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A Pauta Cultural da ALCR-TV, segmento do Ambiente de Leitura Carlos Romero, exibe neste episódio nº 17 uma visita a algumas cidades da Alemanha onde viveu um dos grandes personagens da história da Música: o compositor Johann Sebastian Bach.

Parte II Um célebre jantar na Borgonha Após dez dias na França, sendo uma semana em Paris e três dias no Vale do Loire, partimos...

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Parte II
Um célebre jantar na Borgonha

Após dez dias na França, sendo uma semana em Paris e três dias no Vale do Loire, partimos para a região da Borgonha, berço da família Rolin.

Nós escolhemos este destino por três motivos: conhecer uma abadia; conhecer o famoso “Hôtel Dieu”, na cidade de Beaune; e comer um boeuf borguignon! Começamos pela cidade de Beaune, deixando a abadia para o dia seguinte.


Beaune tem tudo para ser um dos melhores destinos turísticos da França. É estratégica base para turismo de carro. Pois se situa no centro da Borgonha, entre cidadezinhas pequenas e medievais. E a sua vinícola, junto com outras da região, compõem a chamada Côte D’Or dos vinhos, brancos e tintos.

É também estratégica porque, por exemplo, fica ao sul de Dijon, outra cidade medieval, bastante conhecida por sua culinária, com destaque para a mostarda. Fica a nordeste de Autun, cidade do Chanceler Rolin, político muito importante da região, na Idade Média.

Beaune é uma cidadezinha da idade média tipicamente francesa, simpaticíssima. Possui várias atrações, mas o destaque mesmo é o hospital-museu L’Hospice de Beaune, também chamado Hôtel Dieu. Foi fundado em 1443 pelo chanceler Nicolas Rolin, natural de Autun, na Borgonha, e sua esposa, Guignone.

A Guerra dos Cem Anos deixou como herança muita fome e pobreza para os borgonheses. Casal muito católico, possuidor de sensibilidade social muito elevada, preocupavam-se com o sofrimento das classes inferiores borgonhesas. Assim, resolveram criar um hospital para as pessoas carentes. Durante o resto da sua vida, o casal destinou-lhe uma subvenção anual e participação nos vinhedos e usina de sal.

O hospital possui o telhado multicolorido, proporcionando um efeito visual muito atraente e agradável. Ao conhecê-lo, acessamos inicialmente pela cozinha. Como todas as instalações do hospital, muito bem conservadas, a cozinha está toda montada com a reprodução de uma cena do seu dia-a-dia. Bonecos de cera animados representam freiras, cozinheiras e ajudantes de cozinha, umas lavando louças, esfregando o assoalho, e outras depenando um pato ou destripando um coelho.

Lá dentro tivemos acesso a um imenso salão, que tem em seus lados leitos individuais. Cada leito continha seu próprio equipamento: uma caneca de cobre, escarradeira, jarra e urinol, todos do mesmo material.

A ala seguinte, em ângulo reto com a primeira, uma enorme enfermaria com camas que eram usadas para realizar cirurgias. Nesta ala, duas estruturas no piso chamam atenção. A primeira é uma fenda transversal, longa e estreita, com poucos centímetros de largura. A guia turística nos explicou que era por essa fenda que escorria toda a água suja da lavagem do salão, despejada sobre o canal, que passa logo abaixo do hospital.

A outra estrutura tem uma explicação macabra: trata-se de um buraco redondo, largo, tampado por uma grande peça de metal. Por ele eram jogados restos de membros amputados e outras peças cirúrgicas.


Na região mais central da Borgonha existem duas distintas regiões vinícolas: a Côte de Beaune e a Côte de Nuits. Juntas elas compõem a Côte D’Or, uma longa linha de vinhedos que se estende de Dijon a Santenay. Beaune é chamada de “capital do vinho da Borgonha”.

Após a visita ao Hôtel Dieu, fomos conhecer o Museu do Vinho de Borgonha, no centro de Beaune.

Neste museu, instalado em um belíssimo prédio, o antigo Hotel des Ducs de Bourgogne, nós tivemos a oportunidade de acompanhar a história da vinicultura na região central da França.

Nele pudemos ver como evoluíram os equipamentos de produção agrícola, e os recipientes para a deliciosa bebida, desde alforjes até as garrafas dos dias de hoje, passando pelas ânforas de cerâmica. Também conhecemos a evolução dos modelos de taças, com a especificação do uso de cada uma. O museu conta, também, a história dos artifícios usados para vedar os recipientes, desde o cimento feito à base de osso moído até a rolha.

