Eu nunca tinha ouvido falar em Léo Lins até a imprensa divulgar a esdrúxula sentença proferida contra ele. Ou seja: pelo menos para mim, a punição tornou visível a figura do comediante. Fui então conhecer os motivos pelos quais o penalizaram.
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O problema de punir artistas por trazer em suas apresentações conteúdos considerados ofensivos é que, por vezes, se deixa de penalizar os que praticam esses conteúdos na vida real. Condena-se, por exemplo, quem faz piadas com o racismo ou a pedofilia, quando a condenação deve se destinar aos racistas e pedófilos.
Um equívoco que está na base disso é supor que o autor das anedotas pratica ou defende as ações que ironiza ou das quais extrai o humor. É muito difícil que isso ocorra, pois indivíduo nenhum exporia em público as suas tendências perversas e discriminatórias. Pelo contrário, ele tende a escondê-las com enrustimento e dissimulação.
O espaço do palco não é o da vida real, e o que se diz ou faz ali apenas reflete os costumes e o pensamento de parte da sociedade. Não deve ser proibido,
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A melhor resposta que o público pode dar a um conteúdo que reprova é não prestigiar o autor. Um complemento a esse repúdio vem da crítica especializada, cuja opinião pode aumentar ou reduzir a frequência aos espetáculos. Mediante critérios técnicos e artísticos, ela concede à obra o valor (ou desvalor) que merece. Esse constitui o grande veredicto, e não o que é proferido por um juiz.