setembro 12, 2021
Fácil capturar uma borboleta ou apanhar uma flor. Marisa vivia naquele mundo. Nunca se interessara por estudar: as irmãs, fazendo pós-grad...
Fácil capturar uma borboleta ou apanhar uma flor. Marisa vivia naquele mundo. Nunca se interessara por estudar: as irmãs, fazendo pós-graduação, levavam grossos volumes, consultavam internet, passavam noites acordadas para subirem na vida.
Elogiadas pela família, o pai vendera uma fazenda, a fim de vê-las no cume. Marisa era o patinho feio, considerada uma medíocre, dada a receitas culinárias anotadas num caderno, preparando o bolo do fim de semana. No dia em que as estudiosas alcançaram o diploma, foi festa até o clarear do dia. Muita gente compareceu para cumprimentos, elogios, exaltações.
setembro 12, 2021
setembro 12, 2021
Passei a conhecer melhor Frutuoso Chaves em inícios da década de 1970, quando me entrevistou para o jornal “ A União”. Na oportunidade, ...
Passei a conhecer melhor
Frutuoso Chaves em inícios da década de 1970, quando me entrevistou para o jornal “ A União”. Na oportunidade, recém-chegado de Curitiba, onde eu fora receber um dos prêmios do Concurso Nacional de Contos do Paraná, em plena ditadura Médici, ele me provocou: “O que você acha da proibição da exposição das obras eróticas de Picasso no território brasileiro? ” Remeto o leitor para o texto “Sérgio e Picasso”*, publicado no presente livro, que revela o repórter desassombrado que ele sempre foi.
setembro 12, 2021
setembro 12, 2021
“Você gosta de ler?” “Não!”. A resposta para essa indagação vem marcada por uma contundente negativa. Engana-se por desconhecer o quanto s...
“Você gosta de ler?” “Não!”. A resposta para essa indagação vem marcada por uma contundente negativa. Engana-se por desconhecer o quanto sua cognição se prepara assiduamente para o exercício da leitura. Sim, você lê muito, seja o texto verbal ou não verbal. Estamos em um momento bastante imagético, em que muitas fotos, vídeos, memes circulam nas redes. Entretemo-nos. Horas a fio nos abastecemos de uma imensa gama de informações. Muito tempo quotidianamente dedicado ao acesso à vida alheia. O que sobra de nós? Quem se (re)conhece nessa multidão fantasiosa,
setembro 12, 2021
setembro 12, 2021
Muita gente não presta atenção ao inglês William de Ockham – Guilherme para nós —, esse frade franciscano que viveu na Idade Média, entre ...
Muita gente não presta atenção ao inglês William de Ockham – Guilherme para nós —, esse frade franciscano que viveu na Idade Média, entre os séculos XIII e XIV. Sendo considerado por muitos um “pensador menor”, o estudioso e teólogo escolástico foi o mais proeminente representante da escola nominalista, para a qual a questão dos “universais”, um dos maiores problemas da filosofia, era apenas pura retórica, tola invencionice, isto é, falácia.
Seu pensamento empirista e paroxisticamente moderno para a sua época assume a defesa sem concessões do livre arbítrio, condenando a interferência do Estado ou da Igreja nas ações humanas. Discípulo de Duns Scott
setembro 12, 2021
setembro 11, 2021
Fui Pilatos na Paixão de Cristo e camponês paupérrimo, que se dana e se zanga, na caatinga paraibana do filme A Canga. Fui, também, no ...
Fui Pilatos na Paixão de Cristo
e camponês paupérrimo,
que se dana e se zanga,
na caatinga paraibana do filme A Canga.
Fui,
também,
no cinema,
fazendeiro escravagista do Ceará dos inícios da República,
tenente de polícia nada abúlica, que perseguia um cangaceiro,
fui
pistoleiro,
delegado nada nobre,
fui aposentado... doente e pobre,
um pequeno tirano - empresário pernambucano,
setembro 11, 2021
setembro 11, 2021
Longe seguem velhos e surrados tênis Passos que se escorrem dentro da noite Há uns que vão são quase comparsas destas ...
