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Matam vidas, mas não assassinam a História. São João e Silvas brasileiros, filhos de pais e mães que dão o suor e o sangue do pão nosso de...

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Matam vidas, mas não assassinam a História. São João e Silvas brasileiros, filhos de pais e mães que dão o suor e o sangue do pão nosso de cada dia para lubrificar como óleo e garantir as engrenagens sempre funcionando. São milhões de anônimos, mundo afora. E negam tais mortes, numa pseudo sociedade autodeclarada tolerante, multicultural, que, contudo, distribui convites contados para a repartição da ceia no banquete do lucro. E o critério é a cor, o sexo, o credo, num ritual de exclusão auto-alimentado.

Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões ...

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Azuis em tons claros e escuros, colchões de brancos, estrelas e luzes, pássaros que nadam e peixes que voam. Mundos espelhados, imensidões pouco exploradas pelo limitado homem, inesgotáveis fontes para as mentes viajantes. Em céus e mares, há mais vidas, cores e mistérios, portanto, riquezas da criação, que possamos imaginar.

Até a primeira letra A incapacidade das palavras rabiscadas muitas vezes apagadas outras tantas em folhas virtuais

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Até a primeira letra
A incapacidade das palavras rabiscadas muitas vezes apagadas outras tantas em folhas virtuais

Era uma caixinha mágica. Tinha muitos poderes: Falar, cantar, sorrir, emocionar... Isso era feito em muitos idiomas. Das minhas primeiras...

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Era uma caixinha mágica. Tinha muitos poderes: Falar, cantar, sorrir, emocionar... Isso era feito em muitos idiomas. Das minhas primeiras lembranças ainda moleque ela estava lá. Engraçado como está gravado na memória afetiva mais devido ao que eu ouvia da sua "boca" do que à minha percepção de como era fisicamente aquela caixinha falante. A invenção atribuída ao italiano Guglielmo Marconi chegava aos meus ouvidos antes de ganhar forma aos meus olhos.

Quais seriam os segredos guardados há séculos nos pavimentos e nas paredes das construções do Centro Histórico de João Pessoa? Ou mesmo no...

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Quais seriam os segredos guardados há séculos nos pavimentos e nas paredes das construções do Centro Histórico de João Pessoa? Ou mesmo nos paralelepípedos das ladeiras e ruas daquela região? Os amores impossíveis, os açoites implacáveis, porres sofridos, sorrisos perdidos. Cada história silenciada, testemunhadas por seres que se foram, ficaram abafadas e de alguma forma registradas em pedra e cal.

Testemunha de conversas e silêncios, de sorrisos e lágrimas, de encontros e desencontros, ele foi descanso, pouso para o corpo e alma. Gua...

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Testemunha de conversas e silêncios, de sorrisos e lágrimas, de encontros e desencontros, ele foi descanso, pouso para o corpo e alma. Guarda segredos impregnados de atores que envelhecem a cada dia. Fez parte de jardins, teve grama sob os pés, presença dos passeios, dos segredos quase confessionário, dos passantes. Era vizinho de castanholas, tinha flores por perto, era amigo de soldadinhos.

Caminhar no rio E os pés flutuam no rio banham-se em luzes aquáticas mergulho na orquestra d'água

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Caminhar no rio
E os pés flutuam no rio banham-se em luzes aquáticas mergulho na orquestra d'água

Eu tenho o meu mar, a minha chuva, a minha lua, o meu vento... Quando eu os quero por perto fecho os olhos. Eu tenho o meu próprio por do s...

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Eu tenho o meu mar, a minha chuva, a minha lua, o meu vento... Quando eu os quero por perto fecho os olhos. Eu tenho o meu próprio por do sol litorâneo e seus multi tons de um quase branco ao rubro denso ou o do Sertão, quadro estampado no horizonte como se terra e céu se unissem. Sim, consigo sentir até o cheiro e perceber a cor intensa da flor mais bela largada pela estrada, em algum campo ermo, em qualquer estação onde já não passa trem, só o verão, ao fechar os olhos.

Um arrebatamento literário após uma peregrinação de sofrimentos ao desvendar o homem e da terra dos sertões brasileiros. Euclides da Cunha ...

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Um arrebatamento literário após uma peregrinação de sofrimentos ao desvendar o homem e da terra dos sertões brasileiros. Euclides da Cunha mergulhou no interior nordestino com uma visão e retornou com um novo olhar. Consegue, em que pese a proximidade histórica com os fatos narrados, criar com estilo literário, mas também como precisão documental, uma obra-prima sobre um capítulo sangrento da história brasileira.

Fiz do mar morada. A cada mergulho menino, a cada olhar sob o Sol veraneio, cada visita em qualquer estação ou mesmo direção. Embarquei par...

