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Há um pedacinho da Praia de Cabo Branco que é mágico. Ali, nas curvas finais do bairro que se estende entre a falésia às suas costa...

cabo branco paraiba joao pessoa
Há um pedacinho da Praia de Cabo Branco que é mágico. Ali, nas curvas finais do bairro que se estende entre a falésia às suas costas e o Oceano Atlântico diante dos seus olhos, ocorre a aproximação da barreira com as águas salgadas. Uma pista separa mar e terra. As ondas mostram seguidamente o desejo de beijar o relevo e força passagem. O homem, um teimoso em mostrar que pode domar a natureza, reconstrói a estrada, que, provavelmente, voltará a ser danificada. Um ciclo em que o ser humano perde sempre.

As idades já são avançadas. As peles, pintura gasta, reboco disforme, cimento esburacado, revelam mais que idades. Na verdade, indi...

parahyba joao pessoa nostalgia centro historico
As idades já são avançadas. As peles, pintura gasta, reboco disforme, cimento esburacado, revelam mais que idades. Na verdade, indicam o descuido dos entes próximos, os herdeiros, os habitantes, os passantes. Elas resistem, são guardiãs de muitas histórias, testemunhas de transformações. Os ossos, tijolos ou pedras, fortes, sustentam as estruturas e resistem aos desafios que os séculos impõem. O homem continua a ser, ora o inventor e restaurador, do mesmo modo o aniquilador que faz desmoronar as mais fortes com força bruta e tantas vezes estúpida.

Há uma entidade mística branca dos tempos anteriores pré-descobrimento, um ser em forma de homem que ensinou aos indígenas a agricultur...

sume cariri paraiba
Há uma entidade mística branca dos tempos anteriores pré-descobrimento, um ser em forma de homem que ensinou aos indígenas a agricultura. Ele andou pelos cariris e escapou às tentativas de ser morto pelas flechas dos indígenas, caminhou rumo ao oceano e andou sobre as águas até não ser mais visto. Existe uma terra guardiã no Semiárido, em cuja entrada há elevações guarnecidas de pedra. Dos segredos cantados por Zé Ramalho, da aparição de São Tomé da tradição católica colonial brasileira, a origem de uma terra, a morada de um povo.

Na hora do gol eu pude vivenciar uma emoção única, uma sensação mágica. Sentimento de vivenciar um lindo festival de luzes dos fogos...

Na hora do gol eu pude vivenciar uma emoção única, uma sensação mágica. Sentimento de vivenciar um lindo festival de luzes dos fogos de Ano Novo, de encontro com velhos amigos, correr com o vento no rosto e a chuva por todo o corpo. Os pequenos instantes do domínio da bola, vê-la vencer a tentativa angustiada do goleiro em defendê-la, de cruzar a marca divisória: gol. Certeiro mesmo é que os sentimentos sejam inversos. Tudo de bom é como fazer um gol.

Olho pelos cantos e reencontro palavras únicas e juntas. Soltas, aleatórias, desencontradas pelo ambiente. Para olhares desatentos ...

livros leitura recordacao
Olho pelos cantos e reencontro palavras únicas e juntas. Soltas, aleatórias, desencontradas pelo ambiente. Para olhares desatentos são insignificantes, mesmo desinteressantes. Da estante à mesinha do computador, soltas na cama e mesmo dependuradas nas paredes. Para o colecionador de letras cada uma tem sentido, até sentimentos, todas uma temporalidade.

A mente viaja solta pelos profundos oceanos dos tempos idos e das lembranças. Consigo escutar o colocar da ficha telefônica em contato...

A mente viaja solta pelos profundos oceanos dos tempos idos e das lembranças. Consigo escutar o colocar da ficha telefônica em contato com o ferro da base do orelhão. Os dedos giram no disco catando os números do telefone a ser discado. Do outro lado da linha o som da chamada, ficha cai e um “alô” é a senha para se entabular a conversa. A duração máxima é de três minutos. Mais tempo, mais ficha. Nada de celular supermicrocomputadores nos bolsos. O telefone fixo em casa era sinal de riqueza.

