dançando forró nas festas do interior. Ou pelo menos deveria ser assim. O enredo: um casal separado, um filho, um adolescente sem lugar, Nicholas (Zen McGrath), já que o pai Peter (Hugh Jackman) casou de novo com uma mulher mais jovem, Beth (Vanessa Kirby), e acabou de ter um bebê. A sua ex-mulher, Kate (Laura Dern), aparece sem avisar para pedir ajuda ao filho ausente da escola e com sinais de depressão. A partir daí, a gente assiste a uma solidão a cada dia mais profunda desse filho, a sua tristeza inviolável, ao mesmo tempo, ao seu esforço para se adaptar a viver novos dias junto ao pai, a madrasta e ao irmãozinho. O colorido da vida não lhe chega, mas as sombras aterrorizadoras de um não lugar de afeto.

No sábado, dia 17/06, quando entrei no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, onde aconteceu a festinha junina da Escola Sempre Viva, pa...

No sábado, dia 17/06, quando entrei no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, onde aconteceu a festinha junina da Escola Sempre Viva, para ver minha neta, Luísa, dançar a dancinha do sapo, me deparei com um espaço que me fez rodopiar pelas linhas da vida. Lembrei imediatamente do livro O Lugar, da premiada (Nobel Literatura 2022), a francesa Annie Ernaux, cujo tema é a relação com seu pai, a distância de classe, a sua posse como professora, e o amor que se quebrou. Mas as minhas lembranças eram outras. Não tinham um apanhado sociológico, mas a memória de épocas marcantes dos meus anos.

Para Teca, Bebé e Claude No aeroporto de Marseille pensei em encontrar Gerard Depardieu. Assisti à série com o nome dessa cidade, ch...

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Para Teca, Bebé e Claude

No aeroporto de Marseille pensei em encontrar Gerard Depardieu. Assisti à série com o nome dessa cidade, cheia de intrigas e máfias. E adoraria ter conhecido esse lugar. Mas ao invés, voamos tranquilamente para London London, com destino certo: Cardiff e Penarth, um istmo ligado à Baía da capital do País de Gales, onde mora a minha irmã, Teca. A primeira vez que as quatro irmãs se juntam naquela cozinha para saborear seus quitutes e do seu marido Anthony: Paella, Sunday lunch com porco cozido com erva doce, bolo de amêndoa, ou a famosa sobremesa Pavlov, ou ainda, um típico Cream Tea enquanto o Rei Charles era coroado. Nos intervalos, os esquilos (Tico e Teco?) pinotavam no quintal/jardim, por entre as palmeiras tropicais e uma calçada com cerâmicas de ondas – numa alusão à Copacabana.

Depois de presenciarmos alguns rastros das passeatas políticas em Paris, pichações e sacos de lixos amontoados, denunciando as posiçõe...

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Depois de presenciarmos alguns rastros das passeatas políticas em Paris, pichações e sacos de lixos amontoados, denunciando as posições daquele povo tão efervescente/conscientes da liberdade, igualdade e fraternidade, partimos ao sul.

Era um sonho para mim, conhecer um pouco da região da Provence, sudeste da França. Um desejo antigo, sentir aquele perfume das lavandas. Saímos da gare de Lyon em Paris (3 h no TGV- trem bala), para Aix en Provence. Seis dias, por aquelas terras azuis lilases. O encanto de tantas fontes e poder beber água no meio da rua. Como nos filmes românticos. O café da manhã com essa mesma água brotando de uma torneira na parede do hotel, croissants e pães sourdough, queijos todos, geleias, e frutas vermelhas. Pela janela do quarto, já avistava os telhados. As chaminés. E aquelas árvores majestosas.

E assim se passaram dez anos desde a sua partida Juca. Quanta saudade! E o que é o tempo? Parece que foi ontem, mas ao mesmo tempo, ...

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E assim se passaram dez anos desde a sua partida Juca. Quanta saudade! E o que é o tempo? Parece que foi ontem, mas ao mesmo tempo, uma fenda se abriu no meu coração e na minha vida, e quanta coisa aconteceu. No mundo também. Você não iria acreditar! Na eleição de um governo negacionista e que nos deixou estarrecida com o que fez, e não fez. A re-eleição de Lula, por mais que tudo parecesse improvável. E recuperando a democracia aos poucos, com todas as dificuldades. Uma neta que chegou, Luísa, e que já faz quatro anos de sapequice e fofura. Daniel foi embora para São Paulo, e lá está com Bruna desbravando o mundo do trabalho e não só. Lucas e Nathalia abriram um Café – o Bricktops, que de grão em grão vão se firmando no mercado. E tivemos uma pandemia. Essa você nem dos céus conseguiria imaginar.

Às crônicas volto. E o assunto? Só tenho um na cabeça: A viagem que fiz e de que falei aqui quando me ausentei. Pela primeira vez, viaj...