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Fiz do mar morada. A cada mergulho menino, a cada olhar sob o Sol veraneio, cada visita em qualquer estação ou mesmo direção. Embarquei para amar o mar ao encontrá-lo aqui e alhures, sob o céu azul, ou sob nuvens, pronto para ser banhado pela chuva. Sal adocicado pelo vento, pela água do céu, pelos coqueiros curvos em deferência ao mestre mar.

O espinho Um espinho solto no grito apertado beirava o caminho a espreita do dedo O espinho pouco obstáculo doloso gigante diminut...

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O espinho


Um espinho solto
no grito apertado
beirava o caminho
a espreita do dedo

O espinho pouco
obstáculo doloso
gigante diminuto
golpe absoluto

Que espinho torto
a alma em susto
e esfola o corpo
geme como louco

Espinho de desgosto
pontinho vermelho
pintura em dolorido
sinal do encontro

Um espinho indigesto
largado ao terreiro
carne, ponta e pronto
segundos de desespero


O casario


Casario conta o tempo
calculador de relógios
avança por séculos
pelos cantos sem esmero

No mármore frio
repousa em tijolos
argamassa de que foi ido
de um mundo decaído

Desfalece aos ruídos
das ruínas, em desapego
solta reboco a reboco
decompõe a si mesmo

Casario outrora acesso
de bailes, risos, acenos
foi alegre testemunho
agora é rio sem leito


O carnaval


Qual o melhor carnaval?
o da fantasia realizada
com a máscara na cara
e alma desnuda

Era a tribo perfeita
desconhecida cantoria
encontros em alegria
cerveja, suor, folia

Pelas subidas, descidas
Idas e vindas, ladeiras
cenário que se repetia
vida solta em Olinda


Clóvis Roberto é jornalista e cronista

As duas linhas de ferro paralelas serpenteiam os mais diversos cenários. Máquinas pesadas na construção e leves na poesia seguem equilibrad...

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As duas linhas de ferro paralelas serpenteiam os mais diversos cenários. Máquinas pesadas na construção e leves na poesia seguem equilibradas na estrada férrea que parece se estender indefinidamente. Os monstros de pés de aço cavalgam pelo real e imaginário, expelem fumaça pela cabeça, feito bule com o café quentinho.

Garganta fria Termômetro da garganta que ao gole frio esquenta ao trago, o copo da cerveja traz corpos em memória do subsolo da alma ...

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Garganta fria


Termômetro da garganta
que ao gole frio esquenta
ao trago, o copo da cerveja
traz corpos em memória
do subsolo da alma
ao largo da mesma cama
atrativa, inquieta
na noite gélida “agostiana”

Vivemos um novo velho mundo sem volta. E, definitivamente, não há retorno à nossa aldeia global, para lembrar o filósofo canadense Marshall...

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Vivemos um novo velho mundo sem volta. E, definitivamente, não há retorno à nossa aldeia global, para lembrar o filósofo canadense Marshall McLuhan. Um passo atrás é mais que retrocesso, é abrir mão de tudo que a humanidade construiu durante séculos. Isso não é opção, é rendição. Seria o mesmo que se fechar numa concha, dar as costas à vida e voltar-se para dentro da caverna descrita pelo também filósofo, o grego Platão, com o agravante de já termos visto a realidade fora daquele lugar escuro.

Originou-se de uma caixa de frutas e verduras, daquelas de madeira, com talas pregadas espaçadas nas laterais, onde são armazenadas verdura...

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Originou-se de uma caixa de frutas e verduras, daquelas de madeira, com talas pregadas espaçadas nas laterais, onde são armazenadas verduras e legumes como cenouras, pimentões e chuchus, ou frutas como mangas, cajus e laranjas. Gostos variados, doces sabores ou não, alimentos para a vida, tão comuns nos mercados e feiras livres da cidade. Porém, engana-se quem a considerar uma caixa qualquer.A caixinha em questão ganhou personalidade, alma. Ela foi toda pintada de azul escuro e recebeu pinceladas que formaram bolinhas vermelhas. É uma caixa especial!

O que eu tenho Eu tenho pequenas coisas em caixinhas cranianas casulos de sinceridades palavras engavetadas que me dêem sustentação ...


