São sempre tempestuosas as águas de março. Abrindo a crônica de 1817, que passa de um volume a outro das “Notas”, o guardião-mor da nossa ...

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São sempre tempestuosas as águas de março. Abrindo a crônica de 1817, que passa de um volume a outro das “Notas”, o guardião-mor da nossa história, o historiador Irineu Pinto, teve a lembrança de falar dos dias chuvosos que encharcavam os caminhos de cana chapinhados madrugada a dentro pelos revolucionários de Pilar e Itabaiana, os condutores do movimento revoltoso contra o absolutismo de Portugal e pela república do Nordeste.

Quando a Magnum Photos publicou esta imagem, em 2016, no dia em que Robert Redford completou 80 anos, a reação foi raivosa. “Não, Redford...

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Quando a Magnum Photos publicou esta imagem, em 2016, no dia em que Robert Redford completou 80 anos, a reação foi raivosa. “Não, Redford merece outra coisa. Ele não está a serviço da arte do fotógrafo, mas o contrário”, disse um comentarista. Outro emendou:

Instigante, o mais recente livro de Hélder Moura, O princípio da diversidade e outros anarquismos: textos pandemônicos (João Pessoa, Idei...

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Instigante, o mais recente livro de Hélder Moura, O princípio da diversidade e outros anarquismos: textos pandemônicos (João Pessoa, Ideia, 2021). Lançando mão de um recurso habitual na literatura – o autor que se faz editor – e estando na boa companhia de Tomás Antônio Gonzaga, José de Alencar e Aluísio Azevedo, Hélder diz ter recebido os manuscritos de um falecido amigo de longas datas, de nome Bakunin, tornado “Bacurim”, pela zombaria outrora natural de crianças e adolescentes, uns com os outros; amigo anarquista por excelência,

São tantas as afinidades entre as Memórias e a ficção romanesca, que a aproximação entre as duas espécies narrativas se impõe, naturalment...

São tantas as afinidades entre as Memórias e a ficção romanesca, que a aproximação entre as duas espécies narrativas se impõe, naturalmente. Encontrando-se algo de romance em toda memória e muito de memória em quase todo romance.

Parecia real, era como se os sinais acordassem em mim e apontassem, “vai por aí”. Lembrei das intuições, dos tempos de leitura quando ...

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Parecia real, era como se os sinais acordassem em mim e apontassem, “vai por aí”. Lembrei das intuições, dos tempos de leitura quando garoto, de madame Blavatsky, de Krishnamurti, de Hesse, de Aldous Huxley e reconsiderei recuperá-los todos hoje.

Era vermelha e branca. Tinha dois espelhos retrovisores com boa visão de tudo aquilo que atrás estivesse. Tinha um farol para clarear a no...

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Era vermelha e branca. Tinha dois espelhos retrovisores com boa visão de tudo aquilo que atrás estivesse. Tinha um farol para clarear a noite e o dínamo para fornecer a eletricidade capaz de acendê-lo.

Trazia uma bomba para encher os pneus quando secassem e uma bolsa atada ao quadro, logo abaixo da sela, para guardar duas chaves de boca com as medidas, ali, de todas as porcas e parafusos.

Não me compadeço dos supostos incautos que são vítimas dos vigaristas. É que na quase totalidade são pessoas que perseguem uma vantagem no...

vigarice falcatrua golpe
Não me compadeço dos supostos incautos que são vítimas dos vigaristas. É que na quase totalidade são pessoas que perseguem uma vantagem no mínimo duvidosa. Ultimamente os golpes voltaram com força. Há o caso de um suposto pastor que prometia remunerações fantásticas aos que investissem em seus negócios. Como assim? Negócio de pastor é fé. E desde quando a fé rende juros e correção? O tal pastor prometia devolver três bilhões (isso mesmo) a quem investisse mil reais. Como alguém pode acreditar nisso?

      PINTANDO O OUTONO Andei colorindo as folhas de meu outono cinzento não sei ainda se aguento essas cores, acres, ocres folh...

