Graduado em Engenharia Agronômica, Mestre em Antropologia e Sociologia Rural pela UFPB e Doutor em Sociologia pela UFPE, Adriano de Léon é ...
Adriano de León
Graduado em Engenharia Agronômica, Mestre em Antropologia e Sociologia Rural pela UFPB e Doutor em Sociologia pela UFPE, Adriano de Léon é Professor Titular do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPB.
Teu corpo é flor nativa Vinga nos desertos Nas paragens áridas Nos açudes vazios
A flor Floyd
Vinga nos desertos
Nas paragens áridas
Nos açudes vazios
Dizem que o amor é traiçoeiro. Veste máscara de mil formas. O casal de corujinhas buraqueiras levava uma vida cheia de paz, na relva pert...
Quem sabe uma nova lua...
Dizem que o amor é traiçoeiro. Veste máscara de mil formas.

Rabiscos de junho Lápis de traço torto é junho desenha nuvens, chuvas, rios em pretos, brancos, invernos na curva perdida de u...
Poemas de junho ao mar
Lápis de traço torto é junho
desenha nuvens, chuvas, rios
em pretos, brancos, invernos

rabisca reflexos entre fogos
O êxito é um lugar que pertence aos que foram bravos e persistentes, que não cederam à tentação de simplesmente esperar a vida oferecer as ...
Corações famintos
O êxito é um lugar que pertence aos que foram bravos e persistentes, que não cederam à tentação de simplesmente esperar a vida oferecer as suas migalhas, não suficientes para corações famintos.
Os tipos populares escasseiam em nossas ruas. Marreteiro era descendente de escravos, vendedor ambulante. Carregava nos fortes ombros o pes...
O profeta da estação
Os tipos populares escasseiam em nossas ruas. Marreteiro era descendente de escravos, vendedor ambulante. Carregava nos fortes ombros o peso de dois balaios apinhados de frutas.

Sobre o sensualismo de Drummond e a presença do erotismo em sua poesia muito se tem escrito. E é fato. O poeta foi sempre muito sensível às...
Uma vitória de Eros
Sobre o sensualismo de Drummond e a presença do erotismo em sua poesia muito se tem escrito. E é fato. O poeta foi sempre muito sensível às coisas de Eros e o revelou desde o começo. Lá no primeiro poema (Poema de Sete Faces) de seu primeiro livro (Alguma poesia) já se vê o registro explícito do sexo como algo incontornável: “As casas espiam os homens/que correm atrás de mulheres./A tarde talvez fosse azul/não houvesse tantos desejos.”.

Como bem observou Antonio Carlos Villaça, nessa fase outonal, no limiar da velhice, “Não é mais o individualismo tenso e triste, de Belo Horizonte outrora, na juventude inquieta e insatisfeita. Não é mais a guerra com a batalha de Stalingrado. Não são mais os edifícios. Não é mais a reflexão existencial. Agora, é o diálogo com o corpo, renovado.”. Agora (então) é a assumida celebração da sensualidade cultivada, afirmação impetuosa da vida perante a morte ameaçadora.
Fiquei embasbacado, observando-o, até ele desaparecer em meio à multidão
Aqui é importante registrar que, a despeito de seu coração imenso, o poeta nunca deixou de amar Dolores, a esposa que um dia quis deixá-lo. Mas ele pediu-lhe para ficar (“Que seria de mim sem você?”) e ela aceitou, até o fim. Mulher sábia.

