Hoje, 27 anos depois, parece-me imperdoável que o Conselho Estadual de Cultura não tenha reeditado o livro de Irenêo Joffily logo na prime...

O grande Irenêo Joffily

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Hoje, 27 anos depois, parece-me imperdoável que o Conselho Estadual de Cultura não tenha reeditado o livro de Irenêo Joffily logo na primeira leva da Biblioteca Paraíbana, iniciativa pela qual tanto nos batíamos no propósito de reanimar a tradição editorial do Estado na instrumentação de sua cultura. Integravam o conselho José Octávio, José Elias Borges, Wellington Aguiar, Itapuan Botto e o locutor que vos fala. Os que não eram vinculados à história ou à antropologia, eram a elas afeiçoados. E passamos batidos
— numa primeira linha de autores e num grau maior de dívida — em não prover a leitura de então de uma história que tanto agrega de testemunho como de pesquisa e documentação.

Na qualidade apenas de leitor vejo uma diferença marcante entre a Paraíba de Maximiano Machado e a de I. Joffily, ambas tratadas no mesmo tempo. A de Maximiano, precedida, em 2ª edição, de um dos melhores trabalhos introdutórios de José Octávio, denota o eruditismo dos Varnhagen e chega a cansar os que não são do ramo para situar no contexto europeu ou a conquista da Paraíba. O grande João Ribeiro ainda não surgira como doutrinador, sobretudo como exemplo de clareza, o teor científico bem acomodado ao literário.

Sem desprezar o documento, Joffily cativa pelo que mais diretamente nos interessa e comove. O veio narrativo tem o nosso temperamento. E vê, e pisa, e explica na mesma poeira de estrada dos relatos, suando o mesmo suor do que nos chega do fundo dos tempos. O tutano que vi espirrar do osso batido no pirão da minha infância não tem diferença do que se bate nas NOTAS SOBRE A PARAÍBA que o CEJUS de José Fernandes de Andrade lança na próxima sexta-feira, por conta própria, para manter a chama de homens e obras que mantêm o seguro espiritual da Paraíba.

O primeiro objetivo da Biblioteca, inaugurada por Sebastião Vieira, no governo de Ronaldo, firmava-se em “restituir à pesquisa e à leitura contemporânea as obras fundamentais da Literatura, da História, da Geografia e de outras atividades vinculadas às artes e às ciências,
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cujos títulos se achem esgotados ou fora do mercado; obras que alcançaram o reconhecimento do público e da crítica do seu tempo e que não animam o interesse comercial da iniciativa editorial privada”. É o papel que A União vem dando ênfase hoje, cumprindo uma tradição histórica, com ênfase e estímulo ao autor contemporâneo, aos novos e provendo, de forma direta, a presença do autor paraibano na escola, como prioriza o governo.

O livro de Joffily, que não editamos no nosso tempo de conselheiros, vem encontrar no Centro de Estudos Rodrigues de Carvalho (do abnegado Zé Fernandes) quem ajude a nos remir desse pecado com o cronista a quem mais deve a terra e a gente paraibanas.

No exílio, rejeitado pela república que não sobrou para ele nem para Maciel Pinheiro, nem para Albino Meira e, só de raspão, para Aristides Lobo, mas para os Lauritzens e Machados da ditadura florianista, nosso sertanista escreveu de cor, com os estudos que sedimentara e a paixão abrasada nos caminhos, boqueirões e várzeas batidos de litoral a sertão. Advogou para o povo no fórum e na Gazeta, foi deputado provincial, deputado geral e morreu sem coroa de flores, sem exéquias solenes, levado ao cemitério do Carmo “por humildes trabalhadores rurais, como defensor e patrono dos miseráveis nas mais árduas causas jurídicas”.

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