Elencada como o terceiro dentre os sete pecados capitais, a Inveja, apesar de abominada sobretudo por sua vileza, faz parte dos processos ...

A inveja, uma confusão psicótica

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Elencada como o terceiro dentre os sete pecados capitais, a Inveja, apesar de abominada sobretudo por sua vileza, faz parte dos processos humanos, de tal modo que já os antigos a incluíam em suas narrativas.

O mito de Psiquê e Eros, por exemplo, mostra as irmãs de Psiquê, cuja beleza sobrepujava a da própria Vênus, agindo contra ela, imbuídas de inveja. Fingindo cuidado e preocupação, insuflam-na a quebrar o juramento de nunca tentar ver a face do seu amado, Eros, uma vez que era vedado a um humano ver o semblante de um deus, e esse ato provoca a sua desgraça. A deusa Vênus, do mesmo modo tomada pela inveja, persegue Psiquê, sua nora, pois a jovem a suplantava em beleza, castigando-a incessantemente com trabalhos acerbos.

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Mas a melhor descrição da Inveja (Invidia) é feita por Ovídio, no Livro II do seu poema Metamorfoses, por ser imagética e impactante. Conta-nos o poeta que a deusa Minerva, tendo ido à morada da Inveja, assim a encontra:

"Abaladas, abriram-se as portas. Ela vê lá a Inveja, comendo carne de víbora, alimento de seus vícios, e desvia os olhos do que é visto.

A Inveja levanta-se do chão lentamente e deixa corpos de serpentes semidevorados e avança com passo inerte; quando viu a deusa, de beleza e armas ornada, gemeu e conduziu seu vulto a profundos suspiros. Palidez assenta-se no rosto, magreza no corpo todo, nenhum olhar direto, os dentes se escurecem com sarro, o peito destila verde fel, a língua é banhada de veneno. Falta-lhe o riso, exceto o que dores vistas provocaram. Não goza de sono, despertada de vigilantes cuidados, mas vê como não merecidos, definha por ver os sucessos dos homens, rói e corrói de uma só vez, esse é seu suplício."

Segundo Roudinesco, o termo inveja "foi introduzido por Melanie Klein, em 1924, para designar um sentimento primário e inconsciente de avidez em relação a um objeto que se quer destruir ou danificar". A inveja aparece desde o nascimento e é inicialmente dirigida contra o seio da mãe.

Na posição esquizo-paranoide ou depressiva, a inveja ataca o objeto bom para dele fazer um objeto mau, assim produzindo um perigoso estado de confusão psicótica.

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