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A julgar pelo título, poderia ser mais um filme sobre o animal mamífero. No entanto, trata da história de Charlie, um professor de lite...

filme baleia darren aronofsky
A julgar pelo título, poderia ser mais um filme sobre o animal mamífero. No entanto, trata da história de Charlie, um professor de literatura inglesa, gay, obeso, pesando quase 300kg. Dirigido por Darren Aronofsky, a obra fílmica, ainda em cartaz nos cinemas, é protagonizada por Brendan Fraser, conhecido amplamente por sua participação em “A múmia”.

“Por que motivo as crianças, de modo geral, são poetas e, com o tempo, deixam de sê-lo?”, questiona Drummond no artigo “A educação do ...

literatura poeisa infantil
“Por que motivo as crianças, de modo geral, são poetas e, com o tempo, deixam de sê-lo?”, questiona Drummond no artigo “A educação do ser poético” (1974). A comparação entre as crianças e os poetas é quase um clichê. Essa analogia ocorre pelas frequentes associações tão caras ao universo infantil. Tanto a criança quanto o poeta manifestam o assombro e uma leitura especial diante de acontecimentos que, para muitas pessoas, parecem banais ou corriqueiros, passam até despercebidos.

Parei de contar os anos. Percebi isso em duas situações: a primeira quando disse minha idade errada para um colega. Noutra, quando meu ...

tempo poesia paraibana cronologia leo barbosa
Parei de contar os anos. Percebi isso em duas situações: a primeira quando disse minha idade errada para um colega. Noutra, quando meu pai errou minha idade e ele mesmo fez a retificação. Nem eu havia notado. Mas, por que em ambas as situações houve uma redução algorítmica? Talvez um anseio por querer parar o tempo ou regressar?

Tentativa recorrente e vã de ultrapassar o signo linguístico, de romper com seus significados. A palavra como imersão no mundo, como...

clarice lispector critica literaria paraibana leo barbosa
Tentativa recorrente e vã de ultrapassar o signo linguístico, de romper com seus significados. A palavra como imersão no mundo, como instrumento de construção de um sujeito; o sujeito da linguagem. Clarice tem como ambição a constante vontade e necessidade de suscitar sensações. Ela sabe, com diz Barthes, trapacear na linguagem, explorando um corpo opaco e plurissignificativo, que é a literatura. Para tanto, está sempre a nos questionar, por meio de metáforas, metonímias, elementos epifânicos construídos a partir de situações banais, pessoas simples, donas de casa. Lê-la é uma grande interrogação: o contato com sua obra nos faz esquecer de quem somos ou nos autentica?

Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer, Andre Comte-Sponville e outros filósofos já discorreram amplamente sobre a relação conflit...

depressao infelicidade relacoes humanas saude mental
Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer, Andre Comte-Sponville e outros filósofos já discorreram amplamente sobre a relação conflituosa entre prazer e sofrimento. A nossa incessante busca pelo prazer se mistura ao combate à dor. Na contemporaneidade, o discurso do hedonismo, do “aproveite a vida”, do “deixa a vida me levar” tem promovido a urgência, acarretando patologias. Nessa seara, vivemos uma época de abundância extrema, de tal modo que a expressão não pode ser vista como redundante, mas importante para entendermos as circunstâncias que nos fazem adoecer. Do trabalho às redes sociais, das telas aos alimentos, até a droga e o sexo. Tudo isso como estímulo para nos sentirmos mais interligados à vida, porém afasta-nos mais dela. É um tempo de muita vulnerabilidade, em que, como diria Sartre, o universo das possibilidades nos angustia.

      TRANSGRESSOR Perplexo não me mexo diante do reflexo do cheiro, do tato, no ato disfarço o peso da luz que soberana sob...

 
 
 
TRANSGRESSOR
Perplexo não me mexo diante do reflexo do cheiro, do tato, no ato disfarço o peso da luz que soberana sobre mim. Quero mostrar que sou mais velho, que estou ponderado, que minha lucidez transcendeu o romantismo, mas que a pragmática não me retirou os sentimentos. Ainda tenho memória e, se os fantasmas dormem, é porque estou De-ma-si-a-da-men-te acordado.

