No meio do cotidiano apressado, onde celulares pipocam notificações e a correria se torna um segundo idioma, surge a eterna pergunta: ...

Escolha amorosa

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No meio do cotidiano apressado, onde celulares pipocam notificações e a correria se torna um segundo idioma, surge a eterna pergunta: o que é de fato, o bem viver? A canção que toca ao fundo, quase inaudível, parece sussurrar que a resposta está nas pequenas coisas, mas como as palavras antigas dos filósofos poderiam iluminar essa busca?

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Pintura em terracota, Grécia Antiga, c.510 AC ▪ Met Museum, NY
Platão já nos dizia que o conhecimento é a chave para a verdadeira felicidade. Vivemos, muitas vezes, de forma superficial, imersos em atividades automáticas, sem refletir sobre o que realmente nos traz alegria. Bem viver, então, poderia ser a arte de conhecer a si mesmo, de compreender nossas paixões e limitações. Como Aquiles, que, mesmo sabendo que sua vida seria breve, decidiu viver intensamente.

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Aquiles e Pátroclo, pintura em terracota. ▪ Museu Pergamon, Berlim
Podemos procurar, por meio da autocompreensão, as formas mais plenas de existir. Em meio à reflexão, Píndaro ecoa: "Torna-te quem tu és". Essa frase ressoa como um chamado para abraçarmos nossa essência. Cada um de nós carrega um legado único, construído por experiências e escolhas. O bem viver, nesse sentido, passa por uma aceitação profunda de quem somos, com nossas virtudes e falhas. A busca incessante por padrões externos, que a sociedade impõe, pode nos desviar da verdadeira felicidade que reside na autenticidade.

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Górgona, Grécia Antiga, c.575 a.C. ▪ Met Museum, NY
E o que dizer do estoicismo? Sêneca nos ensina que o verdadeiro bem-estar não depende das circunstâncias externas, mas de como reagimos a elas. O bem viver, então, torna-se um exercício diário de resiliência, uma prática de gratidão pelas mínimas bênçãos. Cada dia se apresenta como uma folha em branco, uma nova oportunidade de escolher como responder às adversidades. Educar nossa mente para aceitar o que não podemos alterar é, sem dúvida, uma habilidade que leva à paz interna.

A natureza do ser humano também busca conciliar-se com o meio. Aristóteles falava da "vida boa" como a busca pela virtude e pela realização plena. O bem viver, assim, se desdobra em atos de bondade, empatia e justiça. Relacionar-se com o próximo de forma genuína e envolvente torna-se parte essencial dessa jornada. Afinal, a felicidade é multiplicadora, e quanto mais a compartilhamos, mais nos enriquecemos.

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Zeus e Europa ▪ pintura em terracota, Grécia Antiga, ca. 400–380 ▪ Met Museum, NY
Ao longo desta reflexão, percebo que o bem viver não é uma meta a ser alcançada, mas um processo contínuo. É um entrelaçar de momentos que nos convidam a desacelerar e a saborear o presente. É na simplicidade de um café quente, numa conversa profunda, ou no silêncio de uma noite estrelada que encontramos fragmentos do que significa viver bem.

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Cílice de Apolo, pintura em terracota, Grécia Antiga, c.410 AC ▪ Archaeological Museum of Delphi
Assim, ao me perder em pensamentos sobre o que é, de fato, o bem viver, entendo que ele não se encontra em grandes conquistas, mas nas sutilezas do cotidiano, nas lições eternas dos filósofos e na capacidade de acolher a vida em toda a sua complexidade. E, talvez, a verdadeira sabedoria reside em aprender, que viver bem, é acima de tudo, uma escolha consciente, um ato de amor por si e pelos outros.

Não deixe sua alma secar, ela tem o sentido mais lúdico que você poderia encontrar em sua vida mínima de espera por uma escolha amorosa.


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