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Negro, de família pobre, vindo do interior. Um dos muitos meninos que correm atrás de uma bola e de futuro pelos campinhos d...

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Negro, de família pobre, vindo do interior. Um dos muitos meninos que correm atrás de uma bola e de futuro pelos campinhos de grama, barro, areia ou de paralelepípedos espalhados pelo Brasil afora. O tempo tratou de construir um roteiro perfeito em que mais um capítulo foi escrito no último dia 29 de dezembro de 2022.

E lá se vai 2022... Inexoravelmente, segue a regra finita da passagem do marco de tempo. Leva muitas levezas, outras tristezas, ondas ...

2022 2023 ano novo virada
E lá se vai 2022... Inexoravelmente, segue a regra finita da passagem do marco de tempo. Leva muitas levezas, outras tristezas, ondas do mar, vozes de além-mar, olhos alegres e outros tristonhos. Fecha-se o ciclo e abre-se outro no giro datado para ocorrer de há muito. A vida avança entre tantos giros de relógios físicos e mentais.

Os homens ficam perplexos como o mundo é incontrolável. Até imaginam-se em segurança, no controle da maquinaria que faz rodopiar o conceito de temporalidade. Pobres tolos, pois o comando não lhes pertence. Na verdade, eles são passageiros sem direito a serem guias, apenas aquelas ilusórias.

Em muitas casas os pés de acerola estão enfeitados feito árvores de Natal já há algumas semanas. Dezenas de bolinhas vermelhas contra...

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Em muitas casas os pés de acerola estão enfeitados feito árvores de Natal já há algumas semanas. Dezenas de bolinhas vermelhas contrastam com o verde dos seus galhos. Alhures, o cenário do verão que se apresenta decora com cajus amarelos e vermelhos a doce fruteira e muitas fronteiras. A nova estação leva ornamentos frutíferos de muitos tons, vários gostos, constante desfrutar.

Imagens soltas como relâmpagos pela cidade salpicam tempos diversos. O caminhar traz à tona ambientes históricos e também lampejos do d...

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Imagens soltas como relâmpagos pela cidade salpicam tempos diversos. O caminhar traz à tona ambientes históricos e também lampejos do despretensioso cotidiano de décadas ou fotografias antigas. A cidade capital de Nossa Senhora das Neves se reapresenta em muitos retratos. Fachadas, prédios, recantos, praças, monumentos, festas, até pessoas revisitam a mente. Todos são passageiros dos tempos.

Em período de Copa do Mundo as lembranças surgem à mente. Sim, eu já fui um pequeno craque, um dos inúmeros brasileirinhos que correm a...

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Em período de Copa do Mundo as lembranças surgem à mente. Sim, eu já fui um pequeno craque, um dos inúmeros brasileirinhos que correm atrás de uma bola seja lá de que tipo de material ela tenha sido produzida, mesmo que de improviso, para desbravar campos, ou trecho de terra batida desértico de grama, mas cheios de sonhos. Pés de liberdade, em chuteiras ou descalços, driblavam adversários reais e imaginários, venciam retrancas, faziam gols.

Um pedaço de nuvem despejava sobre o ambiente a vida feito um regador. O barulho rápido e forte cai como um lençol sobre a terra enquan...

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Um pedaço de nuvem despejava sobre o ambiente a vida feito um regador. O barulho rápido e forte cai como um lençol sobre a terra enquanto a luz reflete ouro na garrafa escura meio vazia, metade ainda cheia, antes da meia-noite, em tom de festa íntima, quase sagrada. Enquanto isso, no ar uma música suave, alegre, compondo quadros de tintas frescas, pinceladas de outros tempos na memória. Revisita as leituras lidas, as películas assistidas, as sonoras orquestradas das cenas projetadas pelos ouvidos, reviva.

Eu não vi o rei, que virou nome de café, jogar... Azar o meu! A minha primeira copa foi em 78. Havia uma ditadura por lá, Argentina, ou...

Eu não vi o rei, que virou nome de café, jogar... Azar o meu! A minha primeira copa foi em 78. Havia uma ditadura por lá, Argentina, outra por cá, Brasil. Rivais históricos, infelizmente, parceiros nos crimes contra a humanidade e a democracia. Perdemos sem perder em campo, campeões morais. Deu zebra, pior, Peru! Com oito anos, eu não tinha ideia do que era ditadura, ou mesmo “campeão moral”.

