Li que essa coisa de superstição tem origem no tempo das bruxas medievais e seus gatos pretos. E que, desde então, habita a mente e o cora...

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Li que essa coisa de superstição tem origem no tempo das bruxas medievais e seus gatos pretos. E que, desde então, habita a mente e o coração de muita gente mesmo nos grandes e modernos centros culturais do mundo.

Fugir do número 13, desse modo, não é, assim, uma exclusividade do subdesenvolvido que vos fala. Fazem isso, igualzinho, nos Estados Unidos, a ponto de certas companhias aéreas não oferecerem assento com esse número.

A poda foi criminosa por dois motivos: a violência do fato em si e a grave consequência. O ninho que abrigava o filhote de bem-te-vi veio ...

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A poda foi criminosa por dois motivos: a violência do fato em si e a grave consequência. O ninho que abrigava o filhote de bem-te-vi veio ao chão com galhas e lágrimas da cajazeira depenada. Uma pena...

Eis que sai do morno aconchego uma coisinha de asa e cauda, com mancha amarela no papo, assustada, olhinhos brilhando sem entender nada. Os pais aflitos piavam de um lado pro outro numa algazarra sonora, em sinais de alerta e protesto. E agora?

Meu amigo Luciano B. saía de uma boate no Recife enfrentando uma chuva intensa. Estava a bordo de uma loura espetacular e queria "se...

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Meu amigo Luciano B. saía de uma boate no Recife enfrentando uma chuva intensa. Estava a bordo de uma loura espetacular e queria "se amostrar". Logo que seu potente carro começou a percorrer o caminho que os levaria à suíte presidencial do Sheraton, um outro veículo que vinha atrás passou a dar insistentes sinais de luz e buzinar freneticamente. O Don Juan paraibano quis mostrar sua macheza e baixou o vidro, estendeu o braço para fora e mostrou aquele dedo que significa vocês sabem o quê. O outro veículo continuou a buzinar e a dar luz alta e segundos depois o carro do meu amigo caiu num enorme buraco, sem condições de continuar andando.

Lembro que neste período do ano, quando as árvores mudavam as folhas, os cajus e as mangas maduros se esparramavam pelo chão, os araçás a...

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Lembro que neste período do ano, quando as árvores mudavam as folhas, os cajus e as mangas maduros se esparramavam pelo chão, os araçás amadureciam nas capoeiras e em casa mamãe pendurava num galho de árvore capulhos de algodão colhidos no roçado, onde colocava objetos – caixas de fósforos cobertas com papel dourado e flores de papel branco –, sabíamos que chegou Natal.

Na bodega se falava dos preparativos da festa que ocorria na cidade entre o Natal e Ano Novo, com parques de diversões, pescarias, barracas de jogos e bingos, além do pavilhão onde ocorriam os leilões com perus e galinhas assadas. Dias antes, comitiva da Igreja, com uma carta do padre, pedia pelos sítios donativos para as festividades e o custeio da limpeza e manutenção do templo dedicado ao Sagrado Coração de Jesus.

Eram oito dias de festas, com início pelo Natal, com a celebração do advento e nascimento do Menino Jesus, e concluídas em primeiro de janeiro, com a imagem do homenageado num andor que percorria nos braços do povo a Rua Monsenhor Walfredo até a Praça Antônio Bento, em frente da Igreja, onde ao entardecer, era celebrada missa.

De roupa e sapato novos, na boca da noite acompanhávamos grupo de gente procedente dos sítios que se dirigia à cidade, numa boa prosa, às vezes sob o luar.

A praça ficava engalanada para a festa, que começava ao final do dia, tinha intervalo para a Missa do Galo e depois todos voltavam aos folguedos para brincar até o dia amanhecer. Retornávamos felizes, empoeirados e cansados para a labuta do dia, aos afazeres do sítio que não poderiam deixar para depois.

O pensamento voltou para o menino que não saiu da manjedoura. As cantigas ensinadas por minha avó e mamãe são lembradas agora, enquanto a memória reconstrói aquelas cenas.

No sítio onde morávamos, vovó cantava essa modinha que recordo emocionado:

Nossa Senhora à beira do rio, Lavava os paninhos do seu bento filho. Nossa Senhora lavava São José estendia. O menino chorava com o frio que fazia. A Virgem, sorrindo assim lhe dizia: Não chore meu amor! Isso são os orvalhos do Pai do Senhor. O filho do rico em berço dourado e Tu, meu menino, em palha deitado!