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PINTANDO O OUTONO
Andei colorindo as folhas de meu outono cinzento não sei ainda se aguento essas cores, acres, ocres folhas secas pelo chão um tapete adormecido sussurram em um gemido sofrendo a ingratidão dos que um dia partiram sem aviso, sem adeus desertaram assustados ao constatarem frustrados as voltas que o mundo deu... Dos que hoje esqueceram do carinho recebido palavras em seus ouvidos de estímulo e de ternura partiram amargurados e com línguas afiadas me infringindo tortura dos que partilharam um dia dos banquetes coloridos hoje me negam o pão da vida, dando-me a morte das relações em pedaços mãos soltas sem direção procurando outros braços que lhes deem mais atenção estão sempre a procurar outros ombros, outros olhares vivem a vida a usurpar espoliar sem remorsos esquecem a alteridade a empatia também e nessa busca infrene deixam dores lancinantes deixam corações duros com medo de amar alguém deixam mentes revoltadas deixam muitos pelas estradas amargurados, por fim mas hoje vou colorir as folhas que um dia deixaram descoloridas pra mim!
FOLHAS DE OUTONO
Estou a colher as folhas de outono são ocres, são pardas não sei quais seus nomes só sei que em tempo já adrede pensado e bem calculado será primavera... E minha espera das flores em cor botões se abrindo como nosso amor espero que os homens controlem a avareza pois vejo a tristeza em seus rostos pálidos espero que os mesmos controlem a ira eis que qualquer dia serão seus vassalos estou a esperarpor dias mais claros com o sol teimando em iluminar nosso rosto triste por dores acerbas por duras tristezas e feia cobiça não há quem assista aos noticiários com os seus rosários de tristes notícias escândalos, mortes os crimes hediondos parece um estrondo em nossos ouvidos... São os matricídios movidos por filhos que pensam no brilho das moedas que um dia seus pais trabalharam com tanto afinco para lhes deixarem de herança um dia mas a afazia, ganância atroz a pressa feroz não os deixam esperar que os seus pais partam para lhes deixar o ouro que um dia pensaram em juntar como garantia para seu futuro mas qual o futuro de um matricida? senão a prisão nos cárceres do estado mas se escaparem com seus corpos livres não há quem os livre da dura prisão de sua consciência eis que o tribunal consciencial, será seu martírio.


I
Meu coração é teimoso ele sonhou no verão sonhou na primavera no outono... E quando deveria se aquietar no friozinho do inverno, ele sonha mais ainda é o tempo de rever prioridades organizar as gavetas descartar os objetos desnecessários as relações tóxicas murmúrios e ingratidões é tempo de artesania passar horas e horas no mesmo ofício procurando focar no importante nos afetos, nos olhares, nos silêncios cheios de som é o tempo da leitura não apenas dos livros dos periódicos mas acima de tudo, da natureza que sempre esteve ali com suas maravilhosas lições No inverno, meu coração ganha força chora com intensidade alegra-se com a verdade que tentamos esconder para agradar aos demais.
II
Como misturo as estações... a razão de tal mistura, não sei bem talvez por entender que me convém eis que as tais das estações também são minhas. Quando estão na primavera, sou outono Os verões chegam pra tantos, sou inverno uns amigos estão no céu, eu no inferno O paraíso para alguns, meu purgatório Já cansei de reza em vão, Objugartorias.

Vânia de Farias Castro é advogada e poetisa

Dos tios, embora bem mais velho, Manuel era o que me parecia mais do meu tamanho. Não de tope, ele já era bem mais alto, mas de meninice. ...

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Dos tios, embora bem mais velho, Manuel era o que me parecia mais do meu tamanho. Não de tope, ele já era bem mais alto, mas de meninice.

Na manhã em que o achei assim, ele entrou lá em casa no exato instante em que o relógio de parede, o mais rico ornamento da sala, batia suas oito ou nove horas bem batidas. Nem deu tempo a que fechasse a porta de baixo. Ali mesmo, uma mão na porta e a outra no queixo, plantou-se ele transportado a cada enleio que as batidas ressoavam.

Na Ucrânia é inverno, longo, gélido, com ventos fortes e céu encoberto. A noite chega mais cedo e, após um prato quente de Borscht, todos...