Em meio à caminhada pela estrada canavieira recheada de chuva intermitente, risos aventureiros e lama contínua, percebo que é um novemb...

natureza cachoeira pernambuco escada
Em meio à caminhada pela estrada canavieira recheada de chuva intermitente, risos aventureiros e lama contínua, percebo que é um novembro, em um mês estranho de um ano confuso. Lá fora, no dito mundo, sabe-se que ainda haverá Copa do Mundo mesmo com o São João já ido; e em frente aos quartéis há torcedores canarinhos que pedem golpe, querem mudar a regra do jogo... em vão esperneiam.

Árvore morta Desnudo galho dependurado Pedaço sem vínculo, morto projétil seco, inutilizado que já foi vida, compôs um todo...

poesia paraibana clovis roberto
Árvore morta
Desnudo galho dependurado Pedaço sem vínculo, morto projétil seco, inutilizado que já foi vida, compôs um todo Se foi feito verso de poema igual a tijolo de casa o presente é corpo insepulto flutuante decomposição A árvore, agora ser decrépito sem vida, não tem sustento forma até de belo quadro mérito do que foi no passado

Outubro caminha pelos seus meados com suas pancadas de chuvas aleatórias e, cada vez mais diminutas, mas que tantas vezes surpreende...

cotidiano olhar urbano
Outubro caminha pelos seus meados com suas pancadas de chuvas aleatórias e, cada vez mais diminutas, mas que tantas vezes surpreende com seu barulhinho bom, música mais rara nestas paragens do ano, enquanto o calor aumenta e anuncia dias muito mais sufocantes. No ar, uma espécie de anticlímax enquanto o tempo imparável marca que age em tudo e, mesmo assim, muitos nem se apercebem. Seguem apinhados roteiros de cartas marcadas, insistem em abraçar desastres. Alheia a tudo isso, a vida prossegue, a cidade não para... O céu era prata, agora é ouro, que rebrilhará ainda mais nos próximos meses.

O canto e a batida das asas refletiam o silêncio na praça. O dia seguinte das travessuras dos números. Papéis pelo chão davam testemunh...

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O canto e a batida das asas refletiam o silêncio na praça. O dia seguinte das travessuras dos números. Papéis pelo chão davam testemunhos da briga pelas digitais enquanto a vida acorda preguiçosamente como de costume. Pouco a pouco, a luz esquentava o dia e invadia todas as frestas de casas, recantos de todas as esquinas, enquanto as castanholas gigantes agitam suas copas ao toque do vento. Há uma brisa branda vindo no sentido sudeste, sobre que ameaça tornar-se tempestade.

A placa deitada no chão, sobre uma relva num canto, a poucos passos do cruzamento, deixou de alertar sobre o perigo que nos ronda. ...

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A placa deitada no chão, sobre uma relva num canto, a poucos passos do cruzamento, deixou de alertar sobre o perigo que nos ronda. É quase um aviso aos céus pela necessidade de parada. Parar para continuar. Assim é o mesmo aviso da saída de emergência quebrada junto à porta. Praticamente, ela informa que a saída se estreita, se reduz a uma opção, pois o auxílio já não cobre a emergência, perdeu a razão.

A primavera nem havia chegado e eu ainda apreciava o colorido das bandeirinhas e o frescor matinal da chuva madrugosa. Era um...

A primavera nem havia chegado e eu ainda apreciava o colorido das bandeirinhas e o frescor matinal da chuva madrugosa. Era um sorriso balançando estirado em cima de um terraço enfeitado que permanecia pós-festas juninas. Talvez, um sinal da cíclica passagem humana. O calendário a girar meses e retornar com estações e festas, feito um trem de passagem pelas paragens a encantar os passageiros do vagão tempo.

E passavam pelas janelas dos olhos tantas aquarelas. As casas em manchas, o rio e as árvores misturados, os carros mais céleres e aparentemente parados, os chãos em tons flutuantes e quase naufrágios, a cidade em completa transformação. Dos seres uma multicoloração das peles e pelos espalhada pelos recantos que se enroscam, miscigenam-se, agregam-se, encantados.