Agora são recordações. Boas recordações. O tempo mudou ou mudamos nós? Ficaram as lembranças que nos consolam.

O Menino Jesus que venerávamos naquela época, renasceu agora, mas o coração de todos vive a apreensão da festa que pode não começar devido às balas a zunir sobre nossas cabeças, vindo não se sabe de onde.

Pedaços de recordações de como tudo se realizava com simplicidade, diferente do que vimos agora.

Recentemente visitei uma senhora de noventa anos, que resida em nosso recanto de terra, recordou estes versos, versos que não lembrava.

Em homenagem a bell hooks , que faleceu ontem, 15 de dezembro de 2021 Este é o título do romance da americana Toni Morrison, ganhadora...

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Em homenagem a bell hooks, que faleceu ontem, 15 de dezembro de 2021

Este é o título do romance da americana Toni Morrison, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, 1993. Esse livro foi escrito entre 1962 e 1965 e, como ela afirma no posfácio, “é uma tentativa de dramatizar a opressão que o preconceito racial pode causar na mais vulnerável das criaturas: uma menina negra”.

Ela tinha marcas no corpo e na alma, e estava decidida a mudar. Foi assim que Helena – ela me pediu para não revelar seu nome verdadeir...

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Ela tinha marcas no corpo e na alma, e estava decidida a mudar. Foi assim que Helena – ela me pediu para não revelar seu nome verdadeiro - iniciou a jornada rumo a uma grande transformação em sua vida. Ela não precisava de ajuda de ninguém pois, para ela, naquele momento a ajuda estava dentro dela, não fora. Ela precisava se redescobrir, descobrir uma nova versão de si mesma. Essa versão estava em seu interior, adormecida, pronta para ser despertada, explorada e vivida.

Hoje, 27 anos depois, parece-me imperdoável que o Conselho Estadual de Cultura não tenha reeditado o livro de Irenêo Joffily logo na prime...

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Hoje, 27 anos depois, parece-me imperdoável que o Conselho Estadual de Cultura não tenha reeditado o livro de Irenêo Joffily logo na primeira leva da Biblioteca Paraíbana, iniciativa pela qual tanto nos batíamos no propósito de reanimar a tradição editorial do Estado na instrumentação de sua cultura. Integravam o conselho José Octávio, José Elias Borges, Wellington Aguiar, Itapuan Botto e o locutor que vos fala. Os que não eram vinculados à história ou à antropologia, eram a elas afeiçoados. E passamos batidos

Numa certa edição do Correio das Artes, Linaldo Guedes contou uma história que caracterizou como escândalo absurdo. História, envolvendo ...

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Numa certa edição do Correio das Artes, Linaldo Guedes contou uma história que caracterizou como escândalo absurdo. História, envolvendo cinco pessoas, numa mesa de bar. Pessoas que se dedicam à poesia e à Crítica Literária e que, naquele instante, protagonizaram uma cena de desequilíbrio e violência.

As folhas secam pelo sol, pelo fogo, pelo tempo, mas ainda preservam a beleza. Podem mudar de lugar, porque assim desidratadas, voam com m...

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As folhas secam pelo sol, pelo fogo, pelo tempo, mas ainda preservam a beleza. Podem mudar de lugar, porque assim desidratadas, voam com mais leveza e rapidez. De Bananeiras a João Pessoa, seguem uma escala de cores temporária, do verde ao cinza, como se o brejo se tornasse sertão.

Roggers foi o sítio de um inglês, Richard Roggers, que aqui chegou, na primeira metade do Século XIX. Teria sido um viajante que largou o...

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Roggers foi o sítio de um inglês, Richard Roggers, que aqui chegou, na primeira metade do Século XIX. Teria sido um viajante que largou o navio, no Porto do Varadouro, seduzido pelas belezas do lugar. Aqui, fez fortuna; casou-se com uma morena bem brasileira, dona Francisca Romana, e foi feliz para sempre, nos trópicos.

As Tragédias Gregas põem em cena a imperfeição humana. O personagem atua seus conflitos e suas falhas, que levam ao πάθος , ao sofriment...

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As Tragédias Gregas põem em cena a imperfeição humana. O personagem atua seus conflitos e suas falhas, que levam ao πάθος, ao sofrimento, dele próprio e daqueles a quem está vinculado.

