A busca pela felicidade deve orientar todas as ações humanas para alcançar o bem comum. Essa tese é apresentada pelo filósofo grego Aristóteles (384 a.C. — 322 a.C.) em sua obra Ética a Nicômaco (300 a.C.). Segundo o pensador, a finalidade do sumo bem deve ser objeto da ciência máxima, que é a Política: a ciência do bem-estar coletivo. O Estado tem o papel de assegurar a felicidade, bem como de criar condições sociais que favoreçam o desenvolvimento pleno do cidadão. Assim, a Política é responsável por construir a dignidade no meio social. Os interesses dos cidadãos que vivem em comunidade devem coincidir com o bem-estar da sociedade, pois o objetivo de todo o grupo equivale ao objetivo de cada indivíduo que o compõe. Portanto, é necessário promover o bem supremo da comunidade
No livro A República (380 a.C.), o filósofo Platão (428 a.C. — 347 a.C.) apresenta os diálogos de seu mestre, Sócrates (470 a.C. — 399 a.C.). Neste trabalho, os dois pensadores gregos expõem a maneira de governar a cidade para garantir a dignidade dos cidadãos, descrevendo e conceituando a Justiça. São abordadas as divisões de poder e os tipos de caráter que devem prevalecer entre os ocupantes de cargos públicos, sendo também discutido o que é necessário para promover o bem-estar social.
No ensaio A origem da obra de arte (1950), do filósofo, escritor e professor alemão Martin Heidegger (1888 — 1976), que surgiu como resultado de três conferências realizadas em 1936, a poesia é considerada como a origem da arte, e sua essência poética é a verdade. O pensador alemão não considera a poesia um gênero literário. Para ele, a arte poética é um evento histórico, a partir do qual o fenômeno humano ou a realidade de um povo revela um significado de veracidade.
Lev Nikoláevitch Tolstói (1828 - 1910) nasceu em Yásnaya Polyana e foi um escritor russo. Sua obra abrange romances, novelas, contos e também trabalhos de não ficção. Ele é conhecido por apresentar em suas obras personagens trágicos, sátiras, ironias, uma visão crítica do nacionalismo, doutrinas morais, adultério, narrativas psicológicas, situações sociopolíticas, críticas à aristocracia e às religiões, bem como as contradições entre ceticismo e dogmatismo, entre outros temas. No livro Os Cossacos (1863), Tolstói explora a ideia de que a felicidade existe em estar em contato com a natureza, observá-la e conversar com ela. O seu trabalho mais reconhecido é o romance histórico Guerra e Paz (1869) que trata da invasão napoleônica. No final da década de 1870, Tolstói passou por uma crise existencial e redescobriu sua dignidade através dos ensinamentos de Cristo, em especial, o texto bíblico do Sermão da Montanha. Ao mesmo tempo, ele denunciava a corrupção presente nas igrejas cristãs, que distorciam os valores humanos do cristianismo. A partir dos anos 1890, Tolstói concentrou-se em escrever sobre questões morais, estéticas e políticas. Nessa fase, ele escreveu o livro O que é arte? (1898).
A mitologia da Grécia Antiga era transmitida oralmente e registrada pela escrita e manifestada por meio da arte para compreender o Universo e a natureza, como por exemplo, a existência e o propósito da vida humana. A literatura erudita auxilia na compreensão das tradições culturais e científicas que contribuem nas criações das identidades dos povos ao longo dos séculos. Essas referências analisam conceitos e são aplicados aos costumes, seja nas ciências humanas ou exatas, e são frequentemente encontradas na intertextualidade, que estabelece relações de significado entre um texto e outro, ou na transtextualidade, quando o texto vai além dos seus próprios aspectos e interage com outros textos.
No livro O futuro do ódio (2008), o psiquiatra e psicanalista belga Jean-Pierre Lebrun (1945) analisa o embrutecimento humano e o desejo ao crime. Sobre o tema, o autor afirma:
“O ódio está lá, na vida cotidiana, nas cóleras, na violência, na agressividade, claro, mas também nos enganos,
O filósofo holandês Baruch Spinoza (1632 - 1677), em seu livro Ética (1677), apresenta, no capítulo I (Sobre a Religião e o Estado) três teses fundamentais relacionadas a Deus. A primeira é a tese da substância, que estrutura a existência de todos os fenômenos e acontecimentos. A segunda é a tese do atributo, que representa a essência divina, componente da substância. Por último, a tese do modo, que se refere a tudo que existe e assume uma forma característica qualquer, como os fenômenos e situações do cotidiano.