À noite fomos até o restaurante Le Fleury para conhecer a mais célebre atração gastronômica da Borgonha: o boeuf bourguignon!

Este prato tradicional da Borgonha é um ensopado à base de carne de gado charolês e vinho borgonha, claro. Além disso, são utilizados cogumelos, cebola, bacon e bouquet de garni, que são ramos de ervas aromáticas. O prato é acompanhado por batatas e torradas com alho.

Considerada uma das melhores da França, a iguaria é também o prato mais representativo da Borgonha. São necessárias muitas horas de cozimento em fogo baixo. Há chefs mais exagerados que levam pelo menos um dia até o prato ser considerado pronto para ser degustado.

Com este jantar demos por encerrada a nossa visita à cidade de Beaune. No dia seguinte partimos para conhecer a Abadia de Fontenay, tema da próxima crônica de viagem.

Você sabia, leitor, que estão construindo um centro comercial nos jardins da sede social do Esporte Clube Cabo Branco, no Miramar, desfig...

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Você sabia, leitor, que estão construindo um centro comercial nos jardins da sede social do Esporte Clube Cabo Branco, no Miramar, desfigurando totalmente uma das mais belas e emblemáticas obras arquitetônicas da Capital? Pois é, eu também só acreditei quando vi a foto da monstruosidade enviada por uma estimada amiga que mora nas vizinhanças do clube. Mas não dá mesmo para acreditar em tamanho atentado a um dos mais queridos símbolos da urbe, ali à vista de todos e principalmente das autoridades, num verdadeiro acinte aos pessoenses que amam sua cidade.

A produção musical para o período do Natal tem grande relevância para o mercado fonográfico e isso pode ser avaliado pelo destaque obtido ...

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A produção musical para o período do Natal tem grande relevância para o mercado fonográfico e isso pode ser avaliado pelo destaque obtido pela música “White Christmas”. Em 1942, a canção, composta por Irving Berlin (imigrante judeu russo que se tornou um dos principais compositores norte-americanos), foi incluída no filme "Holiday Inn" (Duas semanas de prazer) e interpretada na película pelo cantor

Tocou o celular. Do outro lado uma vozinha afinada me falou, cortesmente. Uma das insinuações das empresas telefônicas, procurando convenc...

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Tocou o celular. Do outro lado uma vozinha afinada me falou, cortesmente. Uma das insinuações das empresas telefônicas, procurando convencer-me a aderir às vantagens da operadora. Disse não, procurei argumentar, num papo por demais desagradável. Não percebi a encruzilhada, a caverna em que me havia metido. A resposta dada pelo aparelho não batia com a pergunta feita por mim à atendente. Havia um desencontro. O zumbido da interlocutora me puxava a espaços nunca dantes explorados. Quis ficar mais tempo, naquela conversa para ver até onde chegaríamos. Mostrei-me desinteressado com a proposta.

Apenas nos nascimentos e nas mortes é que saímos do tempo. A terra detém sua rotação, e as trivialidades em que desperdiçamos as horas cae...

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Apenas nos nascimentos e nas mortes é que saímos do tempo. A terra detém sua rotação, e as trivialidades em que desperdiçamos as horas caem no chão feito purpurina. Quando uma criança nasce ou uma pessoa morre, o presente se parte ao meio e nos permite espiar por um instante pela fresta da verdade – monumental, ardente e impassível. Nunca nos sentimos tão autênticos quanto ao beirarmos essas fronteiras biológicas: temos a clara consciência de estarmos vivendo algo grandioso.

Nessa época de final de ano é comum recebermos uma quantidade enorme de mensagens, às vezes piscando cheias de Papai Noel, árvores enfeita...

Nessa época de final de ano é comum recebermos uma quantidade enorme de mensagens, às vezes piscando cheias de Papai Noel, árvores enfeitadas, guirlandas e frases com Feliz Natal! Próspero Ano Novo! Chamou-me atenção uma mensagem do laboratório produtor da Novalgina, um vídeo com o título “um ano de colo”, com Marcos Piangers, autor do livro Papai é Pop, em que ele compartilha histórias e conversas sobre paternidade. Ele tem muitos seguidores nas redes sociais, e aborda temas bem interessantes do dia a dia das famílias e criação dos filhos.

Foi só no que pensei... A surpresa era imensa, pois sequer imaginava-o doente… Doente do corpo, claro, porque da mente dificilmente seria.

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Foi só no que pensei... A surpresa era imensa, pois sequer imaginava-o doente… Doente do corpo, claro, porque da mente dificilmente seria.