Ájax, como personagem trágico da peça homônima sofocliana, traz em si as características do herói da tragédia. Ele não reflete antes de agir, está deslocado em relação ao seu contexto, sua trajetória está impregnada de ações desmedidas, se deixando tomar pela soberba e pela ira.
Suas ações, movidas pelo princípio do prazer, tendo na base as representações ideativas das pulsões do Id, frustram-se ao se deparar com a realidade que se impõe. E nesse movimento entre processos internos e acontecimentos externos, Ájax é o típico herói trágico, que se vê diante de aporias, sem saída para o seu conflito.

Pais e mães que procuram meu curso para seus filhos costumam fazer a ressalva: “Queremos um curso de redação, não de gramática.” Geralment...

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Pais e mães que procuram meu curso para seus filhos costumam fazer a ressalva: “Queremos um curso de redação, não de gramática.” Geralmente acrescentam a essas palavras a informação de que os filhos não leem, ou leem pouco, por isso têm dificuldade de escrever. O acréscimo é pertinente, demonstra bom senso. Quem não lê não escreve. O que não se entende é a restrição à abordagem gramatical. Como se fosse possível produzir satisfatoriamente um texto sem o conhecimento das normas que disciplinam o uso da língua.

O historiador inglês Peter Burke, acadêmico de primeira linha (é — ou foi — professor em Cambridge) e colaborador do jornal Folha de S. Pa...

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O historiador inglês Peter Burke, acadêmico de primeira linha (é — ou foi — professor em Cambridge) e colaborador do jornal Folha de S. Paulo, publicou em 2009, pela Editora Civilização Brasileira, uma coletânea de ensaios intitulada O historiador como colunista. Livro erudito e leve ao mesmo tempo, oferece ao leitor reflexões sobre temas os mais diversos, todos de grande interesse cultural, entre os quais destaquei,

'O cargo de Gênio da Raça Brasileira ainda está vago', diz D. Pedro Dinis Quaderna no romance da Pedra do Reino, de Ariano. O fat...

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'O cargo de Gênio da Raça Brasileira ainda está vago', diz D. Pedro Dinis Quaderna no romance da Pedra do Reino, de Ariano.

O fato de jamais termos alcançado o Nobel – nem Suassuna – tem a ver com isso.

Bem,

Tolstoi, Joyce, Borges e Fernando Pessoa morreram sem recebê-lo, o que quer dizer muita coisa. Alguns autores apenas medianos, no entanto, foram premiados, o que nos diz mais ainda. Mas é claro que há uma lista de escritores notáveis que deram ao Nobel uma importância extraordinária. Cito – de memória - Camus, Faulkner, Hemingway, Bergson, Octavio Paz, Gabriel García Márquez, Saul Bellow, Neruda, Beckett, Steinbeck, Gide, Pirandello e Thomas Mann.

Nascido em Campina Grande - PB, em 1935, Orlando Tejo, faleceu em Recife - PE, em 01 de julho de 2018. Advogado, jornalista, ensaista e p...

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Nascido em Campina Grande - PB, em 1935, Orlando Tejo, faleceu em Recife - PE, em 01 de julho de 2018. Advogado, jornalista, ensaista e poeta, é conhecido por sua obra prima - Zé Limeira O Poeta do Absurdo (1973) - mais um caso clássico em que, a obra, ou o personagem, superam o próprio autor. Um bom exemplo, é o das gêmeas Ilíada e Odisseia que brilham além de Homero, e que também registram mitos transferidos pela tradição oral.

De nascimento prematuro, só tardiamente estreou em livro. Tal paradoxo seria suficiente para ilustrar a cronologia da vida e da obra de M...

De nascimento prematuro, só tardiamente estreou em livro. Tal paradoxo seria suficiente para ilustrar a cronologia da vida e da obra de Mário Quintana, fronteiriço de Alegrete, Rio Grande do Sul, onde nasceu no dia 30 de julho de 1906.

Na verdade, a cronologia desse poeta gaúcho se perfaz sob a égide da solidão de ter nascido antes da maioria dos seres gerados à época em que ele o foi; de lançar-se a público aos 34 anos com um solitário livro de ressonâncias simbolistas quando se vivia a quase unanimidade do modernismo e, finalmente, pela condição de fronteiriço não por ser natural de Alegrete, mas por extrapolar