Em texto de 05 de abril de 23, ao voltar da "Terra Santa", Germano Romero expôs sua enorme decepcção ante a " ausência...

'Ausência de Jesus em Jerusalém'

Em texto de 05 de abril de 23, ao voltar da "Terra Santa", Germano Romero expôs sua enorme decepcção ante a "ausência de Jesus em Jerusalém":

- Ao que se informa, apenas aproximadamente 6% da população é cristã.

Mas por que?

O autor no papel de Pilatos em o “Auto de Deus” Acervo pessoal
Ao estudar Pilatos, quando me preparava para o papel dele no "Auto de Deus" do Everaldo Vasconcelos, no começo do século e milênio, tive impacto tão grande com a realidade que descobri, que me valeu a pergunta: "O que eu faria agora, se fosse um... padre?" Daí que criei o Padre Martinho, protagonista de meu romance RELATO DE PRÓCULA (Prêmio de Incentivo à Literatura da Funarte em 2007, publicação pela A Girafa em 2009 e Prêmio João Fagundes de Menezes, da UBE-Rio, 2010), um cara que vem lá de Pombal para levar uma prensa de Dom Aldo Pagotto pelas ideias "um tanto esquisitas" que anda pregando no sertão.

Bem,

fora os quatro evangelhos "canônicos" - de Mateus, Marcos, Lucas, e João - há uns quarenta outros, chamados "apócrifos", escanteados pela Igreja. Padre Martinho, ao sair do palácio do bispo, não sabe que começa a produzir mais um. Atravessa a Praça Dom Adauto,
atraído pelo movimento no Casarão 34, onde ensaiávamos a Paixão de Cristo da próxima semana santa, enturma-se conosco e acaba por receber a experiência que lhe transferi, a de estudar e viver a figura do Pôncio, coisa o que o leva a deixar a batina e a produzir mais um evangelho, que seria o Relato de Prócula — mulher do representante do invasor romano, documento "de dois mil anos", que ele acaba "plantando" na imprensa, seguindo o caminho das pedras que me foi fornecido pelo amigo William Costa, d'A União.

Apenas aproximadamente 6% da população de Jerusalém é cristã — lamenta um de nossos maiores intelectuais.

Claro.

Coloquei-me, ao fazer esse meu romance, no lugar de alguém do Sinédrio e ... senti que realmente eram terríveis as coisas que pregava aquele que se dizia o Messias:

— "Dai a César o que ( NÃO ) é de César". — "Não resistais ao Mal". — "Amai os vossos inimigos,

Coisas ainda mais terríveis se vistas trinta e poucos anos depois, com Jerusalém destruída por 60 mil soldados comandados por Tito, então futuro imperador de Roma.

Destruição de Jerusalém sob o comando de Tito David Roberts (1850)
— Infelizmente — conclui o paraibano, grande cristão — A Terra “Santa” ainda é palco de tantas guerras, discórdia e sangrentas disputas religiosas. Tudo em nome de um Deus que não merece a menor fé, e, sim, a mais profunda descrença.

OK.

Algum tempo atrás, quando eu substituía o Sílvio Osias em férias de suas crônicas semanais para a CBN, abordei o tema da contradição das nações ditas cristãs, visível nos monumentos — comuns nas praças das catedrais e seus altares a Cristo — a líderes guerreiros como Washington, nos Estados Unidos, aqui um Vidal de Negreiros, Um Solano López no Paraguai, o Almirante Nelson em Londres. Parece que o melhor retrato do ser humano, ao fim e ao cabo, seja mesmo o Doctor Jekyll / Mister Hyde, de Stevenson. Temos de aprender a lidar com os dois.


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  1. Otávio Kouri23/3/24 19:44

    Uma realidade que surpreende. Mas que é pura verdade. Bravo aos dois. Germano Romero e Waldemar Solha

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