Essa é uma pergunta feita por muitos estudantes da rede básica e até mesmo de cursos superiores. Revelam-se assombrados com a quantidad...

estudante livro gramatica
Essa é uma pergunta feita por muitos estudantes da rede básica e até mesmo de cursos superiores. Revelam-se assombrados com a quantidade que lhes parece excessiva quando estão diante das regras da gramática normativa. Conforme sugere o nome, trata-se de regras, as quais podem (e devem) ser quebradas. Porém, como romper com a tradição se não a conhece? Esse é um primeiro motivo para estudar a gramática, que aqui se refere ao famoso livro no qual se estudam de fonemas a orações, passando por classes gramaticais e noções de semântica.

O ludismo exerce um importante papel no exercício da expressão verbal, desde o instante em que se faz a manipulação livre dos fonemas...

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O ludismo exerce um importante papel no exercício da expressão verbal, desde o instante em que se faz a manipulação livre dos fonemas, até quando é considerado o efeito da polissemia das palavras, colaborando para ambiguidade como instrumento dessa investigação linguística que a criança necessita como forma de explorar também o mundo. Ela altera partes das palavras para experimentar, utiliza-se de abstrações à procura do concreto. Joga com as palavras, transformando-as para conhecer o quanto de força argumentativa/retórica elas possuem.

Para exemplificar o ritmo e o lúdico, seguem alguns poemas de José Paulo Paes e Elias José. A escolha destes poetas não foi aleatória...

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Para exemplificar o ritmo e o lúdico, seguem alguns poemas de José Paulo Paes e Elias José. A escolha destes poetas não foi aleatória. Escolhemos Paes e Elias, porque são poetas nos quais se evidencia, de forma acentuada e assídua, o trabalho com o lúdico a partir dos jogos de linguagem. Ambos adaptam a linguagem para o sentido conotativo sem empobrecê-la, utilizando-se do humor e da surpresa como forma de “desarmamento” no processo da leitura para que assim, como afirmou Pavan (1998) abrir a cabeça para que o senso de diversidade, a sensibilidade [...] sejam aprimorados por meio da poesia, desenvolvendo a inteligência do leitor-mirim. Aos poemas:

Até o século XVIII, no Ocidente, não havia uma concepção de infância como a temos hoje. A criança era vista como um adulto em miniatura...

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Até o século XVIII, no Ocidente, não havia uma concepção de infância como a temos hoje. A criança era vista como um adulto em miniatura. Só a partir do século XIX, com o surgimento da família nuclear, passou-se a ter a preocupação com a infância. Ainda, no final do século XIX e início do século XX, poucas obras destinadas ao jovem leitor e/ou ao leitor-iniciante foram publicadas no Brasil. Com o desenvolvimento do sistema educacional e os incentivos dados pelo Governo, considerando-se a literatura/leitura o instrumento mais indicado para o desenvolvimento intelectual, viu-se a necessidade de produzir obras para os neófitos.

Um susto. Um olhar. Sem timidez. Percorro a vista como quem já conhece o território. Mas, por outros caminhos. Não conheço o nome das...

Um susto. Um olhar. Sem timidez. Percorro a vista como quem já conhece o território. Mas, por outros caminhos. Não conheço o nome das partes. É um corpo que habita eras. É bela e triste, como o amor. Tem desejo. Uma voz com um timbre macio. Clama por defloração. É agora. É sim. Como foi que me deixei vestir por uma ilusória imortalidade?

“Eu odeio adolescente!” — disparou uma aluna durante uma de minhas aulas. Retruquei que ela o é, mas permaneceu a revolta. Embora...

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“Eu odeio adolescente!” — disparou uma aluna durante uma de minhas aulas.

Retruquei que ela o é, mas permaneceu a revolta. Embora todas as fases da vida tenham suas peculiaridades e dificuldades, a adolescência é marcada por um turbilhão de incertezas e autocobranças, é o período no qual a necessidade de se afirmar é mais patente, mas não há tantos recursos (e maturidade) para conseguir essa afirmação perante o mundo.

Do rosto geralmente marcado por espinhas à mudança do cabelo. Da transformação da forma física aos processos hormonais. Da falta de dinheiro à ausência da almejada liberdade de ir e vir.

Quanto pode um professor? Não sei. Só sei que pode muito, incluindo a sua capacidade de inspirar gerações, de transbordar a esfera do ...

magisterio curso apl paraiba
Quanto pode um professor? Não sei. Só sei que pode muito, incluindo a sua capacidade de inspirar gerações, de transbordar a esfera do tempo e atingir o significado. E um professor-formador (todos não são?) consegue multiplicar isso numa progressão geométrica. Isso ficou mais uma vez visível na 2ª turma do Curso de formação de professores da Rede pública estadual – prioridade da leitura em sala de aula – sob a regência dos docentes Milton Marques Júnior e Ângela Bezerra de Castro, ambos membros da Academia Paraibana de Letras – local onde foi ministrado – e aposentados da UFPB.