Longe seguem velhos e surrados tênis
Passos que se escorrem dentro
da noite
Há uns que vão são quase comparsas destas escuridões
Rua larga
Vagos homens vagam
Faróis se cruzam no verde que diz:
setembro 11, 2021
setembro 11, 2021
Num livro de canto, no térreo da estante, encontro recortada, com algumas correções, crônica que assino em 31 de janeiro de 1979 sob o “Ch...
Num livro de canto, no térreo da estante, encontro recortada, com algumas correções, crônica que assino em 31 de janeiro de 1979 sob o “Choque do futuro” de Alvin Toffler. Não a reproduzi em nenhum dos livros. E me surpreendo, agora, decorridos mais de quarenta anos, reagindo da mesma forma, sob o mesmo espanto, como se o choque saísse do instantâneo para o permanente. Toffler, ao tempo de sua reflexão, sente-se “esmagado pela rapidez com que se verificam as mudanças e alterações sociais na chamada sociedade tecnológica”.
setembro 11, 2021
setembro 11, 2021
A noite caiu há pouco, e o mar ali sussurra seus milenares mistérios... Já começam as saudades do inverno, enriquecidas com as lembranças ...
A noite caiu há pouco, e o mar ali sussurra seus milenares mistérios... Já começam as saudades do inverno, enriquecidas com as lembranças da performance da orquestra de sapos, no brejo atrás da rua. Mas, contento-me com os exaltados marulhos desta preamar de lua nova. Tudo quieto, menos o vento que jorra em brisa impetuosa, com leve aroma de um verão já instalado. A paz faz eco na memória, acaricia as mais doces lembranças do existir. Ao fundo, somente os grilinhos do sereno mordiscam a penumbra deste saboroso silêncio.
setembro 11, 2021
setembro 10, 2021
Qualquer leitor, mesmo o mais afeito à poética de Sérgio de Castro Pinto, consideraria o risco ou o desafio de falar sobre essa Folha C...
Qualquer leitor, mesmo o mais afeito à poética de Sérgio de Castro Pinto, consideraria o risco ou o desafio de falar sobre essa Folha Corrida que reúne os poemas escolhidos do autor.
Além da simbologia do cinquentenário e da solenidade que se impõe, existe uma fortuna crítica plural e sólida, cuja convergência de pontos de vista é salvo-conduto do poeta, válido em todo o território nacional. Há muito, Sérgio é reconhecido como poeta paraibano e brasileiro pelas melhores e mais respeitadas vozes
setembro 10, 2021
setembro 10, 2021
Ela é a matriarca de uma grande família. Uma mulher alta, esguia, elegante nos mínimos gestos. Pe...
Ela é a matriarca de uma grande família. Uma mulher alta, esguia, elegante nos mínimos gestos. Percebe-se que disfarça sua autoridade com uma certa gentileza, mas o limite é passado pela caraterística do olhar. A chegada aos noventa anos, não a abateu como se temia...afinal, enfrentou todos os revezes da vida, mudanças, viuvez, problemas de saúde, com invejável controle das emoções. O tempo passou, mas como sempre, não impunemente. A rapidez de raciocínio aos poucos, deu lugar a pequenos lapsos de memória, que o seu inconsciente se apressava em justificar. Ainda havia a crítica da parte consciente em relação à que se perdia...assim o Alzheimer entrou na vida de Dona Anita”.
setembro 10, 2021
setembro 10, 2021
No deserto que estamos, vejo tantos com dificuldades inúmeras para continuar. São tantas sedes, nos impondo sofrimento e dor. A ...
No deserto que estamos, vejo tantos com dificuldades inúmeras para continuar.
São tantas sedes, nos impondo sofrimento e dor.