Este texto é dedicado ao amigo artista plástico paraibano FLÁVIO TAVARES (1950). O qual me apresentou seu quadro O EU, que está fixado em Academia Paraibana de Letras do estado da Paraíba.
A obra de arte, em geral, cria uma conexão estética entre o artista e o espectador. Essa correlação estimula a empatia entre eles, despertando o senso crítico para reconstruir a dignidade humana e a apreciação da beleza, seja de forma objetiva ou subjetiva.
A filosofia do holandês Baruch Spinoza (1632 – 1677) ensina a pessoa a perder o medo de viver, estimulando-a a desenvolver a própria intuição, para vivenciar a liberdade e a alegria. Isso conduz o ser humano à arte da compaixão, que está associada a uma causa exterior, seja no cotidiano ou na convivência com os outros. Em seu livro Ética (1677), o filósofo apresenta a beleza de existir, formulando a tese de que a natureza humana é constituída de uma substância única e infinita, e por outros dois modos finitos: corpo e mente.
Sísifo é um personagem da mitologia grega, rei e fundador de um território que hoje se chama Corinto, localizado na região do Peloponeso. Sísifo viu a bela Egina ser sequestrada por uma águia a mando de Zeus. Ela era filha de Asopo, deus dos rios, que estava muito abalado com o sumiço da sua amada menina. Sísifo pensa em tirar vantagem da informação que tem e conta-lhe que Zeus havia sequestrado a jovem. Em troca, pede que Asopo crie uma nascente em seu reino, pedido que é atendido. Zeus, ao saber que Sísifo havia lhe denunciado, envia Tânatos, o deus da morte, para levá-lo ao mundo subterrâneo. Mas Sísifo engana Tânatos ao dizer que gostaria de presenteá-lo com um colar,
A expressão em latim memento mori costumava ser pronunciada em Roma Antiga, onde eram realizados grandiosos desfiles em homenagem a algum general recém-vitorioso no campo de batalha. A cerimônia, esteticamente impressionante, tinha o objetivo de tornar-se inesquecível, devido ao impacto dos resultados heróicos, e fazia com que o comandante militar se sentisse como um deus. Havia sempre um servo cuja única função era seguir atrás do corpo do general vencedor e repetir: “Respice post te. Hominem te esse memento. Memento Mori!”, frase que pode ser traduzida como:
Este texto é dedicado à minha filha
arquiteta e urbanista Ingrid Maux Dias.
Charles-Edouard Jeanneret-Gris (1887 – 1965), conhecido por Le Corbusier, foi arquiteto, urbanista, escultor e pintor suíço. Em sua Carta de Atenas, publicada em 1933, no tópico 92, ele afirma:
“A arquitetura preside os destinos da cidade. Ela ordena a estrutura da moradia, célula essencial do tecido urbano, cuja salubridade, alegria, harmonia são subordinadas às suas decisões. Ela reúne as moradias em unidades habitacionais
Este texto é dedicado à Escola Integral Técnica Estadual de Arte, Tecnologia e Economia Criativa Poeta Juca Pontes.
