Ainda ontem era janeiro, um pouco antes eu completava vinte anos, há alguns dias, estávamos nós dois andando por ruas conhecidas, de mãos dadas.
Hoje, vejo que o tempo mentiu, que não é janeiro, que meus vinte anos se transformaram em muitos números mais e que você passeia nas calçadas do céu.
![tempo que passa otimismo esperança amor a vida cristina porcaro ambiente de leitura carlos romero](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHiPD5r9yL-EjWTljTcw7yHIJiyx_xI2LPT_9Wmbb9VDge2I5TzkFKzWUwENev948I31VQr6_8A4PrVS_JwzL5g3EI2JqCnPj7lvlmcm2cVB80JqKTONRv7VvMDClreb06txeE2hI-lHk/s400/Cristina2.jpg)
O tempo que mente, me enxerga enfastiada. Não testa minha energia, não ouve meu riso solto, não acredita que eu consiga nadar contra a corrente e duvida que eu tenha força para subir montanhas e lutar com o vento.
Confesso que por vezes, me vem aquele medo profundo de que não existe mais nada para viver, que já esgotei a jornada. Então, bebo um copo de água, me olho no espelho, e brava, pergunto para mim: você vai se deixar acabar?
É quando lembro que gosto de dançar, que preciso rever Noronha, que ainda não fui a Cartagena, que devo escrever outro livro, que ainda existem praias inexploradas para desenhar meus pés e que desejo sentir o coração agitar novamente em alvoroço.
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Tempo mentiroso, seu transitar por horas, dias e anos, não mudará minha felicidade, essa que foi trazida pela liberdade, que ignora as interrogações, que multiplica minha percepção para as coisas simples, que me faz maior, mais solta e essencialmente amorosa com a vida.
Cristina Lugão Porcaro é bacharela em artes plásticas, psico-pedagoga e escritora