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Às crônicas volto. E o assunto? Só tenho um na cabeça: A viagem que fiz e de que falei aqui quando me ausentei. Pela primeira vez, viajei com as queridas irmãs: Bebé, Teca e Claude. Um sonho antigo. E só agora, todas na casa dos 60, pudemos atravessar o Atlântico. Não foi uma peregrinação à Compostela, mas uma maratona de alegria e turismo. Acidental.

O caminho do rio sempre esteve presente na minha imagem de criança, ver o rio e observar o mar. Juca Pontes O que é o sonho, s...

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O caminho do rio sempre esteve presente na minha imagem de criança, ver o rio e observar o mar.
Juca Pontes
O que é o sonho, senão o desejo imponderável de alçar voos? O gesto desafiador em desenhar infinitos horizontes. A incontida voz que não descansa enquanto não alcança os amplos ventos do tempo.
Juca Pontes, A marca do tempo

Quando me convidaram para escrever esse perfil, do amigo Juca Pontes, fiquei muito honrada, mas também insegura. De pronto quis pedir uma conversa com os seus/meus amigos: Flavio Tavares, com Gonzaga Rodrigues, ou com o seu irmão de afeto, Martinho Moreira Franco (in memoriam). Deixei Gonzaga com as suas saudades; liguei pra Flavio, e com Martinho, conversei pelas nuvens. Sempre ouvi o nome de Juca me rodear os ouvidos. Trabalhei no Centro Administrativo (área cultural), no final dos anos 70 e o talento de Juca, junto com Milton Nóbrega sempre me era do saber. Acho que via Juca de longe, mas éramos jovens. Não que isso não o fizesse notar. Eu que estava em outro estado das coisas. Somente nos anos mais tarde vim me aproximar de Juca. Uma pessoa por quem me sinto próxima, mesmo estando longe. Sinto a sua amizade e carinho. Coisa de amigo do lado esquerdo do peito! Tomo emprestado às minhas próprias palavras, no prefácio do seu livro As flores do meu jardim, que tive a alegria de escrever, para começar esse texto:

Quando estou sozinho tenho muitas coisas que não existem. A poesia é uma delas. (Hildeberto Barbosa Filho) Sábado (1 de abril), nã...

Quando estou sozinho
tenho muitas coisas que não existem.
A poesia é uma delas.
(Hildeberto Barbosa Filho)

Sábado (1 de abril), não foi mentira!! fui ao lançamento duplo do poeta, crítico, professor, escritor, Hildeberto Barbosa Filho, para ver de perto os seus “pensamentos provisórios”, e quem sabe os permanentes. Aliás, desde que chegou nas redes, escrevendo suas ideias, devaneios e pensamentos, com esse título que me deixou des-norteada; que me pego meio tonta de tantas palavras mais lindas que findas, para refletir sobre tantos assuntos da vida e da literatura. Fico esperando esses escritos que me abastecem, me intrigam, me fazem mais conhecedora do universo literário, poético e filosófico da vida. Hildeberto tem imaginação, conhecimento, trajetória e ação para produzir inimaginavelmente. Como disse Paulo Sérgio Vieira na orelha do livro Cemitério Vivo:

O que estavam fazendo nossas mães que não tiveram nenhuma riqueza para nos legar? (Virginia Woolf em Um teto todo seu ) O programa Sa...

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O que estavam fazendo nossas mães que não tiveram nenhuma riqueza para nos legar?
(Virginia Woolf em Um teto todo seu)

O programa Saia Justa (GNT) do último dia 22 de março, falou de um assunto importante – dinheiro, e a relação de como nós, mulheres, nos relacionamos com as verdinhas. Como esse tema é caro para os brasileiros! muito pudor em falar do assunto, entre os casais então... e com as mulheres? Nunca se acham capazes nem merecedoras de gastar consigo. Gabriela Prioli, advogada e novo membro do programa, falou de forma pertinente e até jurídica sobre o assunto. As mulheres não estudavam e eram relegada à casa e aos cuidados com as crianças e com os mais velhos (vejo a minha neta Luísa, de quase quatro anos, brincar de grávida e com o seu bebê imaginário por entre os cômodos. E como faz isso com graça e altivez; tão pequenina e o mundo já lhe dizendo para/como ser mãe).

Antigamente tinha uma expressão, “ficar para titia”, termo pejorativo para designar mulheres que não se casavam e/ou não eram escolhid...

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Antigamente tinha uma expressão, “ficar para titia”, termo pejorativo para designar mulheres que não se casavam e/ou não eram escolhidas por um homem para ser seu par. Uma vez não escolhidas para o casamento, ferradas a sangue e ferro para o resto da vida. Rejeitada. Solteirona. E à margem da sociedade, do mundo e da vida. Por isso que, muitas mulheres preferiam o sacerdócio – freira, ou virar prostituta, para não ficar nesse lugar de solidão e cancelamento.