Recordo-me de um dos livros que mais me causaram fascínio na vida. Digo isso porque o li aos 18 anos, quando estava na faculdade. Trata-se...

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Recordo-me de um dos livros que mais me causaram fascínio na vida. Digo isso porque o li aos 18 anos, quando estava na faculdade. Trata-se da "História da Riqueza do Homem", de Leo Hubermam (1903–1968), obra escrita de forma muito clara e de simples entendimento, que explica a história depois da queda do Império Romano, época em que as cidades perderam força e o comércio dissipou-se por completo. O novo ciclo econômico cedeu lugar aos feudalismo. A partir daí se evidencia um novo modelo de economia.

Nasci em João Pessoa, no dia 25 de abril de 1947. Tenho 73 anos. Melhor: já os tive. Estou às vésperas dos 74. Portanto, são...

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Nasci em João Pessoa, no dia 25 de abril de 1947. Tenho 73 anos. Melhor: já os tive. Estou às vésperas dos 74. Portanto, são 73 verões,/ são 73 invernos./ outonos nem se fala,/ muito menos primaveras./ até que um dia descarrilharei/ numa dessas estações/ e nunca mais verei/ um verão como este.

Foi lendo a crônica do amigo Tarcísio Pereira que revi alguns costumes de um tempo remoto, quando se fantasiavam os modismos efêmeros e s...

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Foi lendo a crônica do amigo Tarcísio Pereira que revi alguns costumes de um tempo remoto, quando se fantasiavam os modismos efêmeros e suas elucubrações com ídolos de todos os segmentos artísticos, principalmente os do cinema.

O casamento deles era um jogo por amor. Ele é o jovem general vitorioso da França revolucionária; ela, uma jovem nascida na ilha de Marti...

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O casamento deles era um jogo por amor. Ele é o jovem general vitorioso da França revolucionária; ela, uma jovem nascida na ilha de Martinica, viúva de um aristocrata guilhotinado durante o terror do início da década de 1790. Josephine se tornou amante de Paul Barras, um dos diretores governantes da França, que a apresentou a Napoleão Bonaparte em ascensão, com quem ela se casou em 9 de março de 1796.

Reler é sempre melhor que ler. Se algum livro, na sua leitura, lhe deu prazer, deixe passar algum tempo e retorne a ele. Você verá que a s...

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Reler é sempre melhor que ler. Se algum livro, na sua leitura, lhe deu prazer, deixe passar algum tempo e retorne a ele. Você verá que a segunda leitura será ainda mais prazerosa, tendo em vista a expansão de seu horizonte de expectativa nesse intervalo. Faço sempre esse retorno com os livros de minha predileção. No momento, intercalando com outros livros, estou retornando a A grande história da evolução: na trilha dos nossos ancestrais, de Richard Dawkins (Companhia das Letras, 2009, tradução de Laura Teixeira Motta).

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Acredito que na história da escrita, Dawkins tem o seu lugar garantido como um grande pensador, ainda que numa área que parece insípida para muitos – a biologia evolutiva. Não tem nada de insípido, no entanto. Dawkins escreve não só com conhecimento de causa, mas sobretudo com paixão pelo assunto, procurando ser didático, fazendo de seu texto um prazer para quem o lê, cujo resultado é uma maior recepção do que escreve até por leigos no assunto, o que é o meu caso, que se deliciam com o modo de ele expor o tema. Não é por acaso que Dawkins se tornou o primeiro titular da cátedra de Compreensão Pública da Ciência, em Oxford, criada no ano de 1995. Do mesmo modo, afirmo, sem medo de errar, que A grande história da evolução é um dos cem mais influentes livros jamais escritos no mundo. Quem ainda não o leu, não sabe o que está perdendo.

A minha primeira leitura dessa obra já tem sete anos. O retorno agora, com outros olhos, me fez ver alguns detalhes que, à época, me passaram despercebidos, por total desconhecimento do assunto. Depois da leitura de oito livros de Dawkins, comecei a enxergar melhor o que ele tem para dizer, admirando-me com um conhecimento que deveria estar na escola básica. Enquanto batemos cabeça com uma escola que teima em ser modernosa, deixamos de lado um saber que nos faria entender melhor quem somos, o que poderia nos aproximar um dos outros e nos ver com mais respeito.

