“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”
(Vinícius de Moraes)
(Vinícius de Moraes)
No corre-corre da cidade, as opções são tantas e nenhuma. As pessoas parecem até perdidas sem saber para onde ir, o que fazer, com quem fazer. Encontros que poderiam levar a um caminhar juntos, terminam sem dar em nada. Antes, tudo era mais linear, até sem graça o rumo era certo. Hoje, nada é certo, até as profissões que se escolhem, logo deixam de ser importantes. A inteligência artificial substituindo o humano nas mais diversas funções. No amor, sim o amor é tão efêmero como as profissões, casar, ter uma família, filhos, saiu para fora da linha, não é mais uma certeza — ainda bem, assim muitos tabus foram quebrados. Tudo é permitido, nada é obrigado e certo. Obrigada às mulheres que tanto lutaram para chegarmos onde chegamos.
Celyn Kang
E são muitos desencontros e com eles os poetas apaixonados e sofridos fazem versos, embalam corações, ou embalaram, pois não é que a sofrência tomou conta dos corações. Parece que se sofre só para viver os minutos que a letra da música diz, apenas para fazer parte do sofrer efêmero e coletivo. O importante é gritar no gargarejo do show para ter um segundo de atenção e sair bem na selfie. Depois não “se sabe” por que pessoas de todas as idades estão com vazio existencial, deprimidos.
Cristina Zaragoza
Em quem nos transformamos! Para que corremos tanto sem parar para viver? Tudo virou passageiros desse grande trem desgovernado que se transformou a massa humana em busca de ganhos materiais, de exposições fictícias. Cadê a poesia do pé de Cafuçu de Cláudio Paiva? Cadê o bucólico entardecer na Ponta do Seixas de Cátia de França? Só nos resta cantar com Chico César:
Deus me proteja de mim
E da maldade de gente boa
Da bondade da pessoa ruim
Deus me governe e guarde
Ilumine e zele assim
...
Caminho se conhece andando
Então vez em quando é bom se perder
Perdido fica perguntando
Vai só procurando
E acha sem saber
Perigo é se encontrar perdido
Deixar sem ter sido
Não olhar, não ver
Bom mesmo é ter sexto sentido
Sair distraído espalhar bem-querer...
Precisamos espalhar mais bem-querer, olhar de verdade para dentro de nós e do outro, somos natureza agonizando, queimando, uma espécie em violenta extinção, assim como tantas outras que por aqui passaram. Apesar de tudo, ainda temos o sol brilhando todos os dias, o esplendor do luar, a beleza do mar, das árvores, dos pássaros, das montanhas e cachoeiras, da floresta viva. Ainda temos a beleza da vida que pulsa. O pulso ainda pulsa na canção do Titãs!