E um detalhe: a publicação dos poemas eróticos drummondianos não se deu de repente, de uma só vez, já em livro. Não. Ela foi se dando aos poucos, um poema aqui, outro acolá, dados a público em revistas masculinas da época. O fato é que havia uma espécie de “patrulha” moral conservadora que inibia a publicação ostensiva de tais poemas, como se eles atentassem contra a respeitabilidade do poeta consagrado. Nesse sentido, um livro como “O amor natural”, totalmente dedicado à louvação de Eros, representou a corajosa libertação do poeta da referida censura.
Enfim, sabemos todos que, na vida, a vitória final é sempre de Tânatos. E talvez seja melhor assim, para que o homem não cultive a soberba. Mas na poética de Drummond constata-se, sem dúvida, um derradeiro triunfo de Eros, deus poderoso que pairou sobre ele até mesmo quando o seu velho corpo já não correspondia aos seus ímpetos. É o que se vê, bela e melancolicamente, no poema “Restos”, do livro que encerra oficialmente sua obra, “Farewell”, com o que, em negrito, encerro, reverente, este breve texto:
Bateu, bateu à velha porta, inutilmente.
Não pude agasalhá-lo: ofendia o olfato.
Muito embora o escutasse, eu de mim era ausente.
Ancianidade Sinto na alma A ancianidade das montanhas, E nos ombros pesam A passagem do tempo.
Dois poemas
Sinto na alma
A ancianidade das montanhas,
E nos ombros pesam
A passagem do tempo.
Todos os idosos se parecem; alguns aproveitam a alegria do presente, outros, atingidos pela “caduquice”, andam de braços com a saudade, viv...
O tão presente passado
Todos os idosos se parecem; alguns aproveitam a alegria do presente, outros, atingidos pela “caduquice”, andam de braços com a saudade, vivem seu passado como se fosse o presente, enquanto o presente lhes parece alheio.
Após a reforma no calendário romano, realizada por Júlio César, com a ajuda do astrônomo grego Sosígenes , em 46 a. C., o mês de fevereiro,...
O dia bissexto
Após a reforma no calendário romano, realizada por Júlio César, com a ajuda do astrônomo grego Sosígenes, em 46 a. C., o mês de fevereiro, a cada 4 anos, passou a ter 29 dias, de modo a completar com perfeição a órbita da terra ao redor do sol (na época pensava-se o contrário, óbvio). No entanto, mesmo depois do calendário juliano e enquanto permaneceu a contagem tradicional dos dias pelos romanos, nunca existiu o dia 29 de fevereiro.
Na tarde de um dia com chuva que nos faz recolher ao aconchego da rede preguiçosa, passeando pelos círculos sociais, percebo um texto me ch...
A arte e os seus espinhos
Na tarde de um dia com chuva que nos faz recolher ao aconchego da rede preguiçosa, passeando pelos círculos sociais, percebo um texto me chamou a atenção. Não conheço a pessoa que o escreveu, mas muito gostaria de parabenizá-la pelas colocações acerca da arte, porque trouxeram salutares reflexões, como um manto a agasalhar as inquietações de minha alma.
Há mais ou menos 100 anos, a radiodifusão irrompeu no mundo criando novos paradigmas para a Comunicação. O dramaturgo alemão Bertolt Brecht...
Réquiem para o coronelismo midiático
Há mais ou menos 100 anos, a radiodifusão irrompeu no mundo criando novos paradigmas para a Comunicação. O dramaturgo alemão Bertolt Brecht saudou o novo meio como uma concretização da ágora ateniense, ou seja, um espaço para a participação democrática em todas as esferas da vida, por intermédio da livre manifestação da opinião.
National Gallery! Para que se tenha ideia aproximada do espaço ocupado pelas 2.300 obras da Galeria Nacional, que se impõe ante a Praça Tra...
Apenas um museu como esse…
National Gallery! Para que se tenha ideia aproximada do espaço ocupado pelas 2.300 obras da Galeria Nacional, que se impõe ante a Praça Trafalgar, parei no centro dele e, ao me voltar para a série de salões a oeste, portas afora, depois para outro tanto delas a leste, eu disse:
O trato continuado com a ensaística de Ângela Bezerra de Castro não dá margem a assomos de surpresa com a sua poesia. Ela não tem feito ou...
Síntese e confissão
O trato continuado com a ensaística de Ângela Bezerra de Castro não dá margem a assomos de surpresa com a sua poesia. Ela não tem feito outra coisa, desde que se dedica ao cultivo literário, senão exercícios de percepção poética. Se o resultado ganha a aparência de ensaio ou discurso, não seja por isso, pela forma comum, que ele se dissocie do conteúdo poético. Boa parte das pessoas que se confessaram surpresas com aquele mínimo de espaço transbordante de poesia, trazido a público no blog de Germano Romero, se disso não sabiam, bem o pressentiam.
O relacionamento humano saudável não pode prescindir da reciprocidade. O conceito de que a convivência entre as pessoas deve ser pautada nu...
A reciprocidade
O relacionamento humano saudável não pode prescindir da reciprocidade. O conceito de que a convivência entre as pessoas deve ser pautada num espírito de solidariedade é de enorme valor para a harmonia social. Estamos sempre na dependência uns dos outros, e essa compreensão faz com que devamos estar permanentemente dispostos a retribuir os favores que recebemos.
Mesmo os urubus mais antigos – Segundo Seu Axessio Pordeus, alguns chegando a viver dez, doze anos --, não tinham memória de seca daquela. ...
O céu na terra
Mesmo os urubus mais antigos – Segundo Seu Axessio Pordeus, alguns chegando a viver dez, doze anos --, não tinham memória de seca daquela. Mas tinham, isso sim, começado a cair, de tão gordos. Simplesmente despencavam do alto e esborrachavam o papo no chão. Nos lajedos. Na lama esturricada da vazante.