Águas Sinto o chamado das águas! Vou em ânsia buscando um antigo caminho Margeado de flores quase secas. Incapazes de lut...

O rio que deságua no meu peito

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Águas
Sinto o chamado das águas! Vou em ânsia buscando um antigo caminho Margeado de flores quase secas. Incapazes de lutar contra o sol causticante Elas não pedem nada, querem apenas ser No limite do tempo que lhes foi destinado. Nada têm a fazer senão florir, eu tenho. Junto palavras, costuro frases, histórias Colhendo vagos vestígios De um rio suspeito Que até hoje não sei mesmo se existiu E, no entanto, deságua no meu peito.
Álbum
Desperto e não amanheço Sou só noite Na brancura do tempo violado. Do tempo que vira e mexe Deixa um odor de jasmim A praia, as conchas, o oratório dos Querubins. Do tempo que me separa da menina das sardas Das pernas finas Dos cabelos de sol e de sargaço. Queviva me projeta Nos velhos retratos amarelados Que passo e repasso...
Depois da chuva
Pintaram minha ilusão de azul E acreditei que o céu Atapetava o chão. Depois da chuva (e era pleno verão) A minha tela borrada Não era azul nem nada Era cor de ilusão.
Exílio
Do remanso da paz fui exilada Pelo anzol da saudade Fui fisgada. E o barco sentimento Em mar de tormento Sujeito a chuvas e trovoadas.
Grifos
Grifo a palavra medo Esse hábil inimigo Dorme e acorda comigo. Grifo a palavra saudade Que rápido se expande Como febre, arde. A palavra rio O rio das palavras Da paixão, dos desafios. Grifo ainda morte e desintegração Porque a vida dura só dois dias No meio de uma noite de ilusão.
Minha paixão
Minha paixão é assim Feita de mel e dor Um espinho na carne, intermitente. Melhor sofrer que não arder E não saber do amor. Minha paixão é assim Inferno e paraíso até o fim Coração galopando em sangue ardente.

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