Ateu confesso, darwinista ferrenho, Richard Dawkins é chamado por seus detratores de “o bulldog de Darwin”. No entanto, o que ele nos diz abre a nossa compreensão para a nossa origem como seres vivos, não só como seres humanos. A grande história da evolução é um livro singular, por várias razões, a estilística inclusive, mas bastaria uma para encantar o leitor: tendo em vista que a ciência já revelou como aconteceu a evolução da espécie, Dawkins resolve contar a história da frente para trás. Assim, ele parte para uma peregrinação em direção ao passado, do Homo sapiens às Eubactérias. Que cientista compararia, por exemplo, essa visão ao contrário da evolução com os Contos de Canterbury, de Chaucer, tomando, a exemplo do inglês, os seus peregrinos – todas as espécies de seres vivo –, narrando contos, “enquanto se dirigem à sua Cantuária, que é a origem da vida”? (p. 28).

Algumas coisas são fundamentais, para a compreensão de quem somos, nessa aventura inédita que Dawkins nos apresenta. A primeira delas é que o universo não se formou para que nós existíssemos. O que devemos ter em mente é a existência de um universo com a capacidade de nos produzir. O homem, portanto, não é um ser teleológico. Em outras palavras, se o universo foi capaz de nos produzir, não significa que houve uma deliberação para nos produzir. Como a evolução biológica não tem descendência privilegiada ou fim projetado, somos todos seres provisórios, em constante evolução, com o perigo de desaparecermos, e sem, sobretudo, qualquer privilégio hierárquico sobre os demais seres vivos, vez que “um ser vivo está sempre às voltas com a sobrevivência em seu próprio meio” (p. 22). Enfim, somos seres sempre inacabados.

Aproveitamos a oportunidade, acompanhando o raciocínio de Dawkins, para explicar que evoluir não significa, necessariamente, melhorar. Evoluir significa que houve uma volta para fora, que algo se expandiu para além do que era e, dentro da lógica da evolução, não foi o melhor ou mais bonito ou o mais forte, mas aquele que melhor se adaptou ao ambiente e conseguiu passar o seu gene adiante. Saiu de si e expandiu-se para outra geração. Um dos exemplos de Dawkins é excelente para ilustrar e destruir nossa ilusão de melhores entre todos os seres vivos: os andorinhões conseguem se manter no ar por um ano ininterrupto e copular em pleno voo. Eles, se pudessem refletir, falar e escrever se considerariam, com certeza, o ápice do progresso evolutivo... (p. 23).

Por outro lado, as estrelas foram responsáveis pela nossa existência, pois “sem estrelas não existiriam átomos mais pesados do que o lítio na tabela periódica – e uma química só com três elementos é pobre demais para sustentar a vida” (p. 18-19). O que nos leva a tomar como exata a reflexão de Alexei Filippenko, astrofísico da Universidade de Berkeley, Califórnia, quando diz que se recuarmos o máximo possível o nosso DNA, encontraremos as estrelas na nossa origem. Este é o primeiro passo para que acreditemos que os alienígenas existem...

Este retroceder de que fala Filippenko e que Dawkins faz, tendo como limite a vida na Terra, é necessário, porque assim celebramos “a unidade da vida”, enquanto que contar a história da evolução como já se fez, da bactéria para o homem, “exaltamos a diversidade” (p. 23). Ora, a diversidade já conhecemos e isto nos trouxe muitos dissabores, separações, segregações, ódios, guerras. Precisamos conhecer o que nos une a todos, como seres vivos, para que possamos nos aproximar, tendo a consciência de que somos um único organismo, ainda que disperso num mesmo sistema complexo. O importante nessa peregrinação é a consciência de que o DNA é a grande prova de que “todos os seres vivos são primos” (p. 31).

Esse parentesco nos é garantido pelo esclarecimento que Dawkins nos fornece a respeito do que é o DNA, um alfabeto de 4 letras, com um dicionário limitado de 64 palavras de três letras apenas. Esse dicionário, contudo, “é universal e não muda”. Já o DNA muda muito lentamente e vai deixando, através das gerações sua “história urdida no tecido dos animais e vegetais modernos e inscrita em seus caracteres codificados” (p. 38). Essa mensagem é não só maravilhosa, ela é inconfundível, pois “homens e bactérias possuem sequências de DNA tão semelhantes que parágrafos inteiros são idênticos, palavra por palavra” (p. 43).

Como todas as espécies são primas umas das outras e, pela lei da coalescência – a ação de retroceder ao máximo, em busca dos ancestrais, cujo limite seria o concestral, o ancestral comum a todos os seres vivos – “o progenitor universal de todos os organismos sobreviventes provavelmente foi um semelhante a algum tipo de bactéria” (p. 24). Não é de espantar que os chimpanzés e bonobos, sejam os nossos primos mais próximos, primos peludos e de sangue quente, como está no título deste texto. Nem é tampouco de se admirar que, com relação a alguns genes específicos, somos mais aproximados no parentesco com alguns chimpanzés do que com alguns humanos (p. 85). Quando tomamos a consciência desse parentesco, a barreira separatista, entre as espécies e mesmo entre os de nossa espécie, tende a ruir, ainda que lentamente. Se fôssemos instruídos desde cedo nesse grande milagre que a ciência nos apresenta, tenho certeza de que menor seria o desrespeito à natureza e a nós mesmos.