No início do século 20, havia conflitos internos e externos em diversos países, cujos objetivos consistiam em definir territórios e impor, aos povos, o sentimento de nacionalismo. Revoltas sociais sangrentas eclodiam nesse cenário. A discriminação determinava as relações humanas. As nações estavam doentes de ódio, o que resultou em guerras mundiais. Com o intuito de construir a paz entre as nações, o livro Educação pela Arte (1943), escrito por Herbert Edward Read (1893 - 1968), crítico de arte e literatura e poeta britânico, apresenta a arte como a base da educação e como elemento para desenvolver a sensibilidade, a percepção, o sentimento, o respeito e a criatividade. Essa proposta engloba todas as formas de expressão artística,
As alucinações são características das manifestações delirantes, podendo ocorrer tanto de forma individual quanto em grupo. Um dos seus sintomas mais intensos é o delírio religioso, que se classifica nos critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). Sigmund Freud (1856 - 1939), psiquiatra e psicanalista austríaco, em seu artigo intitulado O Futuro de uma Ilusão (1927), afirmou: "A ilusão religiosa é a mais implacável e persistente, ela está ligada a um impulso e se aproxima dos delírios psiquiátricos". Essa falha psíquica pode incluir a projeção de grandiosidade,
Arthur Schopenhauer (1788 – 1860), filósofo prussiano, em seu primeiro livro, O mundo como Vontade e como representação (1819), considera o mundo como fenômeno, ou seja, algo é percebido e representado. No Tomo II da referida obra, o pensador afirma que o mundo possui uma essência: a Vontade. Ele diz que o sujeito é o fundamento do mundo. Conforme seu pensamento (2015, p. 5): "Tudo o que existe, existe para o sujeito".
O Tomo I começa com a seguinte reflexão:
"O mundo é a minha representação. Essa proposição é uma verdade para todo ser vivo e pensante embora só no homem chegue a transformar-se em conhecimento abstrato e refletido.”
Id., 2005, p. 1
Essa tese, que é um dos fundamentos da sua filosofia, também apresenta o conhecimento sendo construído na relação da intuição sensível à capacidade de interpretar os objetos da realidade, permitindo que possam ser conhecidos de forma universal e necessária. Por exemplo: os princípios da individuação e da causalidade, favorecidos de uma entidade metafísica. O filósofo prussiano garante que é possível chegar até o extranatural pelo corpo humano e que a razão se torna um mecanismo de autopreservação da espécie.
De acordo com Schopenhauer, a Vontade, de forma geral, é o desejo constante de viver, que está presente tanto em organismos quanto no reino inorgânico, em diferentes graus, sendo o corpo humano o mais elevado grau de objetivação. A Vontade aponta para as motivações desconhecidas das ações humanas, no sentido de que os seres humanos são conduzidos por impulsos — fome, sede, medo, sexo e outras coisas — que estão além do controle humano e que, no entanto, determinam as ações, mesmo aquelas que parecem ser provenientes
de uma decisão racional e se encontram submetidas às necessidades vitais para sobrevivência.
Arthur Schopenhauer admite que existe algo no interior do ser humano que não pode ser explicado ou controlado. Existe também a Vontade, de onde as ações provêm, e que não possui fundamento ou finalidade. Por causa disso, conceitos como liberdade e autonomia são ilusões, pois os humanos, assim como outros seres, são guiados por um núcleo irracional e suas atitudes não podem ser determinadas de forma racional. Assim, a razão não pode ser uma entidade abstrata desvinculada da realidade. Para o filósofo, não existem objetos transcendentais fora da experiência, mas, sim, inerentes ao mundo físico e ao próprio corpo. O "ato da vontade" e a "ação do corpo" são "uma única e mesma coisa, só que apresentados de duas maneiras completamente distintas" (SCHOPENHAUER, 2001, p. 157). Deve-se considerar o corpo como a "materialização da Vontade". Esse termo foi criado para expressar a manifestação visível da Vontade no corpo, o qual é o único objeto que não se conhece apenas do ponto de vista da representação - que é o modo pelo qual se distingue todos os outros, de imediato pela Vontade. As contribuições da filosofia schopenhaueriana para o idealismo apresenta o aspecto fisiológico, que faz com que a razão não tenha a importância central na metafísica; e sim o corpo.
Schopenhauer considera a Vontade o motivo de todo o sofrimento no mundo. Os indivíduos estão constantemente em busca da matéria, que, no entanto, é finita e constante. Jair Barboza, em seu livro Schopenhauer:
A decifração do enigma do mundo (Ed. Paulus, 2003), remarca a seguinte frase do filósofo prussiano: "Cada pessoa só pode surgir se tomar o lugar de outra, se apoderando da matéria que está no poder. É por isso que vemos conflitos e lutas em todos os lugares". Essa é a razão de a existência ser repleta de conflitos, pois a Vontade está constantemente em discordância consigo mesma quando encontra um obstáculo. Por outro lado, quando se alcança o objetivo esperado, tem-se satisfação. Mas nenhuma satisfação é duradoura. Assim que um desejo é satisfeito, surge outro em seu lugar. Schopenhauer descreve esse sofrimento como uma essência atemporal, mostrando que a dor é inevitável e os esforços para acabar com ela nunca são eficazes.