Lutos diários A fusão de uma solidão A outra Só foi Possível Em tempo uno O drama do dito Versus o sentido Depen...

leo barbosa lutos diarios poesia paraibana
Lutos diários
A fusão de uma solidão A outra Só foi Possível Em tempo uno O drama do dito Versus o sentido Depende do cenário O tempo não se cala O te amar não é previsível É precipício lacrimal certo Tanto perto quanto longe O amor é alheio

Quantas convicções eu já adquiri? Tenho diante de mim tantas agitações como se quase nada do caminho tivesse sido percorrido. Sinto que te...

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Quantas convicções eu já adquiri? Tenho diante de mim tantas agitações como se quase nada do caminho tivesse sido percorrido. Sinto que tenho o poder de dizer, mas, ao mesmo tempo, faltam-me palavras para expressar o quanto este coração, que agora pulsa, pede clemência, clama pelo direito ao silêncio diante de algumas causas.

      X Aprofundo mundo Há profundo imundo Mudo em mim Tumulto e solidão Gente e indigente Só lido com o sólido E me desmancho no...

poesia paraibana leo barbosa solidao desesperanca
 
 
 

X Aprofundo mundo Há profundo imundo Mudo em mim Tumulto e solidão Gente e indigente Só lido com o sólido E me desmancho no ar.

Sainte-Beuve, considerado o patrono dos críticos franceses, não reconheceu a grandeza de Stendhal, Baudelaire e Balzac. Sílvio Romero fez ...

critica literaria critico arte
Sainte-Beuve, considerado o patrono dos críticos franceses, não reconheceu a grandeza de Stendhal, Baudelaire e Balzac. Sílvio Romero fez pouco caso da obra do mestre Machado de Assis, para glorificar Tobias Barreto. Voltaire zombou de Homero. Tolstoi não aturava nem Shakespeare nem Victor Hugo. Proust permaneceu praticamente ignorado quando era vivo, assim como Nietzsche. Este não faria questão de um número considerável de leitores. Contentava-se com dez que o lessem com a condição de serem inteligentes. Esses são alguns dos muitos exemplos de escritores que tiveram suas obras pouco prestigiadas ou ignoradas.

Eduardo Frieiro, no seu livro “Os livros nossos amigos”, começa-o afirmando que “querer bem aos livros é sentimento que se parece muito...

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Eduardo Frieiro, no seu livro “Os livros nossos amigos”, começa-o afirmando que “querer bem aos livros é sentimento que se parece muito com o amor dos sexos”, pois o verdadeiro amante dos livros sente mais do que uma necessidade intelectual; física. Eles estão no quarto, na sala, cozinha, mesa. Ao pé e na cabeceira da cama. Nas travessias do amor, terreno íngreme, quantos são aqueles que recorrem a uma boa leitura, entre um choro e um travesseiro. O amante é possessivo. E aqui vale a seguinte frase: “Prefiro dar dois livros a emprestar um”. Não importando se a obra é rara ou não. Seu objeto é seu. O gozo está no tato, nos olhos e no cheiro.

E então uma tristeza nos acomete. Sem saber de onde ela vem e qual o seu porquê. Um vazio nos preenche de tal forma, como se nenhuma poe...

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E então uma tristeza nos acomete. Sem saber de onde ela vem e qual o seu porquê. Um vazio nos preenche de tal forma, como se nenhuma poesia pudesse corromper esse hóspede indesejável. O que nos falta? Para cada qual, uma resposta. Como diria Caetano: “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Que ninguém nos diga que somos jovens demais para sofrer, para que os lutos nos esmoreçam.

Este lugar não proporciona crescimento. Sou um residente sem lar. Comecei a partir no parto de minha mãe. Disse adeus, e já prometendo se...

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Este lugar não proporciona crescimento. Sou um residente sem lar. Comecei a partir no parto de minha mãe. Disse adeus, e já prometendo ser o filho pródigo que não voltará. Tanto desafeto faz minha vida intelectual retroceder. Descanso os meus sofreres na palavra, na tentativa de não ficar amargo e cristalizar o pior de mim. Sorrisos não me são mais familiares. O parentesco se estabelece. Todos os laços, menos o sanguíneo, se desatam. Espero pelo momento de síntese para pôr os valores, definhados, na balança.