Uma tábua molhada sustenta vários potes de plantinhas ornadas de pingos da recente chuva. Parecem enfeites líquidos sobre a vida ver...

chuva inverno lembranca infancia
Uma tábua molhada sustenta vários potes de plantinhas ornadas de pingos da recente chuva. Parecem enfeites líquidos sobre a vida verde. O mesmo desaguar deixa umedecido o dia, adentra com o vento ameno das frestas a casa e traz notícias de outra estação.

Os dias mais curtos chegam e deixam as ruas diferentes. As pessoas continuam apressadas, mas portam algo como que um semblante sério, sisudos rostos enquanto executam a difícil missão de equilibrar guarda-chuvas nas mãos e dançam ao desviarem das poças d´água.

Pegar a estrada, sair por aí e abraçar a Paraíba. A cada quilômetro rodado se desvendam as terras, os cenários e os recantos paraibanos...

Pegar a estrada, sair por aí e abraçar a Paraíba. A cada quilômetro rodado se desvendam as terras, os cenários e os recantos paraibanos. É uma oportunidade de ver o que o estado tem de tão encantador. Município a município as placas demarcando limites territoriais se acumulam pelas estradas, misturando a receptividade de cada povo, expondo características dos lugares que, unidas, formam a Paraíba de paisagens, alegrias e particularidades.

Quando encontrei o São João certamente os meus olhos brilharam. Eu ainda criança aprendendo as primeiras letras, descobrindo as cois...

festa junina sao joao nordeste
Quando encontrei o São João certamente os meus olhos brilharam. Eu ainda criança aprendendo as primeiras letras, descobrindo as coisas do mundo, percebendo e abraçando com o corpo e alma a identidade da terra. O brilho das luzes e o colorido de bandeirinhas e balões ornamentais da festa do sexto mês do ano trouxeram encantamento aos olhos. Uma noite para conquistar todos os sentidos.

Pelas bandas de cá do mundo, o Nordeste é diferente. O céu de junho traz notícias específicas e especiais. Ele desenha em nuvens de ...

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Pelas bandas de cá do mundo, o Nordeste é diferente. O céu de junho traz notícias específicas e especiais. Ele desenha em nuvens de comida de milho, se enfeita de bandeirolas e até tem uma playlist ao ritmo de forró pé-de-serra, xote, baião. E traz chuva mais forte, faz cair suave e deliciosamente os marcadores dos termômetros.

Na mesa, dados, tabuleiros, perguntas, brindes e a formação de lembranças em jogos novos e antigos. A vida está presente em movimento d...

jogo vida sorte visao de mundo
Na mesa, dados, tabuleiros, perguntas, brindes e a formação de lembranças em jogos novos e antigos. A vida está presente em movimento de mãos, bocas e olhares nos cíclicos encontros. Numa caixinha, músicas se alternam, conectam e transportam mentes. Vozes e instrumentos ecoam versos e acordes de tempos atrás. A música está presente mesmo quando silenciosa, quase um murmúrio, uma oração, um apelo para que o tempo daquele instante se torne eterno.

O balanço das páginas abre mundos, personagens, vivos, mortos ou imaginários, tempos, coisas, cenas, ventanias. Histórias de cria...

leitura paginas literatura poesia
O balanço das páginas abre mundos, personagens, vivos, mortos ou imaginários, tempos, coisas, cenas, ventanias. Histórias de criatividade real ou realidades ilusórias. Ondas de navegação ao tempo das caravelas, das canoas, dos monstros de aço que deslizam por calmarias ou tempestades pelos mares da imaginação autoral.

Desvario de tempo. Igual e diverso para cada olhar. É necessário para tudo que se encontra na dimensão perceptível do momento. O espa...

Desvario de tempo. Igual e diverso para cada olhar. É necessário para tudo que se encontra na dimensão perceptível do momento. O espaço métrico de algo impalpável e, da mesma forma, concreto que se desmancha a cada instante e se reconstrói em lembrança. Ao olhar dos homens, talvez dos demais seres, o tempo se apresenta em mutações, em ritmos variáveis, quando, verdadeiro, apenas segue adiante, mesmo que em aparentes voltas, sem voltar.