A forma como a angústia se manifesta ao longo da história ou nas sociedades não nos revela sua causa, pois esta reside em um princípio metafísico implícito a tudo, desde o reino inorgânico até o orgânico. A busca pela causa externa de um mal-estar, ou sua relação com determinado nível de riqueza ou posição social, não é determinante. Viver é sofrer. E a felicidade é conceituada como breves momentos em que a tristeza é aliviada. Segundo Schopenhauer (2015, p. 409):
"Tanto a extrema alegria quanto a dor sempre se baseia em um engano: portanto, essas duas tensões mentais excessivas podem ser evitadas por meio da compreensão."
A filosofia schopenhaueriana apresenta opções para purificar o sofrimento. Uma delas é quando o ser humano se dedica à contemplação artística ao usar a intuição para mergulhar na própria Vontade e controlá-la. Na arte, a relação entre a Vontade e a representação se inverte. Desse modo, a inteligência constrói a história da sua própria Vontade. Schopenhauer considera a música a arte de maior destaque, porque ela expressa a Vontade em sua essência e liberta o homem dos sofrimentos.
O sofrimento humano, em geral, fortalece os valores morais relacionados ao bem comum, quando uma pessoa procura conhecer a si mesma para curar suas próprias feridas emocionais: depressão, irritabilidade, pensamentos obsessivos, dificuldade de concentração e outros. Auto-cuidado leva à compaixão. Esse comportamento evita impulsos autodestrutivos e também impede que outros se destruam em dificuldades trágicas. No atual século, a grande maioria das pessoas enfrenta de forma trágica o dilema entre a necessidade de se afirmar e o desejo de intervir no mundo, com o objetivo de se tornarem agentes de suas próprias ações e se sentirem verdadeiramente conectadas consigo mesmas. A própria existência neste mundo
As redes sociais praticamente foram transformadas em expositores, para observar a vida do outro e ser observado. Para alguns, existe a necessidade de se tornarem visíveis, apesar de permanecerem sozinhos e com a dificuldade de cuidarem de si mesmos. O mau uso das mídias tecnológicas pode gerar uma dependência obsessiva compulsiva, que tem como consequências, entre outros males: aumento da ansiedade e depressão; problemas de sono; falta de concentração; deficiências de aprendizagem; incentivo ao consumo exagerado; intensa necessidade de aprovação e acolhimento; insatisfação com a própria vida; perda do senso crítico e criativo. Esses danos causam o sentimento de culpa por não atender uma respeitosa interação, originando a dor da solidão.
A certeza de que a sociedade está adoecida pela imutabilidade do mal, advinda da brutalidade humana e representada por um poder patológico invisível, é causadora de mal-estar. Diante disso, desembrutecer-se contra a invisibilidade da perversidade é priorizar os pertencimentos que são construídos pela dignidade humana. Deve-se analisar como a violência está implícita nos relacionamentos destrutivos.
No livro Emílio ou Da Educação, publicado no ano de 1762, o filósofo, teórico político, escritor e compositor genebrino Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) defende a tese de que o homem nasce naturalmente bom e a sociedade o transforma em um indivíduo mau. O autor propõe a educação para que a criança se torne um bom adulto. Rousseau afirma que é preciso partir dos instintos naturais da criança para desenvolvê-los na bondade. A obra, em forma de romance, Rousseau descreve a educação de um menino (Emílio) — rico e nobre, criado isolado de outras crianças — desde seu
Os desejos vitais de sobrevivência, a exemplo da fome, do medo e do sexo, influenciaram a criação da cultura e estimularam os sentimentos de afeto de uma comunidade. Segundo o psicanalista francês Jacques-Marie Émile Lacan (1901 – 1981), uma das causas desse processo é a angústia.