Jorge Luis Borges, citado por Maria Esther Maciel, em 'A memória das coisas'
"Um homem se propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanha...
Exposições: das coisas e da vida
Jorge Luis Borges, citado por Maria Esther Maciel, em 'A memória das coisas'
Meia dúzia de vezes que andei por São Paulo - uma delas para entrar na fila sem fim (e como fazia frio!) do hospital público das Clínicas;...
Não havia melhor hora
Meia dúzia de vezes que andei por São Paulo - uma delas para entrar na fila sem fim (e como fazia frio!) do hospital público das Clínicas; algumas para consulta médica particular, e, as vezes restantes, em missões profissionais – de nenhuma delas cheguei aqui com vontade de voltar.
Nestes dias angustiantes de isolamento, a leitura de uma postagem de Fábio Mozart traz-me uma saudade a mais. Logo agora, num instante de t...
Amigos num Fusca
Nestes dias angustiantes de isolamento, a leitura de uma postagem de Fábio Mozart traz-me uma saudade a mais. Logo agora, num instante de tantas ausências. É que Mozart me remete a Creusa Pires.
As minhas tardes de sábado costumam proporcionar um prazer juvenil: jogar xadrez! Mas o termo é insuficiente para revelar a riqueza que a a...
O vazio do xadrez virtual
As minhas tardes de sábado costumam proporcionar um prazer juvenil: jogar xadrez! Mas o termo é insuficiente para revelar a riqueza que a atividade lúdica encerra.
Um grande escritor nos dá muitas lições. Não importa quando e onde ele escreveu, pois a atemporalidade e a absoluta ausência de limitações ...
Tolstói atual
Um grande escritor nos dá muitas lições. Não importa quando e onde ele escreveu, pois a atemporalidade e a absoluta ausência de limitações geográficas são a característica dos eternos. Os três primeiros trechos Guerra e Paz, de Tosltói, que apresentamos abaixo, são ensinamentos que podem e devem ser seguidos hoje, sem tirar nem pôr, tal a sua atualidade e a sua necessidade. Lições que entram em concordância com o que encontramos em Os Miseráveis, de Victor Hugo, outra obra monumental de outro gigante da literatura:
A mentira é também a nossa verdade. É uma forma estratégica de nos relacionarmos com o mundo. Que seria de nós sem esse espaço de manobra q...
Sobre a mentira
A mentira é também a nossa verdade. É uma forma estratégica de nos relacionarmos com o mundo. Que seria de nós sem esse espaço de manobra que nos permite lidar com a pressão dos outros? Acossado por deveres sociais, éticos, econômicos, não resta ao homem senão mentir.
Graduado em Engenharia Agronômica, Mestre em Antropologia e Sociologia Rural pela UFPB e Doutor em Sociologia pela UFPE, Adriano de Léon é ...
Adriano de León
Graduado em Engenharia Agronômica, Mestre em Antropologia e Sociologia Rural pela UFPB e Doutor em Sociologia pela UFPE, Adriano de Léon é Professor Titular do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPB.
Teu corpo é flor nativa Vinga nos desertos Nas paragens áridas Nos açudes vazios
A flor Floyd
Vinga nos desertos
Nas paragens áridas
Nos açudes vazios
Dizem que o amor é traiçoeiro. Veste máscara de mil formas. O casal de corujinhas buraqueiras levava uma vida cheia de paz, na relva pert...
Quem sabe uma nova lua...
Dizem que o amor é traiçoeiro. Veste máscara de mil formas.

Rabiscos de junho Lápis de traço torto é junho desenha nuvens, chuvas, rios em pretos, brancos, invernos na curva perdida de u...
Poemas de junho ao mar
Lápis de traço torto é junho
desenha nuvens, chuvas, rios
em pretos, brancos, invernos

rabisca reflexos entre fogos
O êxito é um lugar que pertence aos que foram bravos e persistentes, que não cederam à tentação de simplesmente esperar a vida oferecer as ...
Corações famintos
O êxito é um lugar que pertence aos que foram bravos e persistentes, que não cederam à tentação de simplesmente esperar a vida oferecer as suas migalhas, não suficientes para corações famintos.
Os tipos populares escasseiam em nossas ruas. Marreteiro era descendente de escravos, vendedor ambulante. Carregava nos fortes ombros o pes...
O profeta da estação
Os tipos populares escasseiam em nossas ruas. Marreteiro era descendente de escravos, vendedor ambulante. Carregava nos fortes ombros o peso de dois balaios apinhados de frutas.