O que eu tenho

Eu tenho pequenas coisas
em caixinhas cranianas
casulos de sinceridades
palavras engavetadas
que me dêem sustentação

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Eu tenho algumas coisas
risos depositados em conta
rendem juros ao coração
passeio sem banco de praça
pinturas sem toque de mão

Eu tenho mudas de roupas
penduradas em cabides, em guarda
vigias da própria rotina
ajustadas à pele, à saudade
em fagulhas de pingos pela janela

Eu tenho certas fotografias
da sala preta, claridades, revelações
fundamentais excessos, sem exceção
atalhos, porções em flashes
embaraços pausados pela imaginação

* Inspirado em "Pequeno mapa do tempo", de Belchior



Reconstrução olfativa

E tinha um perfume
perdido na memória
viagem sem matéria
intocável, impalpável

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era o ontem hoje
instantânea vida
recorte, uma cena
reconstrução olfativa

fugaz espectro, some, dorme
dissipa como névoa
no encontro da manhã
pelo sol atingida

nova identidade
recompor a figura
concretizar a volta
que esmorece imperfeita



Claro

E é claro
quando o dia se faz em sono
que o coração é respiro
ilha de desejo

E salta na chuva
transmuta ferro e fogo
que aviva ao vento
arde sem ferimento

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É a vã sorte
acaso contido nos dados?
o ditar o encontro ?
o achar tu pela vida?

Outros chamam de destino
sem desvios, único caminho
e o resto cuida o tempo
o sorriso, olho no olho

Que (r) seja um beijo
adolescente, adormecido
hidrate o corpo inteiro
em sussurros, arrepios



Bom dia

Hoje eu não direi para ti bom dia
pois transpus a simbólica batida com a tua voz
ela ecoava afirmações e risinhos
bebia água, andava pela casa no escuro
Sim, hoje tu não receberás um dom dia
pois estavas presente nos últimos e primeiros minutos
quando uma jornada se foi e outro se fez
e ainda falávamos de tudo
Por isso, não haverá para ti bom dia hoje
ao relógio seguir célere eu a escutava
e quase sentia teu perfume de feminina pele
revela um novo bom dia


Clóvis Roberto é jornalista e cronista

Em um mundo animal... encontros animais. A minha relação com cães e gatos sempre foi ótima e se estende em harmonia e afeto até os dias at...

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Em um mundo animal... encontros animais. A minha relação com cães e gatos sempre foi ótima e se estende em harmonia e afeto até os dias atuais. Com coelhos, cavalos, jumentos, vacas, pássaros, sapos, entre outros, se não é uma amizade próxima, fraterna, é muito respeitosa e de admiração. Já com exemplares de outras espécies, os encontros foram um misto de surpresa, susto e dor, em algumas ocasiões. Tanto que passei a adotar o isolamento social com esses "bichinhos" bem antes de ser forçado a aplicá-lo também aos humanos por força da pandemia (alguns humanos bem que merecem um distanciamento social eterno).

Voltemos aos animais. Como já falei, cachorros e gatos, sobretudo os primeiros, são amigos de longa data. Porém, o objetivo do texto é abordar os encontros não tão legais.

Vou contar umas histórias sobre um amigo meu. Ele é bem desastrado, no sentido mais literal da palavra. É uma marca registrada dessa figura...

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Vou contar umas histórias sobre um amigo meu. Ele é bem desastrado, no sentido mais literal da palavra. É uma marca registrada dessa figura, que considero um cara legal. Ele já foi capaz de jogar o telefone celular pela janela do carro enquanto fazia uma ligação e tentava, ao mesmo tempo, ao volante, dobrar uma esquina (à época ainda não era infração de trânsito). E fez a proeza de arremessar para o alto uma faca de cortar carne, daquelas bem grandinhas, enquanto lavava a louça. De olhos vidrados, acompanhou a trajetória de subida e descida da arma branca com a ponta para baixo que, por sorte, não o atingiu. Passou raspando, foi por pouco que o pé direito não ganhou uma nova cicatriz.

Todo pessoense deveria visitar a região central da cidade pelo menos uma vez durante um dia de domingo. E isso com tempo, sem a pressa diár...

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Todo pessoense deveria visitar a região central da cidade pelo menos uma vez durante um dia de domingo. E isso com tempo, sem a pressa diária da semana, a pressão dos ponteiros do relógio, das buzinas dos carros, das vozes indistintas que cruzam calçadas e ruas. Apenas na companhia do silêncio e do vazio de gente. Esse encontro com João Pessoa seria mais que compromisso, mas um passeio prazeroso.

Vagava pela madrugada... Conhecia bem a cidade escura, as sombras ao caminhar pelas calçadas que cruzavam na direção contrária, os olhos ac...

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Vagava pela madrugada... Conhecia bem a cidade escura, as sombras ao caminhar pelas calçadas que cruzavam na direção contrária, os olhos acesos dos carros perdidos a esmo, a busca de companhia pelas avenidas e ruas, as janelas por onde pedaços de luzes piscavam meias vidas, verdades incompletas. Vultos deitados em marquises lhe soavam naturais, faziam-lhe temer menos que corpos apressados desmascarados que andam livremente nas noites de céu claro e quente.