P ois é, por incrível que pareça, a coisa aconteceu no avião que nos levava a Montevidéu. A viagem foi rápida, e com muita saudade de Buenos...

E tão perto da gente...


Pois é, por incrível que pareça, a coisa aconteceu no avião que nos levava a Montevidéu. A viagem foi rápida, e com muita saudade de Buenos Aires, que já conhecíamos. E foi lá que aconteceu o inesperado.
Meus queridos familiares acharam de comemorar mais um passo que eu dava na vida. Um passo firme. De quem pretende ir mais longe. Ora vejam só... Abraços, beijos, sorrisos, sem aquela música dos parabéns. E sabe o presente que me deram? A própria viagem com escala em Montevidéu, que eu era doido para conhecer. É que faz algum tempo que meu primo e amigo, colega de imortalidade acadêmica, Alexandre Luna Freire, me dizia: “Cara, você que anda pelo mundo todo, por que diabos não visita Montevidéu, aqui perto?
E o galego tinha razão. Montevidéu tem qualidade de primeiro mundo. Minha turma de viagem acertou na escolha do presente. Mas, tudo passa. Só a saudade é que fica. Só não passou a minha gratidão aos amigos, os beijos de minha Alaurinda, do meu Germano, e do nosso Davi. Não há nada que rejuvenesça mais a gente do que a presença dos amigos.
Agora é me ajeitar aqui na poltrona do avião, num vôo até o Brasil, que a saudade de lá também está grande. A aeronave voa serena, sem muita pressa de chegar. Que tal esse silêncio para uma reflexão ligeira sobre a vida, já que a tarde é serena?... Mas, eis que tenho em mãos um jornal. De onde? De Montevidéu. Parece que a cidade quis nos acompanhar. Pego o jornal, e logo uma surpresa: não traz notícia violenta. E tablóide e, na secção “Tempos modernos”, vejo um belo texto sobre o filósofo francês Decartes. O autor do texto informa que em recente reunião entre doutores de filosofia o tema em foco era sobre a nossa existência e tudo por causa daquela certeza de sua famosa assertiva: ”Penso, logo existo.
Afinal, o filosofo tinha razão? O pensamento vem antes da existência? Pensei na vida, pensei no avião, no Maior São João do Mundo, acendendo fogueiras, soltando bombas, destruindo o silêncio. Tradição? Por que não regridimos ao tradicional churrasco de carne humana?
E o jornal de Montevidéu trazendo temas de filosofia... Existimos porque pensamos ou vice-versa? E minha existência? E a dos demais passageiros?... Desço da aeronave respirando forte o ar do Brasil. Ah, Montevidéu, que saudade de teu educado silêncio, de tuas belas avenidas, sem congestionamentos... E tão perto da gente...  

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