Uma última palavra. Mesmo sendo ferrenho darwinista e ateu juramentado, a maneira como Richard Dawkins nos apresenta o seu livro faz-nos crer ainda mais numa força poderosa que comanda inteligentemente todo o universo. Veja-se o trecho em que ele se refere aos genes:


“Os humanos como uma espécie, bem como os humanos como indivíduos, são recipientes temporários, com uma mistura de genes de diferentes fontes. Os indivíduos são pontos de encontro temporários nas rotas entrecruzadas que os genes percorrem ao longo da história. Esse é um modo de expressar a mensagem principal de meu primeiro livro O gene egoísta, com base na árvore genealógica. Como afirmei ali, ‘depois de servirmos ao nosso propósito, somos descartados. Mas os genes são cidadãos do tempo geológico: os genes são eternos’” (p. 86).


Troquemos “recipientes temporários” e “pontos de encontro temporários” por “corpo”, e “genes” por “alma” ou “espírito”, e teremos a mesma concepção para a espiritualidade, para o ser espiritual que somos. O gene está para a ciência como o espírito está para a espiritualidade; o corpo continua sendo apenas o recipiente temporário necessário para a evolução de ambos. Sobreviva e passe seu gene adiante, conforme se encontra inscrito no código genético de cada ser vivo, está em estreita relação com “nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre”. Tal é a lei, na ciência ou na espiritualidade.

Estilo é o que tem ponta. Estilete que corta com um lado e acerta, quando se excede com o outro. Na cera do tempo que endurece para ganha...

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Estilo é o que tem ponta. Estilete que corta com um lado e acerta, quando se excede com o outro. Na cera do tempo que endurece para ganhar a pedra definida, o papel definitivo, passa por variações de intenção e temperatura até chegar à luz dos olhos de quem não sabe ao certo, através dos séculos, quem firmou primeiro aquilo, que nos desconcerta.

“Oficina de escritores”, de Stephen Koch, é uma dessas bíblias que todo aspirante a escritor deve conhecer. Nele o autor condensa uma exp...

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“Oficina de escritores”, de Stephen Koch, é uma dessas bíblias que todo aspirante a escritor deve conhecer. Nele o autor condensa uma experiência de décadas ensinando a escrita. Ele conhece bem as expectativas, as fantasias e os medos de quem lida com as palavras, mesmo porque na qualidade de autor ficcional sente o problema “por dentro”. Uma coisa é apenas ensinar; outra é também “fazer”, e tirar da experiência lições que se podem passar a outras pessoas.

É Dezembro. É Natal. É tempo de luzes e esperanças renovadas. É momento de trazer à cena o amor por estas delicadezas tão preciosas... ...

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É Dezembro. É Natal. É tempo de luzes e esperanças renovadas. É momento de trazer à cena o amor por estas delicadezas tão preciosas...

Muitas foram presentes de pessoas amadas e vieram de longe (México, Bolívia e Peru). E a árvore (a primeira da minha vida) chegou pelas mãos caridosas e carinhosas da amiga Juvinete, no ano passado, para iluminar o mais triste período natalino da minha vida.

Aqui, cada detalhe, cada Sagrada Família, é fruto de um olhar que bateu e que me fez apaixonada à primeira vista...

Em diversas partes da casa, lembro e sinto a emoção do (re)nascer a história de Cristo. O menino iluminado nasceu simples, numa manjedoura na Terra Sagrada, e há mais de 2 mil anos muda o caminho daqueles que abraçam e amam o próximo; que têm o coração limpo de mágoas e ódios; que combatem o bom combate e que são bem-aventurados...

Na arrumação das minhas relíquias natalinas, lembro da minha mãe... Todos os anos, desde que aqui cheguei, era ela quem dava o "toque final". Há 2 anos, porém, vivo o Natal sem ela; sem sua presença física e sentindo a ausência do carinho e amor que me dedicava...

Sinto o peito acelerar e doer forte, diante de tanta saudade! No entanto, carrego uma retumbante certeza: lá do alto, ela brilha como um estrela cadente!

Agora e sempre, mamãe se junta a papai! Eles iluminam a minha casa, a minha vida, o meu caminho...