Sobre o sensualismo de Drummond e a presença do erotismo em sua poesia muito se tem escrito. E é fato. O poeta foi sempre muito sensível às...
Uma vitória de Eros
Sobre o sensualismo de Drummond e a presença do erotismo em sua poesia muito se tem escrito. E é fato. O poeta foi sempre muito sensível às coisas de Eros e o revelou desde o começo. Lá no primeiro poema (Poema de Sete Faces) de seu primeiro livro (Alguma poesia) já se vê o registro explícito do sexo como algo incontornável: “As casas espiam os homens/que correm atrás de mulheres./A tarde talvez fosse azul/não houvesse tantos desejos.”.

Como bem observou Antonio Carlos Villaça, nessa fase outonal, no limiar da velhice, “Não é mais o individualismo tenso e triste, de Belo Horizonte outrora, na juventude inquieta e insatisfeita. Não é mais a guerra com a batalha de Stalingrado. Não são mais os edifícios. Não é mais a reflexão existencial. Agora, é o diálogo com o corpo, renovado.”. Agora (então) é a assumida celebração da sensualidade cultivada, afirmação impetuosa da vida perante a morte ameaçadora.
Fiquei embasbacado, observando-o, até ele desaparecer em meio à multidão
Aqui é importante registrar que, a despeito de seu coração imenso, o poeta nunca deixou de amar Dolores, a esposa que um dia quis deixá-lo. Mas ele pediu-lhe para ficar (“Que seria de mim sem você?”) e ela aceitou, até o fim. Mulher sábia.

E um detalhe: a publicação dos poemas eróticos drummondianos não se deu de repente, de uma só vez, já em livro. Não. Ela foi se dando aos poucos, um poema aqui, outro acolá, dados a público em revistas masculinas da época. O fato é que havia uma espécie de “patrulha” moral conservadora que inibia a publicação ostensiva de tais poemas, como se eles atentassem contra a respeitabilidade do poeta consagrado. Nesse sentido, um livro como “O amor natural”, totalmente dedicado à louvação de Eros, representou a corajosa libertação do poeta da referida censura.
Enfim, sabemos todos que, na vida, a vitória final é sempre de Tânatos. E talvez seja melhor assim, para que o homem não cultive a soberba. Mas na poética de Drummond constata-se, sem dúvida, um derradeiro triunfo de Eros, deus poderoso que pairou sobre ele até mesmo quando o seu velho corpo já não correspondia aos seus ímpetos. É o que se vê, bela e melancolicamente, no poema “Restos”, do livro que encerra oficialmente sua obra, “Farewell”, com o que, em negrito, encerro, reverente, este breve texto:
Bateu, bateu à velha porta, inutilmente.
Não pude agasalhá-lo: ofendia o olfato.
Muito embora o escutasse, eu de mim era ausente.
Ancianidade Sinto na alma A ancianidade das montanhas, E nos ombros pesam A passagem do tempo.
Dois poemas
Sinto na alma
A ancianidade das montanhas,
E nos ombros pesam
A passagem do tempo.
Todos os idosos se parecem; alguns aproveitam a alegria do presente, outros, atingidos pela “caduquice”, andam de braços com a saudade, viv...
O tão presente passado
Todos os idosos se parecem; alguns aproveitam a alegria do presente, outros, atingidos pela “caduquice”, andam de braços com a saudade, vivem seu passado como se fosse o presente, enquanto o presente lhes parece alheio.
Após a reforma no calendário romano, realizada por Júlio César, com a ajuda do astrônomo grego Sosígenes , em 46 a. C., o mês de fevereiro,...
O dia bissexto
Após a reforma no calendário romano, realizada por Júlio César, com a ajuda do astrônomo grego Sosígenes, em 46 a. C., o mês de fevereiro, a cada 4 anos, passou a ter 29 dias, de modo a completar com perfeição a órbita da terra ao redor do sol (na época pensava-se o contrário, óbvio). No entanto, mesmo depois do calendário juliano e enquanto permaneceu a contagem tradicional dos dias pelos romanos, nunca existiu o dia 29 de fevereiro.
































