Embarque no trem numa manhã qualquer e siga... A composição vazia segue tranquilamente serpenteando o caminho feito uma centopeia de pés de ferro. Parte da cidade se abre para os olhos curiosos dentro dos vagões. A maioria dos poucos passageiros espalhados percebe os quadros pincelados com o avanço da composição. Destino Cabedelo, sentido Santa Rita... Tanto faz. Olhe diferente para o trem.
Paredes históricas meio erguidas, meio desmoronando, um pequeno rio atravessa o caminho do trem, o grande rio sinaliza presença por entre o verde ou atrás de casas e segue
Pamela Stevens
Casinhas de várias décadas diversas ladeiam a estrada de ferro. Como diria Caetano Veloso, “as casas tão verde e rosa que vão passando ao nos ver passar, os dois lados da janela”. E as casas seguem em rápidas pinceladas também de azuis, marrons, amarelos, cinzas, borrões perdidos pelo caminho. E carros, gentes, bichos, o mundo passa no sentido contrário à composição. O mundo em dois lados de janelas.
E se o apito não mais existe, trocado por uma buzina, se o balançar já é menor e inexiste a fumaça a soltar pelo caminho quando o trem passa diante dos olhos das muitas marias com histórias diferentes e próximas, persiste a sensação de máquina do tempo. O trem repete um conceito. Não deixa de, moderno, resguardar o charme dos seus antepassados. Cenário para partidas e chegadas, encontros e desencontros.
Albin Berlin