Em minha memória afetiva há algumas Cecílias. Desde uma amiguinha muito bacana dos tempos de escola a uma galinha marrom (vermelha!) que ganhamos e por semanas nos dadivou com seus ovos diários até virar cozido. Mas Vó, como pode? E Cecília — nome dado por minha irmã — saiu da vida e entrou para história. No entanto, a Cecília de hoje veio de um prazeroso encontro na Livraria do Luiz.
Em um sábado de 2018, fui à confraria literária desta livraria e como sempre o faço, antes dou uma volta na Praça André Vidal de Negreiros, o velho e conhecido Ponto de Cem Réis, para comprar os jornais do dia. Ao chegar em Seu Régis (saudade de seu Régis...), encontro o amigo historiador José Octávio, que relembra algumas histórias e me aconselha a reunir em livro estas colunas sabatinas: “— Você está indo muito bem. Tenho lido e guardado muita coisa, estou gostando muito”. Não que eu seja vaidoso mas receber elogio de um dos maiores escribas da Parahyba é demais para este escrevinhador.
Você leitor que nunca foi à Livraria, nela há um Espaço Arte para exposições e também um café muito concorrido. Você que é frequentador sabe muito bem do que estou narrando, inclusive o que é a távola redonda... Dia de lançamentos, dia de encontros. Sempre presente, José Nunes me conta de sua pesquisa sobre Balduíno Lélis para um livro; Guy me convida para um projeto muito bacana; Luiz Augusto Paiva, com sua habitual alegria, deixa o ambiente ainda mais agradável; Hildeberto, Milton Marques e Marco di Aurélio não imaginam a falta que fizeram. Passados os lançamentos, ocupei a távola ao lado de Guy e rapidamente chegaram o poeta Políbio Alves, o escritor e teatrólogo Tarcísio Pereira, Paiva, a artista plástica Cinara Figueiredo e o escritor e poeta Gilmar Leite Ferreira que tive o imenso prazer em conhecer. Ele tem uma profunda sensibilidade para nosso Mundo-Sertão além de amigos em comum no Cariri e Pajeú; me apresentou o seu livro ‘O Sertão Educa’, me encantei com sua visão holística e profunda. E quando abro minha caderneta para notar algo sobre Gilmar vejo na página anterior o nome de Tarcísio Pereira e entre parênteses o nome Cecília. E pergunto: por que Cecília Tarcísio? Controverso ele olha e responde “— Sei não!” Paiva brinca com coisas do além, momento em que Paulo Gonzaga chega.
O rabisco que tinha na página anterior foi de quinze dias antes quando conheci a genialidade de Tarcísio no Bar de Lulinha.
E eu achei estranho minha memória – que julgo ser fotográfica – me trair. Como não lembrava daquele rabisco? Num estalo, lembrei. Tarcísio e Paiva saíram da humilde casinha, agradeceram a água e se despediram: – Tchau Dona Cecília, até mais ver.