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Na Ucrânia é inverno, longo, gélido, com ventos fortes e céu encoberto. A noite chega mais cedo e, após um prato quente de Borscht, todos os habitantes se recolhem. Há uma inquietação no ar, própria das incertezas, mas rezam confiantes. Na capital Kiev, o Anjo da Guarda, Padroeiro da cidade, é lembrado e solicitado como protetor. Alguns ainda acreditam no homem que se considera Deus, e no seu olhar frio e ausente, com a “negação afirmativa”, típica dos psicopatas, com reações inflexíveis às situações, às pessoas e à sociedade.

Embarque no trem numa manhã qualquer e siga... A composição vazia segue tranquilamente serpenteando o caminho feito uma centopeia de pés...

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Embarque no trem numa manhã qualquer e siga... A composição vazia segue tranquilamente serpenteando o caminho feito uma centopeia de pés de ferro. Parte da cidade se abre para os olhos curiosos dentro dos vagões. A maioria dos poucos passageiros espalhados percebe os quadros pincelados com o avanço da composição. Destino Cabedelo, sentido Santa Rita... Tanto faz. Olhe diferente para o trem.

Não tem erro: sopé da Ladeira São Francisco, à direita: Rua Augusto Simões (antigo Beco dos Milagres), nº 59. No muro da casa está incrust...

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Não tem erro: sopé da Ladeira São Francisco, à direita: Rua Augusto Simões (antigo Beco dos Milagres), nº 59. No muro da casa está incrustada uma relíquia da cidade: A Fonte dos Milagres. Talvez os atuais moradores da residência nem saibam o que têm nas mãos.

Pouco depois da hora média que marca momento de oração para os cristãos católicos, percorríamos a calçada da Praça 1817, espremidos por ...

Pouco depois da hora média que marca momento de oração para os cristãos católicos, percorríamos a calçada da Praça 1817, espremidos por transeuntes e carros, seguindo o rastro da memória de caminhantes imputáveis de culpa pelo abandono de casas que do passado carregam a marca do silêncio.

Dona Zefinha é uma idosa que vive num sítio há muitos anos. A casa fica às margens de uma estrada; da janela da sala ela vê o movimento de...

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Dona Zefinha é uma idosa que vive num sítio há muitos anos. A casa fica às margens de uma estrada; da janela da sala ela vê o movimento de veículos e pessoas, de outra, que fica no quarto de dormir, avista boa parte da pequena propriedade. O mato está verde, o plantio cresce viçoso, mas o barreiro ainda não juntou água.

"E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido" (Chico Buarque) Eram amigos desde os ...

"E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido"
(Chico Buarque)

Eram amigos desde os tempos da bola de gude e de empinar pipa nos frios e ventos de julho. Regulavam de idade. Cresceram carne e unha, amigos inseparáveis. Escolheram ambos, profissão de pedreiro e eram respeitados no ofício. Sabiam assentar azulejos e imprimiam qualidade nos serviços, fossem dos mais triviais, como o assentamento de tijolos, aos mais sofisticados a exemplo dos acabamentos que exigissem caprichos e mãos hábeis. Para quem não sabe, assentar azulejo não é para pedreiro meia colher, exige competência no ofício. Uns danados, Tonho e Juca.

Tenha-se em mente estarmos agora numa época em que o típico visual Hippie não fosse ainda familiar para a maioria das pessoas, herdeira...

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Tenha-se em mente estarmos agora numa época em que o típico visual Hippie não fosse ainda familiar para a maioria das pessoas, herdeiras conscientes do linho e do tropical ingleses, daquela indústria que usara e abusara (literalmente) do nosso Algodão Mocó. Em nada a “aparência Hippie”, de Ivo, coincidia com o look “cabeludinho jovem guarda” – uma espécie de janota caipira, começado a infestar a cena diária das cidades brasileiras, pelo recente surgimento da televisão –, e esta era uma das razões pela qual o personagem em questão atraía olhares tão logo saísse às ruas. O visual Ivo “Bitch”, tal como carinhosamente o chamavam os de sua geração, deixava alguns populares intrigados, chegando a neles despertar certa comichão em observá-lo mais de perto.