Ao receber o prêmio de incentivo à literatura da FUNARTE com o projeto de meu RELATO DE PRÓCULA, em 2007, paguei à editora A Girafa pela publicação do romance, não sem, antes, em 2008, viajar com Ione pra conhecer Londres.
Foi maravilhoso sobrevoarmos o Canal da Mancha e, em seguida, uma Inglaterra intensamente agrícola, até chegarmos à sua tão gigantesca quão bela capital sem mendigos nem favelas. Foi esplêndido andarmos por suas ruas com cada poste com dois cestos de flores suspensos; enquanto todos os bares, lojas, bancos e restaurante esbanjavam jardineiras floridas – como num conto de fadas.
Londres Damiano Baschiera
Jacqueline Brandwayn
Ah, nós estivemos, sim, na varanda interior, no alto da vasta cúpula da Saint Paul Cathedral, e noutro incrível círculo, o do chamado Queen Mary´s Gardens – os Jardins da Rainha Mary - , onde demos com a excessiva beleza e o perfume de trinta mil rosas de quatrocentas variedades! E claro que passeamos pelo Tâmisa de barco, maravilhamo-nos com a filigranada torre do Big-Ben e curtimos imensamente a abadia de Westminster
Catedral Saint Paul / London Bridge (Londres) WJ Solha
Mas…
A emoção maior, pra mim, aconteceu quando a guia nos levou - e a um bando de turistas - pro interior do teatro Globe e – finalmente – entrei com minha mulher – absolutamente emocionado - no espaço do próprio Shakespeare! Aglomeramo-nos em pé na plateia a céu aberto do pequeno Ó de madeira” - "The Wooden O" - , onde o ingresso – na era elisabetana - custava o equivalente a um copo de cerveja.
Teatro Globe (Londres) WJ Solha
Ficamos olhando para o palco intensamente colorido, para o balcão em que Julieta aparecia em Verona, até que a guia indicou-nos a escadinha de poucos degraus pela qual acabara de subir para o tablado, para dizer-nos: “Imaginem o que é ver o ator, carregando o cadáver ensanguentado de César, descer até vocês... “ – e ela desceu - , “os figurantes gritando ao redor ´Que ele não fale mal de Brutus, Que não elogie César´, Marco Antonio berrando, pra se fazer ouvir: “Friends!” – Nada – “Countrymen” – nada – “Romans!” e, insistindo: “Lend me your ears!” – até que todos se calam e o vêem dizer: “I come to bury Caesar, not to praise him!” ( Vim pra enterrar César, não pra elogiá-lo!).
Aquela moça.,. nos fez viver, sim, sozinha, naquele palco, o maior de nossos momentos, daqueles dias "of wine and roses".
Centro de Londres WJ Solha