A memória guarda o ruído ensurdecedor, o cheiro da tinta emanada das entranhas de chapas de ferro, do monstro mecânico com uma estei...

A memória guarda o ruído ensurdecedor, o cheiro da tinta emanada das entranhas de chapas de ferro, do monstro mecânico com uma esteira lateral com os exemplares de papel jornal meio que vomitados de maneira organizada pela rotativa. Estacionada em um espaço grande, a estrutura lembrava a máquina cheia de engrenagens que engoliu Carlitos no clássico “Tempo Modernos” do genial e sempre atual Charles Chaplin.

As castanholas se vestem de um tom vermelho antes de se despirem ao sopro dos ventos de agosto. As folhas entapetam a terra como um abr...

As castanholas se vestem de um tom vermelho antes de se despirem ao sopro dos ventos de agosto. As folhas entapetam a terra como um abraço em meio ao inverno. Orgânico lençol a cobrir e colorir, indistintamente, corpos vegetais e gélidas estruturas de cimento, como um salto de paraquedas sem controle ou alvo definido. Já à noite esfria as superfícies e incendeia a pele com mil sensações e arrepios em tentativas de tradução em livros, filmes, poemas, canções, com vãs interpretações. O entendimento pleno só virá com o experimento, com o toque entre a fria lâmina no pingo da chuva no pescoço desnudo, na mão livre.

Era quase passatempo tamborilar os dedos de forma brincante pelo lápis. Depois de um pensar instantâneo, a mão começava a desenhar...

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Era quase passatempo tamborilar os dedos de forma brincante pelo lápis. Depois de um pensar instantâneo, a mão começava a desenhar no papel os sabores, os cheiros, os desejos, os futuros, a vida, até a morte. Letras, curvas, tinta e papel ganhavam formas imaginariamente definidas. E dali surgiam casas, carros, árvores, mãos, olhos, uma infinidade de pensamentos que soltavam para a superfície do branco mundo.

Os raios do Sol batem úmidos no cimento frio. A escadaria agora está desobstruída, limpa. Já não há mais corpos das folhas das castan...

natureza desperdicio castanhola
Os raios do Sol batem úmidos no cimento frio. A escadaria agora está desobstruída, limpa. Já não há mais corpos das folhas das castanholas ressecados e gélidos em decomposição formando uma barricada pousada nos degraus, compactadas pelas chuvas do inverno. A posição mórbida após soltarem e planarem das copas das árvores durante o outono. Semanas esquecidas, largadas sem verde, grudadas umas às outras num abraço post mortem.

As serras, as estradas, o clima mais ameno, os engenhos, as comidas. A região do Brejo é um encontro com novos conhecimentos, paisagens...

viagem turismo paraiba caminho frio
As serras, as estradas, o clima mais ameno, os engenhos, as comidas. A região do Brejo é um encontro com novos conhecimentos, paisagens, histórias e um descobrir constante da Paraíba.

A vaca é que está certa quando decide ir para o Brejo, desde que seja o da Paraíba. Eu fui várias vezes e se me disserem para ir lá outra vez, eu vou. Em dia de sol, mesmo que esteja nublado, ou até com a chuvinha fria, o Brejo guarda cenários sempre agradáveis.

Telhados disformes, paredes manchadas, uma massa cinzenta sob a chuva contínua e de pingos gélidos de julho, chuva que vai e vem em...

Telhados disformes, paredes manchadas, uma massa cinzenta sob a chuva contínua e de pingos gélidos de julho, chuva que vai e vem em uma sequência imprevisível. Ao longo, árvores intraduzíveis, montanhas escondidas. No inverno, também são feitas belas telas, só que o pintor prefere usar uma paleta de cores de tons pastéis, do branco embaçado, do chumbo poético.

Há 40 anos, o Brasil acordava de ressaca. Eu, ainda na versão menino de 12 anos, assim os 120 milhões de brasileiros à época, despert...

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Há 40 anos, o Brasil acordava de ressaca. Eu, ainda na versão menino de 12 anos, assim os 120 milhões de brasileiros à época, despertavam naquela terça-feira, 6 de julho de 1982, certos de que o dia anterior estava apenas começando. Aquele 3 a 2 inexistia, era inaceitável. Os deuses da bola teriam descoberto algum equívoco e corrigiriam aquele desfecho.