Prateleiras, gavetas e caixas guardam uma coleção de objetos, coisas coletadas ao longo da vida. É um álbum, um armazém de memórias...

recordacoes lembrancas arrumacao memoria
Prateleiras, gavetas e caixas guardam uma coleção de objetos, coisas coletadas ao longo da vida. É um álbum, um armazém de memórias guardadas. Volumes catalogados num repositório de lembranças jamais esquecidas, só devidamente estacionadas, que, às vezes, emergem ao se disparar gatilhos. Coisas dos humanos, um ser improvável, que equilibra-se quando bambeia mesmo sozinho.

Um solfejar a intervalos revelam notas das memórias, descortina rostos, histórias, sorrisos e lágrimas alegres. Produz mergulhos n...

reflexoes nostalgia lembranca
Um solfejar a intervalos revelam notas das memórias, descortina rostos, histórias, sorrisos e lágrimas alegres. Produz mergulhos nas lembranças e na piscina azul de claro contorno noturno das luzes em contracena do tinto do copo. Tudo refletido pelo princípio da noite, um descortinar diário que sempre encanta.

Os riscos dos movimentos em ballet das nuvens constroem a cenografia para as avoantes de todas as formas e origens, biológicas ou ...

ceu altura sonho nuvens
Os riscos dos movimentos em ballet das nuvens constroem a cenografia para as avoantes de todas as formas e origens, biológicas ou tecnológicas. O céu é um imenso palco em constante espetáculo mutável. O azul em multitons, o branco e o cinza formados pelos blocos de enevoamentos em caminhada como romaria ao sabor dos ventos, o negro tempestuoso ou o breu noturno. E ainda os alaranjados efeitos especiais declarando o início do dia ou a proximidade da noite. Sem contar a caixa de lápis de cor aberta pelas curvas dos arco-íris em ligação de dois pontos e como mensageiros aos homens: todas as cores importam.

O menino atira o olhar em forma de flecha pela janela e atinge muitos tempos. Das eras dos outros garotos, dos velhos nas praças, d...

infancia olhar crianca
O menino atira o olhar em forma de flecha pela janela e atinge muitos tempos. Das eras dos outros garotos, dos velhos nas praças, do motorista da condução apressado, do sorveteiro concentrado no equilíbrio dos negócios para que não derretesse, da menina sonhadora da outra janela. E mirou máquinas modernas e ultrapassadas que se encontravam nas esquinas, nos desenhos e nos destinos.

É um dia normal de abril, o céu está com algumas nuvens, mas a temperatura segue abafada e qualquer rasgo de vento que bate vindo do le...

É um dia normal de abril, o céu está com algumas nuvens, mas a temperatura segue abafada e qualquer rasgo de vento que bate vindo do leste é como mãos macias acariciando cabelos, rosto, o corpo pensativo e caminhante. A música suave ecoa na mente como em ondas que se aproximam e se afastam ao ritmo da maré dos pensamentos.

A porta da antiga barbearia ainda está aberta. Na inclinada calçada vejo os mesmos batentes para facilitar o acesso ao estabelecim...

nostalgia passado recordacao
A porta da antiga barbearia ainda está aberta. Na inclinada calçada vejo os mesmos batentes para facilitar o acesso ao estabelecimento. Do lado de fora, ao passar, observo de relance que pouco foi modificado. Duas cadeiras de barbeiro de frente para os espelhos e, por trás, um banquinho para quem aguarda a vez. A rua, a Peregrino de Carvalho, que hoje sei do nome, fervilha menos devido às mudanças impostas pelo tempo.

O olho no fundo do copo mira a vista e a mente com turbidez. Balança no mar do líquido embriagante, em tom de tango, bem argen...

vinho embriaguez boemia
O olho no fundo do copo mira a vista e a mente com turbidez. Balança no mar do líquido embriagante, em tom de tango, bem argentino, delicioso, que domina o corpo, feito um poema cantado por Zé Ramalho, um Zeca maranhense ou Alceu pernambucano e todas as suas formas diretas e metáforas para falar do simples e o complexo, do irreal e do concreto.