A paralisia do isolamento obrigatório, tem transformado o “tempo”, tantas vezes desejado, em verdadeiro prisioneiro da incapacidade.
A intolerância, já faz morada em nós.
A inércia, se transformou na melhor amiga.
A mente e o corpo, sentem sede do ir e vir livremente.
setembro 10, 2021
setembro 10, 2021
O velho Riobaldo estava em sua fazenda dando uma entrevista a alguém não identificado e a quem ele chamava de doutor. Poderia ser um soció...
O velho Riobaldo estava em sua fazenda dando uma entrevista a alguém não identificado e a quem ele chamava de doutor. Poderia ser um sociólogo, um professor ou mesmo um jornalista.
Estava feliz e casado com Otacília, a quem ele se refere como sendo o seu amor de prata. Muitos e muitos anos antes, o adolescente Riobaldo foi convidado a alfabetizar o Seu Bebelo. Fazendeiro e Jagunço Seu Bebelo estava interessado em entrar para política.
setembro 10, 2021
setembro 09, 2021
Ao contrário dos brasileiros que dizem ter tantos anos, os ingleses dizem que são tantos anos velhos. Tem razão; nós não temos o temp...
Ao contrário dos brasileiros que dizem ter tantos anos, os ingleses dizem que são tantos anos velhos. Tem razão; nós não temos o tempo que vivemos, ele já se foi.
Décio Moura, amigão, mentia deslavadamente quando perguntavam a sua idade, mas sempre exagerava para mais. Aos sessenta dizia ter setenta só para ouvir as pessoas elogiarem sua juventude. Aprendi com ele e digo que vou fazer oitenta anos. Depois dos elogios, emendo logo: “- Pois é; vou fazer sessenta e sete, sessenta e oito...até chegar aos oitenta, pode apostar”.
setembro 09, 2021
setembro 09, 2021
Pego o pincel à procura de uma tela. Para um pintor com dotes para lá distantes dos de um Monet, um Van Gogh ou um Dalí, repasso na mente ...
Pego o pincel à procura de uma tela. Para um pintor com dotes para lá distantes dos de um Monet, um Van Gogh ou um Dalí, repasso na mente imagens e reconstruo cenários da eterna cidade Parahyba. De repente, visito a Lagoa como uma página de um caderno de colorir. Parece-me alguma cena entre janeiro/dezembro, meio ano findo e tempo novo, sem chuvas, um espaço para serem derramadas diversas cores, cheiros e sabores.
setembro 09, 2021
setembro 08, 2021
Pouco tenho frequentado as redes sociais. O ambiente miasmático que a impregna me mantém delas afastado. Ao ver o fervor e a devoção reli...
Pouco tenho frequentado as redes sociais. O ambiente miasmático que a impregna me mantém delas afastado. Ao ver o fervor e a devoção religiosa na defesa de bandidos, de ambos os lados do espectro político, por parte de seus sequazes, fico enojado. A atmosfera está decididamente insalubre. Ainda assim, aproveitando a publicação de algum ensaio ou artigo, vez por outra arrisco um olho, para ver se há alguma mudança. Qual! Nada mudou a não ser para continuar o mesmo. Bis idem, como se diz em latim.
setembro 08, 2021
setembro 08, 2021
A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra… E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augus...
A Paraíba não festeja o que tem, muitas vezes nem faz conta disso, nem se lembra…
E o que é que a Paraíba tem, ou mais tem, além de Augusto dos Anjos, da Igreja de São Francisco, dos vultos que entraram na História e das terras de beira de rio para a cachaça que mineiro nenhum bota defeito? Tem minério cultural. Vocações e mais vocações. Mais do que vi, senti isto nos três anos que morei entre os oitenta da Casa do Estudante. Quem não tinha vocação para a música, as letras, a medicina, o jurídico, tinha desenvoltura para a política como Braga, Françoá, Soares Madruga.
setembro 08, 2021