Ameaça quando há noites em manhãs e tardes chicotes e açoites em lugar de afagos quando se fala em rude linguagem fals...

Como o apito de triste navio

poesia paraibana jose leite guerra
 
 
 
Ameaça
quando há noites em manhãs e tardes chicotes e açoites em lugar de afagos quando se fala em rude linguagem falsa ternura exala o mau cheiro de lagos parados em lamas ou tingidos de podres encalhes de mortos animais selvagens quando se escurecem reluzentes paisagens se escondem cantares em silêncios doentes quando volteiam cicios e não explosões de falas nem se ouvem assovios é sinal que o silêncio vem, decerto: ameaça ao nascer de amanhãs em festejos de praças luminosas de graça.
simples
como o assovio do homem esguio comum do povo como o apito de triste navio a deixar o porto como o vadio cão abandonado parecendo morto como o pavio tenso da lamparina iluminando a sala como a camarinha onde dorme e sonha a inocente menina como o verso escrito sem extensão de rima medido em escala como o correr sublime do riacho abençoado pelo louvor da tarde como quem invade de alegria o recinto em sombras fechado como o sutil rouxinol a cantar com seu trino o nascer e pôr do sol.
poema místico
sobe o rito do som meigo na curva tranquila do sono como estrada de algodão as vias extensas, coloridas adornadas com reflorescidas intenções de paz e luz pacata não há rosnar de desespero ou lembrança opaca impede a caminhada onírica mágica e vai o pulsar de vida firme levando a imensa sofreguidão em alcançar longas e planas virtudes que moram na alma disfarçada em coração caladas quais dimensões de bosques verdes trançados sem duendes, assombrações habitado por suas árvores não é difícil alcançá-las no passo de quem voa alto aos sons de harpas divinas persistir no pouso certo plano limite entre o eterno e o tempo em que se vive basta crer no impossível deserto todo regado pela luz de anjos alados basta ter fé no intocável invisível que é real não vacilar no prodígio rasgar os vãos pensares suprir a fome e a sede na fonte que jorra livre e saber se eternizar na verdade nua e cálida não vinda de algum lugar verdade que inabita o ser do amor infinito onde o sono acordará.

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