I Antigamente, ardesse a noite em círios Até desfalecer em flores apodrecidas Velariam todos pelas virgens Por seus segred...

Arquetigramas

I
Antigamente, ardesse a noite em círios Até desfalecer em flores apodrecidas Velariam todos pelas virgens Por seus segredos levados à cova Em uma antiguidade mais recente O ódio, entre pesados tributos Passou a exigir também um incêndio Assim, no instante final da purga Na tarde borrada de insultos Um herege recebe as terríveis Explicações do fogo Em outra, mais antiga Em tempos sem leis de tempo (Quando insuspeitos são os poemas) Qualquer horizonte é prenúncio Da horda, ninguém Homem ou Deus Opõe-se a um pântano Nem se conhece a morada do deus Cuja boca sopra ventos e rios Nem mesmo um poema Para em sua forma Grafado na pedra Não há ainda legiões As regulares, os reis obesos As poderosas cidades, não há Com seus deuses imóveis Seus degredos Seu torvelinho crescente Com as diferentes, cada vez mais Diferentes crianças Com a fetidez de origem Seus locais para oxigênio Caro, ou barato Com abismos particulares Erguidos à volta de torres Cimáculos, arcos celebrativos As gárgulas sobre o gentio Essas coisas, não há Há muitas outras coisas Mas pouco delas se sabe (Sabe-se de um rio A vir mergulhando nas palavras Juntos vão dar, alegremente Em mar de confusão e dúvida Sabe-se mais: alguns Se medem com o deserto Touros choram Virgens mortas)
II
Uma raça de demônios Já então antigos Já então inexatos Assoreou os mares: Ao seu chamado Serpentes emergiram do abismo Potestades não lhes negaram Estrondo e fogo Com incessante látego Ventos fustigam Ilhas e costas Que se enchem de clamor Às devastações, segue-se Violação, rapina Divindades menores, de granizo Pactuam com fúrias E as coisas não melhoram Mas sempre que alguma discórdia Se insurge entre tais demônios Acontece de uma paz momentânea Descer como luto (Crianças cegas então Vasculham porões silenciosos Procurando suas mães acorrentadas) Um delírio antigo dos homens Voltara-se para as montanhas Os príncipes eram só para as estrelas O vinho escorria de leões de pedra Anjos descansavam suas asas Em ilhas batidas de lepra Nessas piedosas missões, consideravam A razão dos enfermos O valor dos indultos Contagiados voltavam para morrer na sombra
Poemas do livro: Explicações do Fogo

■ Alberto Lacet
Editora Sol Negro, 2011
Disponível com o autor: Fone-Zap: (83) 98875-7321


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