Nós, filhos adotivos da Paraíba, costumamos olhar essa nossa terrinha com olhos mais generosos, diria com mais ternura, do que os aqui nascidos. Acho natural! Os descendentes biológicos, habituados à cultura e aos atrativos locais, veem com mais naturalidade aquilo que julgamos ser extraordinário.
Quando recebo amigos ou parentes é usual de minha parte mostrar aquilo que aqui, sempre foi para mim motivo de admiração. Faço minhas vezes de guia turístico sem direito à gorjeta. Então, com meu hóspede eventual, percorro o Centro Histórico, seus monumentos, igrejas. Quem não se enternece com aquele mimo delicado e encantador que é o “Theatro Santa Roza”? Também nossas modernidades: Espaço Cultural, Centro de Convenções. Estação Ciência e por aí vai.
1. Largo S. Pedro Gonçalves / 2. Hotel Globo / 3. Theatro Santa Roza
(Centro Histórico da capital paraibana) Antônio David Diniz
Arrisco algumas atividades ligadas à cultura quando as agendas nos permitem: nossas livrarias, nossas sinfônicas, o chorinho na praça e o que estiver programado para a ocasião. Não olvido o prédio colonial e o jardim da Academia Paraibana de Letras. Ali uma aura nos remete às coisas atreladas à sensibilidade, como que se o nosso poeta maior, o Augusto, estivesse de sentinela para nos despertar para os mistérios e segredos que um ajuntamento de palavras pode provocar.
(Centro Histórico da capital paraibana) Antônio David Diniz
Mas, para meus ilustres visitantes, nada como nossas praias, seus atrativos, suas águas tingidas de esmeralda e mornas em todas as estações.
Praia do Amor (Litoral Sul Paraibano) ALCR
Aqui constituiu família vivendo hoje na praia do Bessa com mulher e três endiabrados bacuris e sogra de contrapeso. Todos sob o mesmo teto. Recebera ele a visita de um primo coma esposa a tiracolo.
Praia de Tambaba (PB)
José e Marina
José e Marina
Esse meu amigo, algumas vezes fazia que não ouvia, noutras engolia em seco os pareceres estéticos da criatura, que segundo ele, Deus ao distribuir pacotinhos de sensibilidade a velha não esteve presente à fila para receber seu donativo. Mas nada, segundo aqueles que são pouco otimistas, está tão ruim que não possa piorar, É verdade. Pois não é que numa tarde a tropa completa foi assistir ao por do Sol na praia do Jacaré.
Praia de Jacaré (PB) Antônio David Diniz
Então surge o canoeiro trazendo a bordo o saxofonista soprando com denodo o seu Bolero de Ravel. É o ponto culminante do espetáculo de som e cores. Foi então que meu amigo resolveu observar seus convidados. O primo em silêncio, sem tirar os olhos do instrumentista, externava sua emoção diante do ineditismo daquela cena. Já na esposa, a mesma fisionomia de arrebatamento, acrescida de uma lágrima discreta descendo pela face. Até os meninos, por natural agitados, estavam contidos e atentos.
Por do Sol na Praia de Jacaré (PB) Antônio David Diniz
Foi nesse momento, que esse meu amigo teve ímpetos de degolar a sogra ou outra atitude com o mesmo requinte de crueldade. E por quê? Devido a um comentário da sogra. Foi esse:
— Não sei que graça vocês acham nesse cabeludo tocando corneta!